ESCLEROSE MÚLTIPLA

segunda-feira, 10 de outubro de 2022



QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE NEUROMIELITE ÓPTICA E ESCLEROSE MÚLTIPLA?



No passado, a neuromielite óptica (NMO) foi considerada um tipo mais grave de esclerose múltipla. Ela chegou a ser chamada, especialmente no Japão, de esclerose múltipla óptico-espinhal, pelo acometimento característico dos nervos ópticos e da medula espinhal.

De acordo com a Dra. Aline M. B. Matos, neurologista do Hospital Santa Paula, depois da descoberta do anticorpo antiaquaporina 4 por pesquisadores americanos no início dos anos 2000, foi possível compreender que essas doenças eram diferentes e que, de fato, a NMO não é uma doença desmielinizante, como a esclerose múltipla, mas, sim, uma doença causada pela destruição da proteína aquaporina 4.

Essa proteína é uma das principais responsáveis pelo transporte de água no cérebro e está localizada em maior quantidade nas células do cérebro chamadas de astrócitos. Logo, hoje, a NMO é classificada como uma astrocitopatia, ou seja, uma doença dos astrócitos, e não uma doença desmielinizante.


O que é neuromielite óptica?

Segundo a Dra. Aline M. B. Matos, “a neuromielite óptica é uma doença autoimune inflamatória. Por motivos ainda desconhecidos, alguns pacientes passam a produzir anticorpos (proteínas de defesa) anômalos que atacam a proteína aquaporina 4, o que causa lesões e inflamação tanto nos astrócitos como nas células adjacentes”.

Os locais preferencialmente atingidos pela ação dos anticorpos são os nervos ópticos e a medula espinhal, mas também pode haver outras lesões cerebrais, que levam ao surgimento de perda da visão ou borramento visual, perda de força ou sensibilidade no tronco, nos braços e nas pernas, incontinência urinária, perda de equilíbrio e, mais raramente, soluços que não se resolvem.
Quais as principais diferenças entre neuromielite óptica e esclerose múltipla?

A neuromielite óptica e a esclerose múltipla podem acometer os nervos ópticos, o cérebro e a medula espinhal, afinal, são doenças do sistema nervoso central (SNC). A diferença está no modo como ambas afetam o SNC.

A médica explica que as pistas para o diagnóstico estão na avaliação dos exames complementares. Nas ressonâncias magnéticas, por exemplo, o formato, a localização e a quantidade de lesões ao longo do tempo são diferentes. No liquor (líquido que banha o SNC) também existem diferenças nos padrões de alteração celular e na presença/ausência de bandas oligoclonais. E, no sangue, encontramos o anticorpo antiaquaporina 4 somente na NMO.

Por isso, ao surgimento de sintomas é fundamental marcar uma consulta com um neurologista para a avaliação correta do quadro de saúde.

Saiba quais são os principais sintomas das condições a seguir.
Quais os sintomas em comum entre as doenças?



A neuromielite óptica apresenta sintomas similares aos da esclerose múltipla que podem variar em intensidade. Conheça os principais sinais dessas doenças:visão dupla;
borramento visual;
perda visual;
fraqueza nos membros;
perda de sensibilidade no tronco e/ou nos membros;
perda de coordenação motora;
andar cambaleante;
soluços que não cessam;
sinal de Lhermitte (sensação de choque ao fletir o pescoço);
disfunção vesical (perda involuntária de urina).
Como é feito o diagnóstico das doenças?

O diagnóstico é elaborado depois da escuta da história clínica do paciente, da realização de exame neurológico detalhado e da análise de exames complementares – ressonâncias magnéticas, exames de sangue e exame de liquor.
Qual o tratamento da neuromielite óptica?

O tratamento da NMO é dividido em duas fases – tratamento da fase aguda ou tratamento do surto e tratamento da fase crônica ou tratamento de manutenção.

Para o tratamento da fase aguda/surto, utilizamos corticoides endovenosos e, algumas vezes, plasmaférese. Na plasmaférese, realizamos a filtração de parte do sangue do paciente para a remoção de anticorpos.

Para o tratamento da fase crônica/manutenção, temos o objetivo de evitar novos surtos e, para isso, utilizamos medicações imunossupressoras, que podem ser endovenosas ou orais, a depender de cada caso.
Qual a diferença entre a evolução das doenças?

Tanto a NMO quanto a esclerose múltipla podem mostrar-se clinicamente por meio de surtos. Na NMO, consideramos, até o momento, que não haveria o surgimento de lesões silenciosas e que a progressão não está presente. Na esclerose múltipla, vemos de modo diferente. Pode haver uma progressão silenciosa e o surgimento de lesões assintomáticas do SNC. “Além disso, o tratamento costuma ser distinto para as duas patologias, inclusive alguns medicamentos utilizados para a esclerose múltipla podem piorar o curso clínico da NMO”, reforça a especialista.






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