Piranhas é destaque nacional na Folha de São Paulo
O município de Piranhas, calizado no Sertão de Alagoas, ganhou novo destaque nacional, nesta quarta-feira (26), após a divulgação de uma matéria turística realizada pela Folha de São Paulo, uma das mais conceituadas do país.
Essa projeção, é claro, aumentou o interesse por suas ruas charmosas, suas casas coloridas e seu povo acolhedor.
Principal destino de água doce do Nordeste, Piranhas vem se afirmando como uma alternativa ao disputado litoral da região. "É um lugar que passou a ficar muito na mídia com as novelas, mas também com a circulação de influencers, como Carlinhos Maia, que visita a cidade com frequência", observa o guia turístico Rafael Machado, que fundou a Lampião Tour em 2017
A grande estrela do município é, sem dúvida, o rio São Francisco, e os passeios navegáveis ofertados são os mais antigos e mais procurados.
É possível percorrer os cânions do São Francisco de lancha ou catamarã até o ponto apropriado para banhos, um local de águas profundas com estrutura de segurança e rede de proteção. Em média, o passeio de lancha custa R$ 160 por pessoa e o de catamarã, R$ 135.
Um dos principais organizadores dessa excursão é a agência Castanho, que também funciona como pousada e restaurante. No entanto, existe a possibilidade de realizá-la junto aos barqueiros locais ou agências menores, como a própria Lampião Tour.
Rafaela Vasconcellos, jornalista do Instituto Federal de Pernambuco, fez esse programa em 2017 e em 2020. "O São Francisco é um rio cheio de magia. As duas vezes que eu fiz o passeio dos cânions, vendo aqueles paredões desde a parte de baixo, naquele rio tão majestoso, a minha sensação é de que eu estava em um dos umbigos da Terra. Tem uma força diferente ali", comenta.
Tão marcante quanto estar dentro do rio, entre os cânions, é a experiência de ver o pôr do sol desde a sua parte superior, com uma vista ampla da grandeza das águas e da beleza da paisagem. Nesse caso, o acesso ao mirante ocorre pelo município vizinho, chamado Olho d’Água do Casado, e custa R$ 20 por pessoa.
"O pôr do sol foi uma surpresa maravilhosa. A primeira vez que eu fui a Piranhas, não tive essa experiência. Depois que conheci, comentei com muitas pessoas que não sabiam desse passeio. Ele é pouco falado e é uma joia rara, porque você vê tudo de outra perspectiva, outra dimensão. Me lembrou muitos lugares que eu já fui, como o deserto do Atacama e algumas montanhas que visitei na região andina da Bolívia", relembra Rafaela.
A Rota do Cangaço, que leva até a Grota de Angico, é outro destaque. Um passeio que sai do cais de Piranhas e cruza o São Francisco em direção ao município de Poço Redondo, em Sergipe, já que esta é uma área de fronteira entre esse estado e o de Alagoas.
O tempo de navegação dura cerca de 30 minutos, e, em seguida, os grupos de visitantes têm acesso ao local que serviu de esconderijo a Lampião e seus seguidores. O trajeto é uma reprodução do que foi realizado pela tropa que encurralou e assassinou o bando de cangaceiros mais conhecido do país.
A parte final do passeio é justamente a Grota de Angico, área rebaixada do relevo onde se deu o massacre, na qual se chega após uma pequena trilha. Toda a experiência é conduzida por guias vestidos de cangaceiros que contam curiosidades do episódio histórico ocorrido em 28 de julho de 1938.
1938.
Durante muito tempo, Piranhas ficou conhecida sobretudo por esses dois passeios, mas o interesse da região não se resume aos encantos do seu rio. Um feriado prolongado permite uma troca mais marcante com o lugar, por isso o Carnaval é uma bela oportunidade.
Carla Ferraz, funcionária pública recifense, frequenta a cidade há dez anos. Ela também a escolheu como morada no período da pandemia, e, em 2020, começou a alugar casas por temporada. Na sua percepção, só agora os turistas começam a entender que o destino merece mais que um fim de semana.
"Inicialmente o turismo era muito ‘bate e volta’, só para ver os cânions, e depois passou a ficar mais longo. Os outros passeios, que estão entrando no circuito agora, são de agências menores, que estão começando na região. Precisa um tempinho para que as pessoas comecem a entender que Piranhas vai além do rio", avalia.
Na opinião de Carla, um fator que dificulta o maior trânsito de visitantes é a questão da mobilidade até Piranhas. "Não é fácil chegar sem carro. Piranhas não tem rodoviária, então não se chega diretamente de ônibus. Eu não considero um destino simples para um mochileiro, porque você não consegue deslocar de uma capital para cá de forma barata."
A cidade está a 199 km de Aracaju (SE), 284 km de Maceió (AL) e 424 km de Recife (PE).
De transporte público, a única opção é pegar um ônibus até a rodoviária de Delmiro Gouveia e seguir de van até a parte nova de Piranhas. Se o desejo for se hospedar no sítio histórico, ainda é necessário se locomover de mototáxi até lá.
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do que o texto afirmava, Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938,e não 27 de julho de 1938. A data foi corrigida.
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