ESCLEROSE MÚLTIPLA

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

 

Tudo sobre Esclerose Múltipla

INFORMAÇÕES SOBRE ESCLEROSE MÚLTIPLA

• O que é esclerose múltipla (EM)
• Quais são as Causas?
• Quem é acometido?
• Quais são os tipos de EM?
• Quais são os sintomas?
• Como se faz o diagnóstico?
• Exames que auxiliam no diagnóstico
• Outras doenças relacionadas à EM
• Outras doenças que podem ser confundidas com EM
• Tratamento
➢ Conceitos gerais
➢ Medicamentos: Modificando o curso da doença
➢ Tratando um surto
➢ Sintomático
➢ Multiprofissional e Reabilitação

SAIBA MAIS SOBRE…

• Fadiga
• Cognição
• Sono
• Depressão
• Ansiedade
• Estresse
• Espasticidade
• Alterações urinárias
• Sexualidade
• Dieta
• Exercícios Físicos
• A importância da Temperatura
• Vacinas
• Anestesia, Cirurgias e Parto
• Cannabis (Maconha Medicinal)
• A importância da adesão ao tratamento

O que é esclerose múltipla (EM)

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica na qual o sistema nervoso central, constituído pelo cérebro, medula espinhal e nervos ópticos, sofre uma agressão anormal do sistema imunológico do corpo. O alvo exato dos ataques do sistema imunológico permanece desconhecido, mas sabe-se que ele destrói as fibras nervosas do sistema nervoso central (SNC) e a substância gordurosa que as envolve e isola, chamada mielina. Os danos à mielina formam cicatrizes, ou escleroses, e dão o nome à doença: “Múltiplas Cicatrizes” ou “Múltiplas Escleroses…

Essas lesões alteram ou interrompem as informações que os neurônios – assim são chamadas as células nervosas- conduzem entre o cérebro e a medula espinhal, o que produz os vários sintomas da doença.
O que desencadeia a EM parece ser uma combinação de fatores genéticos de alguns indivíduos e um ou mais fatores ambientais.

Pessoas com EM geralmente apresentam 4 tipos diferentes de evolução da doença, com grande variabilidade de gravidade do acometimento. Não se pode comparar a doença entre dois pacientes diferentes e mesmo em cada paciente, isoladamente, não é possível prever a evolução e a gravidade da doença.

Quais são as Causas?

A causa da EM ainda é desconhecida. Os pesquisadores do assunto acreditam que há diferentes fatores interagindo juntos. Para tentar descobrir a causa da doença, existem estudos nas áreas de imunologia, epidemiologia, genética e de possíveis agentes infecciosos que possam estar envolvidos.

Fatores imunológicos – Na EM, as fibras nervosas e seu revestimento de mielina são atacadas por uma resposta imunológica anormal. Nos últimos anos, os pesquisadores conseguiram identificar quais são as células imunológicas responsáveis por esse ataque contra o sistema nervoso e os locais dessas células que parecem se atrair pela mielina e, assim, danificá-las.

Fatores ambientais – Como a EM acontece com mais frequência em regiões longe da linha do Equador, epidemiologistas estão realizando pesquisas em geografia, idade, gênero, etnia, genética e padrões de imigração para entende o motivo desse fato.

Como populações próximas ao Equador estão mais expostas à luz solar e apresentam menor ocorrência de EM, acredita-se que a vitamina D desempenha um papel importante na prevenção da doença. Ela é naturalmente produzida no organismo pela exposição ao Sol, e os habitantes dos trópicos a produzem em maior quantidade durante todo o ano. Acredita-se que a vitamina D possa contribuir para prevenir também outras doenças mediadas pelo sistema imunológico, além da EM.

O tabagismo aumenta as chances de se desenvolver EM e de uma progressão acelerada da doença. Em contrapartida, parar de fumar, seja antes ou depois do início da EM, está relacionado a uma progressão mais lenta dos problemas relacionados à EM.

Fatores infecciosos – Como existe uma grande exposição a micróbios durante a infância e como os vírus são conhecidos por destruir a mielina em volta das fibras nervosas, é possível que haja um agente infecioso que desencadeie a EM. Mais de uma dúzia de bactérias e vírus estão sendo investigados, mas ainda nenhum foi comprovadamente identificado como uma das causas da doença.

Fatores genéticos – Alguns pesquisadores sugerem que a EM se desenvolve em pessoas com uma predisposição genética para reagir a algum fator ambiental, e que, após essa exposição ao fator ambiental, os ataques do sistema imunológico ao sistema nervoso se desencadeiam. Entretanto, não se pode dizer que essa seja uma “doença genética”, ou seja, não há um gene que se presente em uma pessoa, essa pessoa terá a doença. Entretanto, ter parentes de primeiro grau que sofram da doença, como primos e irmãos, aumenta as chances de desenvolvê-la. Além disso, populações com altas taxas de EM e famílias com mais de um membro com EM possuem alguns genes em comum, que podem estar ligados à doença.

Quem é acometido?

Estima-se que a EM afeta mais de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. Como ela não é contagiosa nem transmitida por hereditariedade, epidemiologistas identificaram fatores que podem ajudar a explicar a distribuição da doença pelo mundo e até sua causa. Dentre esses fatores estão gênero, genética, idade, geografia e origem étnica.
Estimativas epidemiológicas
Hoje, mais pessoas são diagnosticadas com EM do que no passado, o que não significa que a taxa de incidência da doença esteja aumentando. Os motivos para o aumento do número de diagnósticos podem ser uma maior consciência sobre o quadro, maior acesso a serviços de saúde e melhores técnicas de diagnóstico.
Idade: A maioria dos diagnósticos ocorre entre os 20 e 50 anos, embora também ocorram na infância e na terceira idade.
Geografia: Em geral, a MS é mais comum nas áreas mais distantes do Equador. No entanto, sua taxa de ocorrência pode se diferenciar entre grupos localizados numa mesma área geográfica. Isso indica que há uma interação entre localização geográfica e origem étnica que influencia a prevalência da EM em diferentes partes do mundo.
Gênero: A EM é cerca de duas a três vezes mais comum nas mulheres do que nos homens, sugerindo o papel de alguns hormônios na determinação dos riscos à doença.
Genética: Nos EUA, uma pessoa tem cerca de 0,1% de chance de desenvolver a doença. Para pessoas com parentes de primeiro grau que têm EM, esse risco sobe para 2,5% a 5%. No caso de um gêmeo idêntico com EM, as chances de adquiri-la são de 25%.
Etnia: Pesquisas demonstraram que a EM ocorre em vários grupos étnicos, como afro-americanos, asiáticos e hispânicos, mas a doença é mais comum entre caucasianos do norte da Europa.

Quais são os tipos/formas de EM?

Na EM há quatro formas de evolução diferentes identificadas:

SÍNDROME CLÍNICA ISOLADA (CIS)

Damos o nome de CIS ao primeiro episódio (surto) de sintomas neurológicos sugestivos ou típicos de EM. Os sintomas que marcam esse episódio, que dura no mínimo 24 horas, envolvem inflamações e danos à mielina no sistema nervoso central. Nem toda CIS vai evoluir para um caso de EM e por isso mesmo, há situações de maior e menor probabilidade para isso. A probabilidade de se desenvolver EM é maior quando a CIS é acompanhada por lesões cerebrais semelhantes às que aparecem na doença (quanto maior o número das lesões, maior a probabilidade) e que são visíveis através de ressonância magnética.
Por alguns critérios estabelecidos em 2010, é possível diagnosticar EM após uma CIS quando, na ressonância magnética, mostram-se evidências de lesões cerebrais anteriores e de inflamação em outras regiões do sistema nervoso. O tratamento precoce da CIS mostrou atrasar o aparecimento de novo surto e evolução da doença, motivo pelo qual, nesses casos, já se inicia alguma medicação específica.

ESCLEROSE MÚLTIPLA REMITENTE RECORRENTE (EMRR)

A EMRR é a forma de evolução mais comum da doença e se caracteriza por repetidos ataques (surtos) com novos sintomas neurológicos. Esses ataques, ou recaídas, ou surtos, são seguidos por períodos de recuperação, parcial ou total, chamados de remissões. Durante uma remissão, os sintomas podem desaparecer, ou alguns deles podem persistir e se tornar permanentes. No entanto, durante o período da remissão, parece não haver progressão da doença. A EMRR pode ser caracterizada como ativa, com episódios de sintomas e/ou atividades vistas pela ressonância magnética, ou não ativa. Ela também pode piorar, aumentando lenta e gradualmente a incapacidade do paciente dentro de um período após um surto, ou não piorar. A porcentagem aproximada de pessoas diagnosticadas com EMRR é de 85%.

ESCLEROSE MÚLTIPLA PRIMARIAMENTE PROGRESSIVA (EMPP)

A EMPP é caracterizada por danos a funções neurológicas que, desde o início dos sintomas, progridem de forma lenta e contínua, sem que haja um surto (piora aguda ou subaguda) da doença. Ela pode ser caracterizada como ativa (lesões com atividade inflamatória – captação do contraste – detectadas pela ressonância magnética) ou não ativa. Aproximadamente 15% dos pacientes com EM são diagnosticados com EMPP.

ESCLEROSE MÚLTIPLA SECUNDARIAMENTE PROGRESSIVA (EMSP)

Na EMSP, o paciente inicia sua evolução como uma forma com surtos, ou seja EMRR, e evolui após vários anos ou mesmo décadas de forma progressiva, ou seja, com piora lente e progressiva das suas limitações, mas já sem surtos agudos ou subagudos.

Quais são os sintomas?

Os sintomas que um paciente pode apresentar variam enormemente, tanto quanto aos tipos, quanto como a intensidade, duração, repercussão na função, ou seja, quanto incomodam na vida diária, atrapalhando ou não a qualidade de vida de cada indivíduo. Por isso mesmo, não devem ser comparados entre pacientes diferentes e obviamente não são obrigatórios. Há muitos pacientes completamente bem, sem nenhum sintoma. Os sintomas podem ser: 1) Primários, ou seja, resultado da lesão direta da doença no sistema nervoso central (SNC); 2) Secundários, quando resultam dos sintomas primários e 3) Terciários correspondem aos efeitos acumulados da EM ao longo da vida, que dificultam o contato social, frustram a busca de vocações e geram efeitos psicológicos

Os sintomas primários mais comuns são:

Fadiga: Ocorre em cerca de 80% dos pacientes não tratados. Pode ser o sintoma mais debilitante do paciente
Dificuldades no caminhar (marcha): Está relacionado a outros sintomas, como a fadiga, fraqueza, espasticidade e perda de equilíbrio.
Adormecimento e/ou Formigamento: Estão entre os sintomas mais comuns da doença e acometer qualquer parte do corpo.
Espasticidade: Rigidez (aumento do tônus muscular) e ocorrência de contrações musculares involuntárias nos membros, especialmente nas pernas.
Fraqueza: Também um sintoma muito comumente observado.
Alterações da visão: Em muitos casos, este é o primeiro sintoma da EM, e inclui problemas como visão borrada e dificuldade na percepção de contraste e na visão de cores.
Tonturas ou vertigem: Muitos pacientes com EM podem sentir perda de equilíbrio e a sensação de tontura não rotatória de difícil caracterização, descrita como “cabeça vazia” ou “cabeça leve”. Mais raramente há uma sensação de vertigem, tontura rotatória.
Problemas de bexiga: Cerca de 80% dos pacientes com EM não tratada experimentam disfunções da bexiga.
Problemas sexuais: Diferentes fatores ligados à EM, tais como danos ao sistema nervoso, a espasticidade, a fadiga e as alterações psicológicas podem afetar a vida sexual.
Problemas intestinais: Principalmente a constipação e a perda de controle do intestino.
Dor: Casos de dor aguda no curso da EM podem ocorrer, assim como a sensação de dor crônica, mas esta não é uma doença tipicamente dolorosa.
Alterções cognitivas: Podem ocorrer uma série de alterações nas atividades mentais superiores, tais com velocidade de processamento de informações novas, a concentração e a capacidade de aprender e lembrar novas informações.
Alterações emocionais: Principalmente as alterações do humor e a irritabilidade.
Depressão: Comumente observada
Ansiedade: Também muito comum
Os sintomas primários menos comuns são:
Problemas de fala: Geralmente acontecem mais tarde no curso da doença.
Dificuldade de deglutição: Conhecido pelos especialistas como disfagia.
Tremor: Que pode ser de diferentes tipos.
Convulsões: São raras.
Problemas respiratórios: Pessoas que sofreram enfraquecimento dos músculos do tórax devido à doença estão mais inclinadas a apresentar problemas respiratórios. Também são raros.
Coceira: Raramente.
Dor de cabeça: Apesar de este não ser um sintoma comum na EM, existem estatísticas sobre o aumento da frequência de certos tipos de dor cabeça nos pacientes com EM.
Perda de audição: Raramente

Os Sintomas Secundários são:

• Infecções do trato urinário – devido à disfunção na bexiga.
• Perda de tônus muscular
• Alterações de postura
• Osteoporose (diminuição da densidade óssea)
• Dificuldades respiratória
• Úlceras e feridas de pressão

Como se faz o diagnóstico:

Por enquanto, nenhuma informação isolada confirma o diagnóstico, quer seja um sintoma ou exame. Isso quer dizer que não há um “marcador da doença”. Assim, os neurologistas utilizam critérios estabelecidos em consenso mundial de como fazer o diagnóstico de certeza da doença. Fundamentalmente, os critérios se baseiam na combinação de informações clínicas (quais são os sintomas, como é a forma de evolução, qual é a idade da pessoa, como é o exame físico, por exemplo) com informações obtidas nos exames laboratoriais realizados, especialmente a ressonância magnética (do crânio e das colunas cervical e toráxica), o exame do líquido cefalorraquiano e exames de sangue.

Também fundamentalmente trata-se de um diagnóstico de exclusão, ou seja, precisam ser afastadas as possibilidades de outros diagnósticos que não seja a EM. Por fim, outra condição fundamental é que haja evidências de uma doença com comprometimento tanto em diversas partes do SNC (“Disseminação” no espaço) quanto em diversos momentos diferentes (“Disseminação” no tempo).

Resumindo, para a realização de um diagnóstico de EM, o médico deve:

• Descobrir evidências de danos em pelo menos duas áreas diferentes do sistema nervoso central;
• Descobrir evidências de que esses danos ocorreram com um intervalo de pelo menos um mês entre eles;
• Descobrir evidências que descartam todos os outros diagnósticos (outras doenças) possíveis.

O Painel Internacional sobre o Diagnóstico de EM publicou em 2010 várias orientações para o uso da ressonância magnética, dos potenciais evocados e da análise do líquido cefalorraqueano para acelerar o processo diagnóstico. Embora os exames de sangue não ajudem a identificar a doença (lembre-se que não há um exame único que responda essa dúvida diagnóstica), eles podem descartar outras doenças que provocam sintomas semelhantes, como vasculites, alguns transtornos hereditários e a AIDS, por exemplo.

Exames que auxiliam no diagnóstico

Ressonância magnética (RM):

Devido à grande sensibilidade desse exame em detectar danos à mielina no sistema nervoso central (SNC), ele é uma ferramenta muito importante no diagnóstico da EM. O exame é essencial para: 1) realizar o diagnóstico; 2) diferenciar esse diagnóstico de outras doenças do SNC; 3) avaliar a extensão do comprometimento do SNC em um paciente já diagnosticado; 4) avaliar a ocorrência de lesões subclínicas ou silenciosas (lesões que surgem na RM e que não causam nenhum sintoma, o paciente não sente nenhuma alteração); 5) avaliar se um determinado tratamento está realmente protegendo o paciente quanto ao surgimento de novas lesões; 6) avaliar se há ou não sinais de atividade atual da doença em determinado momento evolutivo; 7) descartar o diagnóstico de EM no caso de não se encontrarem lesões cerebrais ao longo de exames sucessivos.

Mesmo sendo uma ferramenta realmente excelente, o neurologista precisa tomar muito cuidado com as informações que chegam pela RM, já que essas informações precisam ser correlacionadas aos achados clínicos, evolutivos e exame físico. Existem informações valorosas e outras que precisam ser desconsideradas, de acordo com o raciocínio clínico. Além disso, veja algumas considerações que dificultam a análise das informações advindas da RM:

• A partir dos 50 anos de idade, é muito comum que pessoas saudáveis apresentem lesões visíveis na RM do cérebro que não tem nenhum significado clínico, ou seja que não significam doenças, que podem estar relacionadas ao envelhecimento normal. Essas lesões podem ser parecidas com as lesões da EM.
• Em até 5% dos casos definidos de EM podemos não ver as lesões típicas na ressonância magnética à época do diagnóstico
• Outras doenças podem causar lesões muito parecidas com as da EM
• Algumas lesões típicas da EM visíveis na RM podem desaparecer com o tempo
• Lesões de um mesmo paciente com EM e de aspectos idênticos entre si podem significar “coisas” diferentes. Por exemplo, se pudéssemos fazer no mesmo paciente uma biópsia em cada uma dessas lesões idênticas, encontraríamos situações diferentes: lesões com inflamação, lesões onde já não há inflamação e há desmielinização, lesões onde não há nem mesmo mais o tecido normal alí e lesões onde o tecido já está totalmente restabelecido e já houve remielinização, “funciona” normalmente…

Exame do líquor ou líquido cefalorraquiano (LCR)

Esse exame é obtido ao se fazer uma punção lombar com o paciente deitado de lado. O procedimento envolve aplicar uma injeção entre dois ossos na região baixa da espinha, no espaço por onde o líquido cefalorraquiano circula. Daí, são coletadas pequenas amostras do fluido pela seringa.

No líquido cefalorraquiano de pacientes com EM os achados mais relevantes são:

• Níveis elevados de anticorpos “IgG”.
• A presença de um grupo específico de proteínas, chamadas “bandas oligoclonais”.

Estes resultados de exame indicam respostas imunológicas anormais ocorrendo no sistema nervoso, o que significa que o organismo está atacando a si mesmo. Entretanto, veja algumas considerações que dificultam a análise das informações advindas do exame do LCR:

• Este não é um exame específico para EM, pois há outras doenças em que o líquido cefalorraquiano mostra respostas imunológicas anormais;
• Entre 5% e 10% dos pacientes com EM não apresentam irregularidades no líquido cefalorraquiano.

A análise do líquor cefalorraquiano também não é capaz de confirmar ou descartar diagnósticos de EM, como ocorre com todos os exames laboratoriais solicitados pelo médico. As informações devem integrar o total do raciocínio, onde importam o quadro clínico apresentado pelo paciente, sua evolução e histórico, os resultados de exames neurológicos e resultados de outras ferramentas diagnósticas.


Dr. Leandro Calia

Formação Acadêmica

Graduação
➢ Médico formado na Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM) em 1988.

Especialização
Residência Médica nas especialidades:
➢ Clínica Médica - UNIFESP-EPM, em 1989
➢ Neurologia - UNIFESP-EPM, em 1990 e 1991.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

 

Qual a frequência cardíaca normal, alta ou baixa



A frequência cardíaca indica a quantidade de vezes que o coração bate por minuto e o seu valor normal, em adultos, varia entre 60 e 100 batimentos por minuto em repouso. Porém, a frequência considerada normal tende a variar de acordo com alguns fatores, como a idade, o nível de atividade física ou a presença de alguma doença cardíaca.

A frequência cardíaca ideal, em repouso, de acordo com a idade é:


  • Até 2 anos de idade: 120 a 140 bpm,
  • Entre 8 anos até 17 anos: 80 a 100 bpm,
  • Adulto sedentário: 70 a 80 bpm,
  • Adulto que faz atividade física e idosos: 50 a 60 bpm.

O batimento cardíaco é um importante indicador do estado de saúde mas veja outros parâmetros que podem indicar como está sua saúde: Como saber se estou bem de saúde.

Caso queira saber se a frequência cardíaca está normal, insira os dados na nossa calculadora:

Tabelas de frequência cardíaca em adultos

A seguinte tabela mostra a frequência cardíaca normal para homens em repouso:

Idade18-25 anos 26-35 anos36-45 anos46-55 anos56-65 anos+65 anos

Excelente
56-61 55-6157-6258-63 57-6156-61
Boa62-6562-6563-6664-6762-6762-65
Normal70-7371-7471-7572-7672-7570-73
Menos boa74-8175-8176-8277-8376-8174-79
Ruim+82+82+83+84+82+80

Já está tabela, mostra a frequência cardíaca normal para mulheres em repouso:

Idade 18-25 anos26-35 anos36-45 anos46-55 anos56-65 anos+65 anos

Excelente
61-6560-6460-6461-6560-6460-64

Boa
66-6965-6865-6966-6965-6865-68
Normal74-7873-7674-7874-7774-7773-76

Menos boa
79-8477-8279-8478-8378-8377-84
Ruim+85+83+85+84 +84+84

Se a frequência estiver acima dos valores mostrados na tabela, deve-se praticar exercícios regularmente porque isto melhora a capacidade cardíaca e assim o coração consegue bombear a mesma quantidade de sangue, com menos esforço, o que naturalmente diminui a frequência cardíaca em repouso.

Para medir, a frequência cardíaca pode-se colocar o dedo indicador e médio na parte lateral do pescoço, onde se sente os batimentos cardíacos e contar quantas pulsações se percebe durante 1 minuto. O cálculo também pode ser feito contando os batimentos até 15 segundos e multiplicando o resultado por 4. Outra forma mais fidedigna é utilizar um pequeno aparelho chamado frequencímetro que se coloca no dedo, ou usar relógios especiais que medem a FC. Estes produtos podem ser comprados em lojas de produtos médico hospitalares ou de esporte.

O que altera a frequência cardíaca

Os principais fatores que alteram a frequência cardíaca estão citados a seguir:

  • Acima de 100 bpm:

Nem sempre o aumento das batidas do coração é causado por alguma situação preocupante. O coração pode ficar batendo mais forte ou acelerado em situações do dia a dia como:

  • Diante de fortes emoções;
  • Ataque de pânico ou ansiedade;
  • Durante a relação sexual;
  • Quando há febre;
  • Durante a prática de exercícios;
  • Ao fazer algum esforço;
  • Devido ao uso de medicamentos;
  • Quando a pressão está alta, Veja o que fazer se a pressão estiver alta;
  • Devido a ingestão de grandes quantidades de álcool ou cafeína;
  • Quando existe alguma doença cardíaca, como insuficiência cardíaca ou doença cardíaca valvar, assim como de outras doenças como aterosclerose ou hipertensão.

Quando a pressão está alta, acima de 140 x 90 mmHg, há taquicardia e se a pressão continuar subindo, existe risco de infarto. Os sintomas que podem indicar que a pessoa está tendo ou pode ter um infarto incluem dor no peito ou no braço, sensação de má digestão, tontura e suor frio. Neste caso deve-se ir ao pronto-socorro ou chamar uma ambulância.



Se a pessoa apresentar esse aumento da frequência cardíaca mais de 3 vezes por semana, mesmo quando encontra-se em repouso, sem fazer nenhum esforço, e sem nenhuma das situações acima, deve ir ao cardiologista para fazer exames ao coração, identificar a causa e iniciar o tratamento, se necessário.

  • Abaixo de 60 bpm:

O batimento cardíaco inferior a 60 batimentos por minuto, pode ocorrer devido ao envelhecimento ou ser apenas um efeito colateral de certos medicamentos para o coração, por exemplo. Porém, a FC baixa também pode indicar problemas cardíacos como bloqueio cardíaco ou disfunção do nódulo sinusal, principalmente se for acompanhada de tonturas, cansaço ou falta de ar. Assim, se o batimento cardíaco estiver fraco, deve-se consultar um cardiologista para fazer exames ao coração, identificar a causa e iniciar o tratamento, se necessário.

Qual a frequência cardíaca normal, alta ou baixa

Como diminuir a frequência cardíaca

Se a frequência cardíaca estiver muito alta, e surgir a sensação de coração acelerado, o que se pode fazer para tentar normalizar as batidas no coração é:

  • Ficar em pé e agachar um pouco apoiando as mãos nas pernas e tossir com força 5 vezes seguidas;
  • Respirar fundo e soltar o ar lentamente pela boca, como se estivesse apagando suavemente uma vela;
  • Fazer uma contagem decrescente, de 20 até zero, tentando se acalmar.

Dessa forma o batimento cardíaco deverá diminuir um pouco, mas se notar que essa taquicardia, como é chamada, acontece de forma frequente, é necessário ir o médico para verificar o que pode estar causando esse aumento e se é preciso fazer algum tratamento.


Mas quando a pessoa mede sua frequência cardíaca em repouso e acha que podia estar mais baixa, a melhor forma de normalizar é fazendo atividade física regularmente. Podem ser caminhadas, corrida, aulas de hidroginástica ou qualquer outra atividade que leve ao condicionamento físico. 

Qual a frequência cardíaca máxima para treinar

A frequência cardíaca máxima varia conforme a idade e o tipo de atividade que a pessoa faz diariamente, mas pode ser verificada realizando o seguinte cálculo matemático: 220 menos a idade (para homens) e 226 menos a idade (para mulheres).

Um adulto jovem pode ter um batimento máximo de 90 e um atleta pode ter uma frequência cardíaca máxima de 55, e isto também está relacionado ao condicionamento físico. O importante é saber que a frequência cardíaca máxima de uma pessoa, pode ser diferente de outra e isto pode não representar nenhum problema de saúde, mas sim, condicionamento físico.

Para emagrecer e, ao mesmo tempo, queimar gordura deve treinar numa faixa de 60-75% da frequência cardíaca máxima, que varia de acordo com o sexo e a idade. Veja qual a sua frequência cardíaca ideal para queimar gordura e emagrecer.

INFORMAÇÃO DO AUTOR
Drª. Ana Luiza Lima
Drª. Ana Luiza Lima
CARDIOLOGISTA

Médica Cardiologista, formada pela Universidade Federal de Pernambuco, em 2008 com registro profissional nº CRM/PE – 16886. 

 



Dor no meio das costas: 7 possíveis causas e o que faze





A dor no meio das costas surge na região entre a parte inferior do pescoço e o início das costelas e, por isso, geralmente está relacionada com problemas na coluna torácica, que são 12 vértebras que ficam nessa localização. Assim, os problemas mais comuns associados a esta dor são má postura, hérnia de disco, osteoartrite ou até pequenas fraturas.

No entanto, em alguns casos, este tipo de dor também pode acontecer quando existe alguma alteração em um órgão que fica nessa região, como o pulmão ou o estômago, por exemplo.





Assim, o melhor é sempre consultar um clínico geral para identificar qual a verdadeira causa da dor e indicar o melhor especialista para fazer o tratamento mais adequado.

Dor no meio das costas: 7 possíveis causas e o que fazer

1. Má postura

A má postura ao longo do dia é uma das principais causas de dor em vários locais das costas, especialmente quando se passa muito tempo sentado com as costas dobradas. Isso acontece porque a coluna fica sujeita a uma pressão constante, o que acaba sobrecarregando os músculos e ligamentos das costas, resultando na sensação de dor constante.

O que fazer: o melhor é sempre manter uma postura correta durante todo o dia, mas essa dica é ainda mais importante para quem trabalha com as costas constantemente dobradas. Veja 7 hábitos que prejudicam a postura e ainda alguns exercícios que ajudam a fortalecer as costas para aliviar este tipo de dor.

2. Lesão muscular ou contratura

Junto com a má postura, as lesões musculares e as contraturas são outra das principais causas de dor no meio das costas. Este tipo de lesões é mais frequente em pessoas que fazem treinos com pesos muito pesados, mas também pode acontecer em casa, quando se tenta pegar num objeto muito pesado, utilizando apenas as costas.



O que fazer: deve-se manter repouso e para aliviar a dor pode-se aplicar uma bolsa de água quente para relaxar os músculos afetados. Além disso, fazer uma massagem no local também ajuda a reduzir a inflamação e melhorar o desconforto. Confira outras dicas para tratar uma contratura muscular.

3. Hérnia de disco

A hérnia de disco acontece quando o disco que fica entre as vértebras sofre alguma alteração, causando dor constante que piora ao movimentar as costas. Além disso, pode ainda acontecer formigamento ou sensação de queimação nas costas em algum dos braços ou pernas, já que pode irradia para outros locais do corpo.

A hérnia normalmente surge como uma consequência da má postura ao longo de muito tempo, mas também pode se desenvolver por pegar em objetos muito pesados sem proteger as costas. Conheça todas as causas de hérnia de disco e seus sintomas.

O que fazer: se existir suspeita de hérnia de disco deve-se consultar um ortopedista para avaliar a alteração que aconteceu no disco entre as vértebras e iniciar o tratamento mais adequado, que pode incluir desde o uso de remédios analgésicos e anti-inflamatórios, até cirurgia.

4. Osteoartrite

Embora seja mais raro, a osteoartrite também pode ser uma importante causa de dor no meio das costas, pois esta doença causa a degradação gradual das cartilagens que ficam entre as vértebras. Quando isso acontece, os ossos acabam raspando um no outro, causando o surgimento de dor, que vai piorando ao longo do tempo.

O que fazer: deve-se ir no ortopedista para confirmar o diagnóstico e, caso seja necessário, iniciar o tratamento com sessões de fisioterapia. Caso esse tipo de tratamento não seja suficiente para aliviar a dor, o médico pode considerar a realização de cirurgia. Saiba mais sobre como é feita a fisioterapia para osteoartrite.

Dor no meio das costas: 7 possíveis causas e o que fazer

5. Pequenas fraturas na coluna

Com o avanço da idade, os ossos vão ficando mais frágeis e, por isso, é comum que surjam pequenas fraturas nas vértebras da coluna, especialmente após algum tipo de acidente, quedas ou pancada nas costas. A dor que surge com a fratura pode ser muito intensa e surgir logo após o trauma, mas também pode ir surgindo aos poucos.

Além da dor, uma pequena fratura na coluna também pode causar formigamento em outros locais do corpo, como braços, mãos ou pernas, por exemplo.


O que fazer: embora a maioria das fratura seja muito pequena, podem acabar se desenvolvendo se não existir tratamento adequado. Por isso, se existir suspeita de uma fratura, deve-se marcar uma consulta no ortopedista. Até à consulta o ideal é evitar fazer muito esforço com as costas. Veja quais as opções de tratamento mais usadas no caso de uma fratura na coluna.

6. Problemas no pulmão

Algumas vezes, a dor nas costas pode não estar diretamente relacionada com a coluna ou com os músculos das costas, podendo surgir quando existem problemas no pulmão, como  especialmente quando a dor aparece ou fica mais intensa ao respirar. Nestes casos, podem ainda surgir outros sintomas associados à respiração como falta de ar ou tosse persistente.

O que fazer: se a dor nas costas estiver associada a outros sinais de problemas no pulmão deve-se consultar um clínico geral ou um pneumologista para identificar se existe alguma alteração ou infecção no pulmão que precise ser tratada.

7. Problemas no estômago

Semelhante ao pulmão, quando o estômago é afetado por alguma alteração, como refluxo ou úlcera, por exemplo, a dor pode irradiar para o meio das costas. No entanto, nesta situação, as pessoas também costumam apresentar sensação de queimação na garganta, dificuldade para fazer a digestão e, até, vômitos.

O que fazer: quando se suspeita de que a dor nas costas pode ser sinal de um problema no estômago deve-se ir ao gastroenterologista. Até à consulta, o mais importante é manter uma alimentação saudável, com poucas frituras, gordura ou açúcar, assim como usar chás digestivos, por exemplo. Confira algumas formas naturais para aliviar a dor de estômago, enquanto espera pela consulta.

Quando ir ao médico

Na maior parte dos casos, a dor no meio das costas não é um sinal de um problema grave. No entanto, como essa dor também pode estar associada a situações de urgência como o infarto, é aconselhado ir ao hospital se surgirem outros sintomas como:

  • Sensação de aperto no peito;
  • Desmaio;
  • Dificuldade intensa para respirar;
  • Dificuldade para caminhar.

Além disso, se a dor também demorar mais de 1 semana para desaparecer deve-se ir ao clínico geral ou ortopedista, para identificar a causa e iniciar o tratamento mais adequado.

INFORMAÇÃO DO AUTOR
Marcelle Pinheiro
Marcelle Pinheiro
FISIOTERAPEUTA

Formada em Fisioterapia pela UNESA em 2006 com registro profissional no CREFITO- 2 nº. 170751