sexta-feira, 27 de março de 2015

Portador de ELA, médico alagoano é expulso de avião em SP

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Portador de ELA, médico alagoano é expulso de avião em SP

Dr. Hemerson Casado iria embarcar para Roma quando foi retirado do avião por portar equipamento respiratório

26/03/2015 21h26
Gilson Monteiro
Dr. Hemerson Casado ia embarcar para Roma quando foi retirado do avião por portar equipamento respiratório (Crédito: Reprodução Facebook)
Dr. Hemerson Casado ia embarcar para Roma quando foi retirado do avião por portar equipamento respiratório (Crédito: Reprodução Facebook)
Portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa, o médico alagoano Dr. Hemerson Casado Gama foi impedido de embarcar em um voo para Roma, pela companhia Alitalia, por volta das 19h desta quinta-feira, 26, no aeroporto de Guarulhos, São Paulo.
Em um desabafo em seu perfil no Facebook, Dr. Hemerson conta que já estava acomodado em sua poltrona quando foi abordado pelos comissários de bordo, segundo os quais era proibido portar na aeronave o equipamento respiratório usado por ele em trajetos de longa distância. Ele iria para a Itália para buscar tratamento, com passagens financiadas pelo governo do Estado. 
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"Hoje fomos de forma arbitrária, parcial e ignorante expulsos do voo da Alitalia para Roma. Em meio ao desespero de perder o voo, que posteriormente segue para Israel, tentávamos em vão explicar aos supervisores de terra Adriana e Luige que, por sua vez, tentavam justificar o fato de que permitimos uma empresa falida, com as aeronaves ultrapassadas e com índice de demissão alto refletindo na insatisfação, que causa o mal atendimento", lamentou.
A proibição pegou o médico de surpresa, considerando que ele já havia feito diversas viagens internacionais em outras companhias com o mesmo equipamento. Ele havia chegado ao aeroporto por volta das 9h da manhã, e aguardou pelo voo, agendado para as 19h. 
O médico afirma ainda que irá reclamar judicialmente dos transtornos.
Uma das maiores autoridades em ELA do país, Dr. Hemerson é um incentivador de pesquisas sobre a doença, já tendo publicado artigos sobre o tema aqui no Portal TNH1.
Fui tratado como excepcionais no século passado
Ainda em seu desabafo, o médico afirma que os representantes da Alitalia teriam afirmado que "pacientes com ELA não viajam em sua aeronave".
"De tudo que ocorreu de errado algo me causou um profundo desespero: o fato de que eles disseram que pacientes com ELA não viajam em sua aeronave. Nenhum dos dois supervisores teve a coragem de olhar no meu rosto e falar comigo. Uma atitude de completo desrespeito a vida humana, um total desconhecimento do que a ELA significa. Não sabem que o nosso cérebro permanece lúcido. Fui tratado como se tratava os excepcionais no século passado, com desprezo e nojo. Parecia que aqueles italianos herdaram do seu aliado, o alemão Adolf Hitler, a vontade de exterminar os especiais. Perdi minha fé e minha razão".
Proibido de viajar, ele procurou a Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC que, segundo Dr. Hemerson, se reservou a ouvir o supervisor da companhia aérea. 
TNH1 ainda não conseguiu ouvir a direção da Alitália. O único telefone disponível no portal da companhia na internet informa que o atendimento acontece até as 19h.
Leia o desabafo do médico na íntegra:
MÉDICO COM ELA É PROIBIDO DE VIAJAR E É EXPULSO DE AVIÃO 
O que é ser um cidadão Brasileiro?
Claro que sei o que é um conjunto de éticas, morais, culturais e legais. Isto vale para todo o indivíduo e para toda nação sem exceção, inclusive, para qualquer estrangeiro que queira morar ou trabalhar no Brasil. Mas onde estão escritas estas regras? Quem as define? Quem as cobre? Quem as aplica?
Inúmeras coisas nas relações humanas de várias naturezas são compreendidas e usadas de forma natural, porém, algumas que são novas, desconhecidas ou que fogem a regra e precisam ser amplamente exigidas e divulgadas, se não recorrermos ao velho truque das letras microscópicas das promoções de comerciais. 
Todos sabem que amo a Itália, tenho sangue Italiano na veia, casei com uma italiana e tenho uma família Italiana enorme. Todos sabem que sofro de uma doença sem cura, mas que vem permitindo que eu mantenha alguma estabilidade clínica que me permite realizar várias coisas como viajar, por exemplo.
O Governo do Estado me presenteou com três passagens, permitindo que eu tivesse a chance de buscar um tratamento fora do país. Por garantia, sempre levo minha cadeira de rodas, meus remédios, cuidador, minha esposa e um aparelho anti-ronco, que é usado costumeiramente por milhões de pessoas. Nós já viajamos por grandes companhias que compreendem perfeitamente o uso desta máquina. Ninguém pergunta se você vai levar seu celular, ipod, ipad, barbeador elétrico, leptop, secador de cabelo, tudo que funciona em uma corrente baixa . Todas as companhias que possuem aeronaves modernas disponibilizam tomadas abaixo de seus bancos. Hoje fomos de forma arbitraria parcial e ignorante expulsos do vôo da Alitalia para Roma. Em meio ao desespero de perder o vôo, que posteriormente segue para Israel, tentávamos em vão explicar aos supervisores de terra Adriana e Luige que, por sua vez, tentavam justificar o fato de que permitimos uma empresa falida, com as aeronaves ultrapassadas e com índice de demissão alto refletindo na insatisfação, que causa o mal atendimento. Não teve jeito, fomos expulsos.
O que aconteceu posteriormente foi uma completa falta de socorro, não tinhamos a quem recorrer. Procuramos a ANAC, que se reservou a ouvir o supervisor da Alitalia, sem que nos desse a mínima chance de uma apelação, entretanto, de tudo que ocorreu de errado algo me causou um profundo desespero: O fato de que eles disseram que pacientes com ELA não viajam em sua aeronave. Nenhum dos dois supervisores teve a coragem de olhar no meu rosto e falar comigo. Uma atitude de completo desrespeito a vida humana, um total desconhecimento do que a ELA significa. Não sabem que o nosso cérebro permanece lúcido. Fui tratado como se tratava os excepcionais no século passado, com desprezo e nojo. Parecia que aqueles italianos herdaram do seu aliado, o alemão Adolf Hitler, a vontade de exterminar os especiais.
Perdi minha fé e minha razão. Gritei como louco e esperneei como animal que fora mal tratado. Jurei a eles que se eu não conseguisse o meu tratamento eu morreria, mas como justiceiro sanguinário o levaria comigo. Jamais na minha vida imaginei ser tratado daquela forma. Vou lutar com todas as minhas forças para que a justiça seja feita e que esta empresa aprenda respeitar os pacientes especiais ou então para continuarmos a nos comportarmos como bons e honestos cidadãos precisaremos andar constantemente com o manual.