Silas Malafaia: o caçador de pastores
Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo investiu R$ 4 milhões em curso para formar e capacitar líderes
- O pastor Silas Malafia em ação no curso em Águas de Lindoia (Foto: Mario Rodrigues )
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11.jan.2013 por João Batista Jr.
Ele promete bancar cursos universitários para seus pastores em Harvard, já paga faculdade no Brasil para alguns deles e está em uma cruzada para formar mão de obra evangélica.
Em dezembro passado, Silas Malafaia investiu R$ 4 milhões para realizar a quarta edição da Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo (Eslavec). Trata-se de um curso para formar e capacitar pastores, para quem ele paga salários de até R$ 22.000.
Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que em 2012 recebeu R$ 40 milhões em ofertas, Malafaia tem hoje 120 templos no país e quer chegar a 1.000 unidades em até 10 anos. Leia a entrevista:
Quanto o senhor paga para seus pastores?
Pago entre R$ 4.000 e R$ 22.000 reais, e dou a casa, o colégio dos filhos, tudo. O camarada não precisa se preocupar se a criança se adaptou na escola, se vai encontrar uma casa para morar. Ajudo com tudo para o pastor se dedicar a igreja, focar no trabalho que precisa ser feito.
O senhor dá uma parcela do dízimo arrecadado como parte do pagamento de seus pastores?
Não. A Universal chegou a fazer isso no passado, mas agora não faz mais. Quando eu mando para uma cidade longe, eu banco gasolina, carro, casa, tudo e dou boa remuneração. Eu não dou mole para ninguém, não tem desculpa para não dar certo.
O senhor tem programas de TV em diversos canais, usa Rolex de ouro e fez implantes de cabelo. Beleza é um ponto valorizado na hora de contratar um pastor?
Não tenho esse tipo de preocupação. O cara pode ser feio, mas precisa ter dignidade. Aquela coisa “Eu sou pobre, mas sou limpinho”, sabe? O pastor é um exemplo, tem de estar bem alinhado e penteado. Não escolho pastor pela cara que ele tem.
Faltam pastores no Brasil?
Na verdade, pastores não faltam. Mas falta qualificação. A Bíblia é o melhor manual de comportamento do mundo, se o camarada não souber aplicar teologicamente um conselho para uma pessoa, a coisa complica. Para atender as demandas do mundo moderno, o cara precisa estar preparado. O pastor é, em potencial, um psicólogo. Ele precisa lidar com a vida das pessoas, saber o que dizer, o que aconselhar. Isso não se aprende de uma hora para outra.
É preciso ser casado para ser pastor?
Olha, na minha igreja só tem casados. Como dar conselhos e contar experiências se não passou por aquilo? Ser casado e ter filhos são condições importantes, quem fala o contrário está mentindo. Tem muita patrulha em cima disso, mas a Bíblia é clara que o pastor deve antes pastorear sua família. É profético.
Evangélico sofre preconceito?
A igreja evangélica é um extrato da sociedade. A maioria das pessoas que vai lá ganha cinco salários mínimos, como o resto do Brasil. Não tem essa coisa de ser lugar de gente não esclarecida. O mesmo público que vai ao restaurante vai à igreja. Os crentes são como todos os brasileiros.
O senhor bancou R$ 4 milhões para fazer o curso da Eslavec. Não pediu ofertas para cobrir esse investimento?
Antes de o curso começar, algums parceiros tinham dado R$ 1,3 milhão, mas daí pedi aos alunos ofertas também. No ano que vem, esse curso será realizado em Fortaleza e terá capacidade para 15.000 pessoas. Vai ser muito forte.
Quais são os gastos com esse curso?
Vários, como trazer preletores importantes. Eu trouxe o T. D. Jakes, um bispo importante dos Estados Unidos. Ele discursou no funeral da Whitney Houston e é conselheiro do Barack Obama. O cara pede US$ 300.000 por palestra, mas para mim ele fez por US$ 60.000 porque estava com vontade de conhecer o Brasil. Os palestrantes brasileiros receberam ofertas de R$ 20.000.
A sua igreja arrecadou R$ 40 milhões em 2012. Onde o senhor aplica esse dinheiro?
O dinheiro é investido em templos, na qualificação de pastores e em obras sociais. Tenho 120 igrejas hoje e quero chegar a 1.000 nos próximos dez anos.
Há um valor mínimo para dar ofertas para sua igreja?
Claro que não. Cada um dá quando pode e quanto quiser. Eu tenho empresário que me dá R$ 300.000 por mês. Há um ministro do Supremo Tribunal de Justiça que me manda por mês R$ 300,00, R$ 500,00. Outra coisa: 20% das ofertas que recebo não são de evangélicos, mas de pessoas que se identificam com minhas obras sociais e com minha conduta. É muito forte.
O senhor tem medo de um pastor deixar sua equipe para fundar uma igreja própria e, com o tempo, ela ficar maior do que a sua?
Se um cara me disser que quer voar, beleza. É impossível segurar uma águia. Mas um nunca vi um cara dar rasteira e conseguir sobreviver.