Um passo de cada vez
Oi queridos, tudo bem com vocês?
Eu tô bem mas tô mal, entende? Heheheheh. Pois então, no geral assim, da vida, eu tô bem: nunca estive tão feliz, nunca tive tantas boas oportunidades, nunca me achei tão bonita, nunca me achei tão capaz... enfim, tô bem.
Mas tô mal porque, de repente, vem a EM pra me mostrar que ela tá ali e que eu tenho que utilizar minha capacidade de adaptação mais uma vez.
Pela RM eu não tô em surto, nem tem lesão nova nem nada. Os formigamentos na ponta do nariz que me fazem sentir a Jeannie (do Jeannie é um gênio, lembram?) não me incomodam tanto. Afinal, com o início do frio, tá todo mundo coçando o nariz por aqui mesmo.
Mas há algum tempo eu não tenho me acertado com meus sapatos. Até começar o frio eu estava num figurino Havaianas diariamente (eu tenho aquelas Havaianas que ficam presas no pé e facilitam porque não caem). Aí, quando meu pé resvalava e eu pisava fora do chinelo, culpava o chinelo, é claro, essas porcarias de chinelo de borracha.
Pois bem, o verão acabou, tirei o pó das minhas sapatilhas, sapatinhos e tênis de passeio (porque os de caminhada eu usei o verão todo) e comecei a usá-los. Todos começaram a fazer bolha e machucar. Um eu culpei porque era meio novo ou outro porque já era meio duro, mas quando meu All Star, que tem 10 anos de uso, que o couro tá maciozaço me fez bolha, aí eu estranhei.
Ainda assim, não quis olhar pros meus passos. Mas essa semana foi meio punk e me forçou a ver que o problema não eram os sapatos, mas os meus pés. Ou melhor, minha doença neurológica que me faz perder o equilíbrio, a Esclerose Múltipla.
Percebi isso quando quase caí usando meu Usaflex (que é lindo e não parece sapato de velha), porque meu pé parecia deslizar dentro do sapato. Cheguei em casa e não quis fazer muito alarde, porque a mãe podia ficar muito preocupada (vocês sabem, as mães sofrem dobrado). Mas tive que chamar a fisioterapeuta pra avaliar minha marcha. E como minha fisioterapeuta é a minha mãe, não teve jeito, abri a boca pra falar que tava caminhando mal e mal abri a boca, comecei a chorar. Falar de coisa séria com mãe dá nisso. Não que eu precise de muito pra chorar. Mas eu sei que, se eu não tô pisando direitinho é porque alguma coisa não tá funcionando bem na minha cabeça. E sei que é preciso muita fisioterapia pra voltar ao normal. E tenho noção de que tem coisas que podem não voltar. E porque eu tava achando bom caminhar como uma anônima na rua e não a mocinha de bengala.
Eu não tenho vergonha de andar de bengala. Acho até muito charmosa a minha Rosinha (sim, ela tem nome e eu tenho apego emocional por ela). Mas também estava achando muito bom não ter olhares curiosos, descrentes e piedosos sobre a minha pessoa. Não adianta, as pessoas olham pra gente com olhar de piedade. Mas, paciência, porque melhor isso do que me espatifar no chão.
Bom mesmo é ter alguém do teu lado pra caminhar e servir de apoio quando necessário. Até porque caminhar com alguém é mais agradável, dá pra conversar, comentar o que se vê na rua. Mas também é muito bom ter a independência de sair de casa a hora que bem entender, e nisso, a bengala é uma parceirona.
Eu já chorei meus dois minutos de "ai ai... mudar de novo..." ontem. Hoje já me sinto mais pronta preparada pra batalha. Acho que meu emocional precisa de algumas horas pra processar essas informações.
Ah, a avaliação da fisioterapeuta é que eu estou com problemas de equilíbrio de ordem neurológica que podem ser corrigidos. Resumindo: tô pisando errado e andando tão reta como um bêbado. Amanhã recomeçam meus antigos conhecidos exercícios pra equilíbrio. Um passo de cada vez. E pra sair na rua, só de tênis ou sapato bem amarradinho. E antes que me perguntem pelo salto alto, eu usei muito pouco salto na vida. Lá pelos meus 19 anos, quando eu tive um período de bom equilíbrio físico (e pouquíssimo equilíbrio mental, diga-se de passagem) eu usei alguma coisa de salto. Mas achei duma bobagem incrível usar sapatos desconfortáveis. Sempre fui adepta do conforto e o salto alto e bico fino não se enquadram na minha categoria de conforto. Depois, a EM não me deixou andar nem com saltinhozinho. E como hoje em dia o que não falta é opção de sapato baixo e bonito... nunca me fez falta.
Sei que isso tudo não é desculpa pra comprar sapato, mas vou ter que comprar um tênis mais socialzinho pra substituir minhas queridas sapatilhas por algum tempo. Difícil vai ser escolher.
Amanhã eu vejo isso. Amanhã eu também conto da festinha que eu fui hoje de tarde. Vocês também vão se divertir com ela.
Mas antes de me despedir, quero compartilhar com vocês uma frase que eu adoro, de uma poeta que gosto muito e que uma amiga aqui do blog, a Raquel Rodrigues, me fez lembrar via facebook (obrigada!)
Eu tô bem mas tô mal, entende? Heheheheh. Pois então, no geral assim, da vida, eu tô bem: nunca estive tão feliz, nunca tive tantas boas oportunidades, nunca me achei tão bonita, nunca me achei tão capaz... enfim, tô bem.
Mas tô mal porque, de repente, vem a EM pra me mostrar que ela tá ali e que eu tenho que utilizar minha capacidade de adaptação mais uma vez.
Pela RM eu não tô em surto, nem tem lesão nova nem nada. Os formigamentos na ponta do nariz que me fazem sentir a Jeannie (do Jeannie é um gênio, lembram?) não me incomodam tanto. Afinal, com o início do frio, tá todo mundo coçando o nariz por aqui mesmo.
Mas há algum tempo eu não tenho me acertado com meus sapatos. Até começar o frio eu estava num figurino Havaianas diariamente (eu tenho aquelas Havaianas que ficam presas no pé e facilitam porque não caem). Aí, quando meu pé resvalava e eu pisava fora do chinelo, culpava o chinelo, é claro, essas porcarias de chinelo de borracha.
Pois bem, o verão acabou, tirei o pó das minhas sapatilhas, sapatinhos e tênis de passeio (porque os de caminhada eu usei o verão todo) e comecei a usá-los. Todos começaram a fazer bolha e machucar. Um eu culpei porque era meio novo ou outro porque já era meio duro, mas quando meu All Star, que tem 10 anos de uso, que o couro tá maciozaço me fez bolha, aí eu estranhei.
Ainda assim, não quis olhar pros meus passos. Mas essa semana foi meio punk e me forçou a ver que o problema não eram os sapatos, mas os meus pés. Ou melhor, minha doença neurológica que me faz perder o equilíbrio, a Esclerose Múltipla.
Percebi isso quando quase caí usando meu Usaflex (que é lindo e não parece sapato de velha), porque meu pé parecia deslizar dentro do sapato. Cheguei em casa e não quis fazer muito alarde, porque a mãe podia ficar muito preocupada (vocês sabem, as mães sofrem dobrado). Mas tive que chamar a fisioterapeuta pra avaliar minha marcha. E como minha fisioterapeuta é a minha mãe, não teve jeito, abri a boca pra falar que tava caminhando mal e mal abri a boca, comecei a chorar. Falar de coisa séria com mãe dá nisso. Não que eu precise de muito pra chorar. Mas eu sei que, se eu não tô pisando direitinho é porque alguma coisa não tá funcionando bem na minha cabeça. E sei que é preciso muita fisioterapia pra voltar ao normal. E tenho noção de que tem coisas que podem não voltar. E porque eu tava achando bom caminhar como uma anônima na rua e não a mocinha de bengala.
Eu não tenho vergonha de andar de bengala. Acho até muito charmosa a minha Rosinha (sim, ela tem nome e eu tenho apego emocional por ela). Mas também estava achando muito bom não ter olhares curiosos, descrentes e piedosos sobre a minha pessoa. Não adianta, as pessoas olham pra gente com olhar de piedade. Mas, paciência, porque melhor isso do que me espatifar no chão.
Bom mesmo é ter alguém do teu lado pra caminhar e servir de apoio quando necessário. Até porque caminhar com alguém é mais agradável, dá pra conversar, comentar o que se vê na rua. Mas também é muito bom ter a independência de sair de casa a hora que bem entender, e nisso, a bengala é uma parceirona.
Eu já chorei meus dois minutos de "ai ai... mudar de novo..." ontem. Hoje já me sinto mais pronta preparada pra batalha. Acho que meu emocional precisa de algumas horas pra processar essas informações.
Ah, a avaliação da fisioterapeuta é que eu estou com problemas de equilíbrio de ordem neurológica que podem ser corrigidos. Resumindo: tô pisando errado e andando tão reta como um bêbado. Amanhã recomeçam meus antigos conhecidos exercícios pra equilíbrio. Um passo de cada vez. E pra sair na rua, só de tênis ou sapato bem amarradinho. E antes que me perguntem pelo salto alto, eu usei muito pouco salto na vida. Lá pelos meus 19 anos, quando eu tive um período de bom equilíbrio físico (e pouquíssimo equilíbrio mental, diga-se de passagem) eu usei alguma coisa de salto. Mas achei duma bobagem incrível usar sapatos desconfortáveis. Sempre fui adepta do conforto e o salto alto e bico fino não se enquadram na minha categoria de conforto. Depois, a EM não me deixou andar nem com saltinhozinho. E como hoje em dia o que não falta é opção de sapato baixo e bonito... nunca me fez falta.
Sei que isso tudo não é desculpa pra comprar sapato, mas vou ter que comprar um tênis mais socialzinho pra substituir minhas queridas sapatilhas por algum tempo. Difícil vai ser escolher.
Amanhã eu vejo isso. Amanhã eu também conto da festinha que eu fui hoje de tarde. Vocês também vão se divertir com ela.
Mas antes de me despedir, quero compartilhar com vocês uma frase que eu adoro, de uma poeta que gosto muito e que uma amiga aqui do blog, a Raquel Rodrigues, me fez lembrar via facebook (obrigada!)
Afinal, esta postagem foi sua ou da Bruna? Ah, a propósito, gostei muito do seus textos sobre a Novartis, o pastor que faz milagres e o seu texto:
ResponderExcluir"Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade. E desde aquele dia já não durmo para descansar... Simplesmente durmo para sonhar."