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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Controle de açúcar ameniza lesão na medula

Posted: 09 Dec 2014 06:12 AM PST
Açúcar em excesso no sangue, o composto dificulta a recuperação de danos neurológicos. Especialistas do Japão defendem que, ao mantê-lo em níveis normais, é possível alcançar uma melhora motora expressiva


Mais um motivo para diminuir o consumo de açúcar: o composto pode piorar a recuperação no caso de lesão na medula espinhal, condição capaz de debilitar uma pessoa permanentemente. Em experimento com ratos, pesquisadores da Universidade de Kyushu, no Japão, identificaram a hiperglicemia aguda — níveis elevados de açúcar no sangue — como um fator de risco independente no processo de recuperação em decorrência desse tipo de lesão. As descobertas foram relatadas hoje na revista científica Science Translational Medicine e sugerem que o controle glicêmico ajudaria médicos a evitar a deterioração neurológica adicional em humanos.

Kazu Kobayakawa e a equipe liderada por ele perceberam, em camundongos hiperglicêmicos, que as células imunes chamadas microglias se tornaram superativadas após o trauma na medula. Isso resultou na exacerbação da resposta inflamatória e em resultados patológicos e funcionais pobres. A microglia está envolvida na regeneração dos neurônios e, consequente, na recuperação de lesões. Quando a glicose estava mais alta nas cobaias, essas células hiperestimuladas trouxeram um efeito ruim para a regeneração.

Ao mesmo tempo, ao tratar esses animais com a insulina, a manipulação de concentrações de glicose no sangue resgatou os resultados funcionais, deixando de comprometer a recuperação. Um segundo estudo retrospectivo a partir da análise de dados clínicos de 528 pacientes com lesão medular revelou correlação entre os níveis de glicose no sangue e a melhora na atividade motora. O fenômeno foi percebido até mesmo em pacientes diabéticos — problema metabólico caracterizado pela hiperglicemia. “Os nossos resultados sugerem que a presença de hiperglicemia pode ser um prognóstico ruim para a lesão medular humana aguda e indicam que o controle glicêmico rígido pode melhorar os resultados”, conclui Kobayakawa.

Segundo o endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês Antonio Roberto Chacra, a hiperglicemia é prejudicial em todas as circunstâncias. Alguns hospitais, inclusive, trabalham com o protocolo de hiperglicemia hospitalar. Nele, o nível glicêmico de pacientes precisa ser monitorado constantemente e controlado rigorosamente com o uso de insulina caso ultrapasse o índice normal. “Agora, vemos também a necessidade em pacientes com lesão na medula, mas, naqueles em Unidade de Tratamento Intensivo, com doenças coronarianas e em estado crítico, isso já é feito em alguns hospitais”, observa. Chacra ressalta que clinicamente é fácil observar o avanço da melhora quando há esse controle.

Relação inédita

Para o endocrinologista, o mais interessante de observar esses resultados em pacientes com a medula lesionada é a possibilidade de surgimento de um fator que pode estimular a recuperação de vítimas de danos neurológicos que podem levar à paralisia dos membros. “A medula faz parte do sistema nervoso, dela saem todos os nervos que permitem os movimentos das pernas, dos braços e de tudo mais. É muito bom pensar que, ao manipular melhor a quantidade de glicose no sangue, o resultado das sequelas são menores ou, pelo menos, não tão ruins se não fossem tratadas.”

Chacra explica que o manejo correto dos níveis de açúcar no sangue podem diminuir o potencial inflamatório do paciente e a infecção e a morte dentro do hospital. “Ainda não sabemos qual é o princípio molecular de tudo isso, mas imaginamos que, diante da gravidade de uma lesão de medula para os indivíduos que ficaram paraplégicos ou tetraplégicos, qualquer melhora, mesmo pequena, sempre vai ajudar.”

Presidente regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) do Distrito Federal, Monalisa Azevedo reforça que ainda não era conhecida a relação entre os níveis de glicose alterados e a recuperação de lesão medular. “Eles demonstraram em estudos com animais os mecanismos para isso, com um respaldo maior para a pesquisa, mas o que foi feito com humanos é apenas uma associação retrospectiva”, pondera. A médica ressalta que, por ser um estudo inicial, os dados precisam ser confirmados em humanos de forma mais específica.

Complicação transitória

Azevedo explica que, normalmente, uma pessoa diabética que sofre um corte, seja de cirurgia, seja de lesão, tem uma cicatrização ruim. “A imunidade, a resposta inflamatória e a vascularização são mais complicadas quando a glicose é alta. Até a enervação fica prejudicada”, detalha. Sob essas condições, uma cirurgia torna-se um procedimento bem mais delicado. No entanto, não são somente esses pacientes que sofrem com o problema. A hiperglicemia transitória também pode levar a essas complicações durante o processo de recuperação.


“Quando falamos em glicemia alta, pensamos em diabetes, mas ela pode subir e a pessoa não ter essa doença. Mas, sabendo dessa informação, dosar a glicose nesse momento pode ser útil”, diz a médica. Uma situação de estresse para o organismo pode levar à alteração transitória. Estima-se que entre 10% e 15% das pessoas internadas apresentam quadro de hiperglicemia hospitalar, sendo mais da metade das ocorrências em diabéticos que desconheciam essa condição antes de chegar e ficar no hospital.


Alguns fatores podem desencadear a hiperglicemia transitória, como a tensão da internação. Isso porque a adrenalina e o cortisol — os hormônios do estresse — diminuem a ação da insulina, que promove a entrada da glicose nas células. Se a produção estiver comprometida, haverá redução de ingresso desse hormônio nas células e, consequentemente, aumento das taxas de açúcar no sangue.


Rastreamento na admissão


A detecção precoce da hiperglicemia hospitalar é a forma mais efetiva de prevenir as complicações a ela associadas, como o prolongamento do tempo de internação e o aumento da segurança em futuros procedimentos médicos. Por isso, vem ganhando força a conduta de realização do exame que mede a glicemia em todos os recém-internados. Independentemente da causa, o paciente com hiperglicemia hospitalar deve, na maioria das vezes, receber insulina pelo menos enquanto estiver internado.


Defesa neural


É a célula humana mais pequena. Tem corpo celular alongado, com muitos prolongamentos curtos e extremamente ramificados. Faz a vigilância ativa da medula espinhal, constituindo as estruturas imunes residentes do sistema nervoso central. Diante de antígenos ou partículas estranhas, cuja presença a célula consegue reconhecer devido à expressão de proteínas na membrana citoplasmática, ela procede à fagocitose (englobamento e digestão de partículas sólidas e micro-organismos) deles. Posteriormente, apresenta essas proteínas a outras células de defesa.



Posted: 09 Dec 2014 06:11 AM PST
Já é possível avaliar pelo celular a existência de rampas para cadeirantes, menus em braile, banheiros adaptados e piso tátil.

Ministério do Turismo lançou na última quarta-feira (3), Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a versão portátil do Guia Turismo Acessível. A ferramenta leva a celulares e tablets um banco de dados com 530 mil estabelecimentos, que podem ser acessados e avaliados de qualquer lugar com acesso à internet.

O lançamento ocorreu durante evento alusivo à data, promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (SDH) e realizado no auditório da instituição. Estiveram presentes o ministro do Turismo, Vinicius Lages, a ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SDH), Ideli Salvatti, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, e ainda o secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio José Ferreira, da SDH. Além do lançamento do aplicativo foram lançados também o vídeo Modos de CER, do Ministério da Saúde, que fala do Centro Especializado em Reabilitação, e o Livro do Viver sem Limites, da SDH, com os resultados de quatro anos de gestão do Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

“O aplicativo está ao alcance das mãos e, por esta razão, poderá ser usado durante a experiência turística, em tempo real”, disse o ministro do Turismo, Vinicius Lages. “A facilidade e o acesso gratuito ao aplicativo tendem, ainda, a multiplicar o número de avaliações nos próximos meses”, afirmou. De acordo com Lages, há, no país, 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, “e é de direito possibilitar a essas pessoas políticas e ações que promovam uma experiência turística positiva para elas, para todos os brasileiros de uma maneira igual”, destacou.

O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, avaliou que o Plano Viver Sem Limites “marcou uma mudança e fez o governo federal saltar vários degraus em matéria de política de inclusão social”. Já a ministra Ideli Salvatti lembrou que, com o aumento da expectativa de vida da população, “teremos que lutar cada vez mais para criar oportunidades para que as pessoas vivam sem limites”.

O site Guia de Turismo Acessível foi lançado em junho e já teve 329 mil acessos, 1.096 usuários cadastrados e 177 avaliações. As funções do aplicativo são exatamente as mesmas do portal: o usuário se cadastra e pode consultar os estabelecimentos de interesse e avaliar aqueles que já visitou.

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