segunda-feira, 22 de maio de 2017

Esclerose múltipla: fármaco aprovado nos Estados Unidos oferece nova perspectiva


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 Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina. Foto: Freepik

Esclerose múltipla: fármaco aprovado nos Estados Unidos oferece nova perspectiva

Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina. Foto: FreepikNova droga aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), a agência americana de saúde, promete melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a esclerose múltipla. Conhecida como ocrelizumabe, a substância serve para tratar duas formas da doença: a remitente-recorrente e a primária progressiva. Para o segundo caso, esse é o primeiro medicamento a obter resultados positivos.“Ou seja, é uma medicação que vai tratar um grupo de pacientes que até então não tinha nenhum tratamento aprovado. Representa uma opção terapêutica de alta potência para controle de surtos da doença e eficaz no controle da progressão”, explica o neurologista Douglas Sato, que também é Superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro (InsCer).No Brasil, explica o neurologista, existe a expectativa de que a medicação seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as duas formas da doença. Atualmente, existem nove fármacos aprovados pelo órgão regulador para tratamento da esclerose múltipla, quatro deles disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).A professora aposentada Fabiana Dal Ri Barbosa sabe como esses avanços podem fazer a diferença. Desde 2007 diagnosticada com esclerose múltipla do tipo remitente-recorrente, hoje faz seu tratamento com o primeiro medicamento via oral disponível, o fingolimode, depois de sete anos de injeções diárias.

Entenda a esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença neurológica e degenerativa de causas desconhecidas, em que o sistema imunológico da própria pessoa ataca a bainha de mielina, um envoltório de proteínas que protege os prolongamentos nervosos (chamados de axônios), localizados no cérebro e na medula espinhal.Um dos desafios é o diagnóstico, que pode ser difícil nos estágios iniciais. No caso de Fabiana, os sintomas começaram em 2006, mas a definição do quadro só foi fechada em 2007, após acordar com a visão turva no olho esquerdo. Embora essa seja uma doença de diagnóstico clínico, o uso de exames de imagem e laboratório pode ser fundamental para identificá-la em sua fase inicial e reduzir os riscos de incapacidade permanente.“As principais mudanças que ocorreram depois da esclerose múltipla foram o tempo e a disposição para realizar qualquer tipo de atividade. Hoje sou muito mais lenta para tomar um banho e, dependendo da disposição naquele momento, não consigo nem lavar o cabelo”, relata ainda. Por conta das alterações trazidas pela doença, a carga horária de trabalho de 40 horas se tornou pesada demais e a professora precisou se aposentar de maneira precoce. Para ela, um dos grandes desafios é aprender não apenas a conviver com as limitações, mas também a respeitá-las.Mesmo que as causas exatas da esclerose ainda sejam desconhecidas, fatores genéticos (como histórico familiar) e ambientais (baixa exposição solar e tabagismo) têm sido apontados como facilitadores para o desenvolvimento da doença. A característica mais evidente, ressalta Sato, é a ocor­rência do surto, que pode ter particularidades de acordo com a localização das lesões inflamatórias. Ele se expressa clinicamente através de sintomas como alterações motoras, sensitivas, na fala e na visão, além de vertigem e mesmo urgência ou incontinência fecal.“No mundo, estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas sejam afetadas, sendo em torno de 30 mil no Brasil. A esclerose múltipla é mais frequente em regiões com alta latitude e com população predominantemente caucasiana”, alerta o neurologista. Para aqueles que descobriram recentemente a doença, a dica de Fabiana é ter ao seu lado um médico que passe segurança e que seja, sobretudo, um parceiro de luta. É ele que vai ajudar a pensar as opções de tratamento e dar suporte para todas as dúvidas que podem vir com o diagnóstico.Próximos artigosEm assembleia, trabalhadores do GHC definem data de paralisaçãoSIMERS e GHC têm reunião sobre acordo coletivo


sexta-feira, 19 de maio de 2017

PERDA TEMPORÁRIA DA VISÃO E DOR OCULAR PODEM SER SINAIS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA, AFIRMA ESPECIALISTA



Estima-se que 75% das mulheres e 35% dos homens irão desenvolver a esclerose múltipla depois de um episódio de neurite ótica

– Os primeiros sintomas da neurite ótica, inflamação que danifica o nervo ótico, podem aparecer repentinamente. A perda temporária da visão e a dor nos olhos são os principais sintomas, que podem vir acompanhados pela dificuldade em enxergar cores e ter a sensação de ver flashes ou luzes piscando. O campo de visão também é afetado.
A neuroftalmologista Dra. Marcela Barreira, especialista no diagnóstico e no tratamento da neurite ótica, explica que a causa exata da neurite ótica permanece desconhecida. “Acredita-se que a doença se desenvolve quando o sistema imunológico, erroneamente, começa a atacar a substância que reveste o nervo ótico, chamada de mielina, resultando em inflamação do nervo e em degeneração da mielina”.

“Normalmente, a mielina ajuda os impulsos elétricos a passarem rapidamente do olho para o cérebro, convertendo-os em informações visuais. A neurite ótica interrompe esse processo, afetando a visão. Por isso, o primeiro sintoma da neurite ótica é a perda temporária da visão e dor, principalmente quando se movimenta os olhos. Vale lembrar que a neurite costuma afetar apenas um olho” explica Dra. Marcela.

Embora a maioria das pessoas que apresenta um episódio de neurite ótica, eventualmente recupera a visão, a condição pode ser um dos primeiros sinais da Esclerose Múltipla (EM), doença que causa a inflamação e degeneração dos nervos do cérebro e da coluna vertebral. “Sinais e sintomas da neurite ótica podem ser a primeira indicação da EM ou podem ocorrer durante o curso da doença. Mas, a neurite ótica também pode se desenvolver devido a outras doenças, como infecções e doenças autoimunes, como o lúpus”, diz Dra. Marcela.

De acordo com estudos internacionais, a incidência anual da neurite ótica é de 4 a 5 casos em um grupo de 100 mil pessoas. A doença afeta duas vezes mais mulheres que homens e é mais comum em pessoas caucasianas. Atinge, principalmente, pessoas entre 20 e 45 anos. Após um episódio de neurite ótica, algumas pessoas podem apresentar diminuição da acuidade visual, assim como podem enfrentar dificuldades para enxergar cores, brilho e nitidez.

O médico responsável por fazer o diagnóstico da neurite ótica é o neuroftalmologista. Além do exame clínico, são solicitados exames laboratoriais e de imagem para confirmar a suspeita. O tratamento pode variar de paciente para paciente, mas em geral é feito com corticoides, medicamentos que ajudam a conter a inflamação. É importante dizer que quando o paciente apresenta outra doença sistêmica, como a esclerose múltipla, é preciso tratá-la também.

Fonte: O Nortão

Peixe brasileiro tem molécula com ação potencial contra esclerose múltipla

peixe brasileiro com molécula contra esclerose múltipla

Quando se pensa em um peixe venenoso é comum lembrar da imagem de um baiacu inflado como um balão. No baiacu – designação popular de diversos peixes da ordem dos Tetraodontiformes –, o veneno está na carne. Comer a carne não tratada para a retirada da toxina pode levar à morte.

O baiacu é venenoso, mas não é peçonhento: não tem presas nem espinhos para injetar toxina em suas vítimas e, desse modo, imobilizá-las. O niquim (Thalassophryne nattereri), habitante de águas rasas, tem tudo isso.

O niquim vive na zona de transição entre as águas salgada e doce, escondido no fundo lodoso de rios e lagoas costeiras. Na maré vazante o peixe cor de areia sobrevive enterrado, podendo viver fora d’água por até 18 horas. Quem caminha pela areia rasa no litoral do Norte e Nordeste, estendendo-se até a costa do Espírito Santo, pode inadvertidamente ser picado pelo niquim. Todos os anos há relatos de 50 a 100 acidentes no litoral brasileiro. O número real deve ser maior, pois não há notificação obrigatória e nem tratamento por enquanto.

Em 2008, um grupo de pesquisadores do Laboratório Especial de Toxinologia do Instituto Butantan, em São Paulo, desenvolveu um soro efetivo contra a picada do niquim. Agora, a mesma equipe, liderada pelas imunofarmacologistas Mônica Lopes-Ferreira e Carla Lima, descobriu que as fêmeas do niquim, embora menores, têm toxina mais poderosa que a dos machos.

Os resultados da pesquisa, desenvolvida no âmbito do Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela Fapesp, foi publicado na revista Toxicon.

Em outro estudo, o grupo de pesquisadores já havia observado na peçonha do niquim um peptídeo (composto de aminoácidos) que mostrou ter ação contra a esclerose múltipla – doença inflamatória autoimune neurológica na qual o sistema imunológico afeta a bainha de mielina que recobre os neurônios, responsável pela condução nervosa.

“Identificamos um peptídio com atividade anti-inflamatória comprovada nos casos de esclerose múltipla. Em camundongos, o peptídeo bloqueia o trânsito e a infiltração de linfócitos patogênicos e macrófagos para o sistema nervoso central, o que favorece o aumento de células reguladoras. Isso resulta na atenuação da neuroinflamação e na prevenção da desmielinização, refletindo no adiamento do aparecimento dos sintomas e na melhoria dos sinais clínicos da doença”, explicou Lima.

O peptídeo, denominado TnP (peptídeo do T. nattereri), foi descoberto em 2007, quando Lopes-Ferreira resolveu pesquisar se o veneno era composto por peptídeos além de proteínas. Simultaneamente, Lima havia padronizado no laboratório testes em murinos (roedores) para avaliação de esclerose múltipla. As duas resolveram testar a eficácia do peptídeo no tratamento da doença.

“Inicialmente, descobrimos a função anti-inflamatória do peptídeo e, mais recentemente, a função imunomoduladora”, disse Lopes-Ferreira. Segundo ela, todos os ensaios científicos para a comprovação da eficácia do peptídeo no tratamento da esclerose múltipla foram feitos no laboratório de toxinologia do Butantan, em parceria com o laboratório Cristália, de Itapira (SP).

As próximas etapas rumo a um medicamento necessitam da continuação da parceria com o laboratório ou com outro que tenha interesse na descoberta e na sua aplicação. Mas os pesquisadores ainda aguardam a aprovação do pedido de patente solicitada ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Depositamos, em 2007, o pedido da patente que ainda está pendente de aprovacão. Nesse meio tempo, a patente já foi requerida e aprovada na Comunidade Europeia, nos Estados Unidos, Canadá, México, Japão, Coreia do Sul, Índia e China. Em média, cada processo levou um ano para ser aprovado”, disse Lima.

Fêmeas são mais venenosas
O niquim possui quatro espinhos ligados a uma glândula produtora de toxina poderosa. A maioria dos acidentes com o peixe em humanos ocorre na região palmar e plantar. O veneno provoca dor, edema e necrose de difícil cicatrização, acarretando em perda de função.

“Há relatos de pessoas que choram de dor. O pé ferido quase duplica de tamanho e a dor e o edema podem levar até dois meses para desaparecer”, disse Carla Lima. Esses sintomas são provocados principalmente por proteases encontradas no veneno, chamadas de natterinas.

Segundo Mônica Lopes-Ferreira, inicialmente as natterinas impedem o recrutamento celular – todo processo inflamatório aciona um mecanismo de recrutamento e ativação de células fagocitárias responsáveis pelo controle inicial do agente causador do problema. As proteases do veneno do niquim impedem essa reação natural do organismo.

Além disso, as natterinas provocam estase venular – paralisação do fluxo de sangue pelos vasos – e agem na matriz extracelular, afetando o metabolismo e as trocas e interações entre as células.

Agora se sabe que as fêmeas da espécie são mais venenosas. Os machos da espécie têm em média 22 centímetros de comprimento e 200 gramas. Já as fêmeas são bem menores: 18 centímetros e 120 gramas. No entanto, a concentração de toxina no veneno das fêmeas é diferente, e muito mais necrosante.

Ou seja, os sintomas da picada da fêmea são mais severos e mais prolongados. Mas não fatais. “A glândula que produz o veneno não o faz na quantidade suficiente para ser fatal a um ser humano. Para tanto, a quantidade de toxina teria que ser 20 vezes maior”, disse Lima.

Não existe tratamento farmacológico disponível para uso público contra o veneno do niquim. A composição do veneno dos peixes é muito diferente daqueles das cobras e dos escorpiões. “O veneno do niquim não pertence à família das toxinas clássicas e, portanto, a dor provocada por ele não pode ser tratada com nenhum analgésico clássico”, disse Lima.

Como uma das especialidades do Butantan é a fabricação de soro antiofídico, em 2008 a equipe do Laboratório Especial de Toxinologia extraiu o veneno do niquim e inoculou em cavalos para a produção de anticorpos com os quais foi feito um soro. Em camundongos, o soro antiveneno de T. nattereri produzido em equinos se mostrou eficaz na neutralização da necrose e da dor e parcialmente do edema.

“O fato de inibir a necrose já é muito importante, uma vez que a necrose é um dos maiores transtornos do acidente”, disse Lopes-Ferreira. O soro contra o veneno do niquim ainda não está sendo produzido, aguardando o interesse do Ministério da Saúde em sua produção industrial.

O artigo Analysis of the intersexual variation in Thalassophryne maculosa fish venoms (doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.toxicon.2016.02.022), de Mônica Lopes-Ferreira, Ines Sosa-Rosales, Fernanda M. Bruni, Anderson D. Ramos, Fernanda Calheta Vieira Portaro, Katia Conceição e Carla Lima, pode ser adquirido neste link.

*Texto publicado originalmente em 04/10/2016 no site da Agência Fapesp de Notícias

quinta-feira, 18 de maio de 2017

COMO ENFRENTAR A DOENÇA DE CROHN E A RECOLITE ULCERATIVA.


As doenças inflamatórias intestinais são cada vez mais comuns e não afetam apenas o aparelho digestivo. Saiba como evitar e tratar esses problemas...

As doenças inflamatórias intestinais — nome que reúne a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa —, estão em ascensão entre adultos jovens.

“Elas têm aumentado nos últimos dez anos e acredita-se que isso não seja apenas fruto do maior número de diagnósticos”, afirma gastroenterologista brasileira Dídia Cury.

Já foram identificados diversos genes ligados a elas, mas é provável que o estilo de vida favoreça sua erupção e as crises.

Apesar de ainda não conhecermos os mecanismos exatos, o estresse, o tabagismo e a dieta desbalanceada podem influenciar os sintomas e a gravidade do quadro.

As estimativas mostram que essas enfermidades são muito mais comuns no Ocidente — e, ao que tudo indica, os hábitos deste lado do globo pesam a favor de novos casos.

Além disso, corre a hipótese de que a adoção demedidas de higiene e de extermínio de micro-organismos (desinfetantes e por aí vai) repercuta negativamente no corpo de pessoas com propensão a tais doenças.


Sem vírus e bactérias para enfrentar, o sistema imune delas passa a descontar na flora intestinal. E aí nasce o incêndio. “Estamos diante de problemas complexos, com diversas manifestações, e que precisam ser acompanhados porque comprometem a qualidade de vida”, alerta Dídia.

Como já adiantamos, um intestino em chamas representa ameaça a outros cantos do corpo.

“Tanto a doença de Crohn quanto a retocolite podem ocasionar manifestações fora desse órgão”, afirma a cirurgiã do aparelho digestivo Angelita Habr-Gama, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista. E, por incrível que pareça, às vezes um sinal na periferia aparece antes mesmo do rebuliço dentro da barriga.

“Há pessoas com dores nas articulações motivadas pelo problema que só apresentam mais tarde os sintomas no intestino”, conta Dídia Cury. Essa situação nos permite imaginar a dificuldade em fazer o diagnóstico precoce.

As doenças inflamatórias não poupam os olhos, o fígado nem os rins. Até cálculo renal elas patrocinam!

“Nessas condições, há muita perda de líquido por causa das diarreias e um aumento na absorção de oxalato, substância que, na urina, pode se transformar em cristal”, explica o nefrologista Nestor Schor, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.

O estado nutricional também é abatido.

Dependendo da região do intestino afetada, temos um prejuízo na absorção de vitaminas e outros nutrientes. São razões de sobra para procurar um especialista se houver suspeita de um dos males.

O diagnóstico

“Para fecharmos o diagnóstico, recorremos a exames de imagem, de sangue e métodos como a colonoscopia”, informa Dídia. Detectado o martírio, a ciência dispõe de meios cada vez mais eficazes para controlá-lo.

É difícil falar na cura dessas doenças, mas estamos aprendendo melhor o papel da flora intestinal e como suas alterações repercutem no processo inflamatório.

Aliado ao tratamento e ao acompanhamento médico, o estilo de vida pode intensificar o socorro ao intestino — daí a recomendação de seguir um cardápio equilibrado, praticar atividade física, aliviar o estresse e não fumar. “Se o problema está controlado, o indivíduo pode levar uma vida normal”, diz Angelita.

Tratamentos à disposição

Há um extenso arsenal terapêutico contra as doenças inflamatórias intestinais. “Mas a resposta ao tratamento varia muito entre os pacientes”, já adianta Angelita Gama.

A primeira frente de batalha é composta de drogas como as mesalazinas e os corticoides. Quando elas não funcionam, entram em cena os medicamentos imunossupressores.

Se esses deixam a desejar, a solução é recrutar a terapia biológica. “São injeções que anulam uma substância inflamatória em alta no organismo e, assim, domam a inflamação exacerbada no intestino”, explica Dídia Cury.

“Essas drogas mudam, de fato, o curso da doença.”

Mas e se todos os fármacos falharem? “Nesse caso, a solução se encontra em cirurgias que podem ressecar ou remover a área acometida pelo problema”, afirma Angelita.

FONTE:http://saude.abril.com.br/medicina/como-enfrentar-a-doenca-de-crohn-e-a-retocolite-ulcerativa/

quarta-feira, 17 de maio de 2017

14 FORMAS DE TRATAR A ESCLEROSE MÚLTIPLA


1. Gerencie seus sintomas
Não há ainda uma cura para a esclerose múltipla (EM), mas muitos remédios protegem de mais danos do sistema nervoso e retardam o avanço de sua doença. Eles podem diminuir o número de surtos e ajudá-lo a aliviar a fraqueza, dor, fadiga e outros problemas. Combine essas drogas com estratégias de estilo de vida como exercício e alívio do estresse para se sentir melhor e gerenciar sua condição.

2. Medicamentos modificadores da doença
Se você tem EMRR (remitente-recorrente / surto-remissão), essas drogas podem retardar os danos nos nervos e ajudar a prevenir novas crises de sintomas. Elas modificam o sistema imunológico - defesa do seu corpo - para que ele não ataca o revestimento protetor (mielina) em torno de seus nervos. Veja mais sobre elas aqui.


3. Corticosteróides para gerir recidivas
Eles lutam contratempos e ajudam a controlar os sintomas como dormência, formigamento, fraqueza e equilíbrio. Na pulsoterapia você recebe uma dose alta de um medicamento como metilprednisolona (Solu-Medrol) através de uma veia uma vez por dia durante 3 a 5 dias. Depois, seu médico pode prescrever outro esteróide, como a prednisona (Deltasone), que você toma por via oral.

4. Fazer uma transfusão de plasma (plasmaferese)

Às vezes, a parte líquida do seu sangue, chamado de plasma, tem substâncias nela que prejudicam o seu corpo e faz sua EM piorar. O seu médico pode sugerir um processo que remove o seu plasma e o substitui com uma versão saudável. Pode ser uma opção para você se seus sintomas são graves e corticosteróides não controlam suas recaídas. Pode ser útil se tiver uma EM recidivante grave ou progressiva.

5. Medicamentos para controlar a fadiga
Se você está com pouca energia, seu médico pode prescrever medicamentos como o cloridrato de amantadina (Symmetrel / Mantidam), Modafinil (Provigil) e fluoxetina (Prozac) para mantê-lo mais alerta. Terapia do sono e técnicas de relaxamento como massagem ou meditação podem ajudá-lo a adormecer e ficar assim durante a noite, diminuindo a fadiga durante o dia.

6. Diminua a rigidez muscular
A EM pode fazer seus músculos ficarem rígidos. Pode ser difícil para você dobrar ou endireitar seus joelhos e outras articulações. Medicamentos como baclofeno e tizanidina (Zanaflex) podem ser bons para diminuir os espasmos. Se eles não trazem alívio, o seu médico pode sugerir que você tente dantrolene (Dantrium), diazepam (Valium), ou injeções de toxina botulínica (Botox). Um fisioterapeuta também pode ensiná-lo exercícios para tornar seus membros mais flexíveis.


7. Maneiras de aliviar a tristeza
Quando você tem EM, é natural, por vezes, sentir ansiedade ou para baixo. Tente exercícios, técnicas de alívio de estresse e aconselhamento para ajudá-lo a gerenciar a tempestade emocional. Se a sua depressão não parar após algumas semanas ou meses, o seu médico pode sugerir que você tome um antidepressivo.

8. Ajuda para problemas da bexiga
Se a sua EM faz você correr para muitas vezes para o banheiro, seu médico pode prescrever drogas como oxybutynin (Ditropan, Oxytrol) ou tamsulosin (Flomax). Eles relaxam seus músculos da bexiga e ajudá-lo a controlar o desejo de ir.

9. Controlando problemas intestinais
A EM e alguns remédios que você toma pode trazer constipação. Para regular novamente seus intestinos, é importante adicionar mais fibra e líquidos à sua dieta. Exercícios podem ajudar a manter o seu aparelho digestivo em movimento.

10. Aliviar suas dores
Se você machucar em seus braços, pernas, costas ou cabeça, você pode recorrer à medicina para alívio. Algumas drogas como carbamazepina (Tegretol), lamotrigina (Lamictal), e oxcarbazepina (Trileptal) aliviam a dor nervosa. Baclofeno (Lioresal) e tizanidina (Zanaflex) aliviam os espasmos musculares. Tratamentos caseiros como calor e massagem também pode ajudá-lo a gerenciar a dor.

11. Tratamento para problemas sexuais
Se você é um cara e a sua EM torna difícil para você ter uma ereção, drogas como sildenafil (Viagra), tadalafil (Cialis), ou vardenafil (Levitra) podem ajudar. Se você é uma mulher e a EM ou os medicamentos causam secura vaginal, você pode usar um lubrificante. Tanto homens quanto mulheres podem ter perda do desejo sexual, e para isso, a terapia sexual pode ser uma boa solução.

12. Alívio através do movimento
Um mergulho ou caminhada podem fazer maravilhas para os músculos rígidos. Exercícios também ajudam a gerenciar sintomas como depressão, fadiga e problemas de bexiga. Tente uma atividade de baixo impacto como tai chi, exercício de água, ioga ou pilates. Um fisioterapeuta pode projetar uma rotina fitness ideal para você e ensiná-lo a superar a fraqueza.

13. Terapia ocupacional
Quer aprender truques e ferramentas para as atividades diárias, quando a dor e a fraqueza ficam no caminho? Um terapeuta ocupacional pode ajudar. Ele lhe dará conselhos sobre como simplificar tarefas como lavanderia, cozinhar e se aprontar pra sair de casa. Ele também pode ensinar-lhe maneiras de permanecer focado e superar problemas de fadiga ou memória que podem afetar seu trabalho.

14. Formas de gerir o stress
Experimente técnicas de relaxamento como meditação diária ou respiração profunda para acalmar sua mente. Faça algo que você ama, como ler um livro ou ouvir música, para tirar sua mente de seus sintomas. E não se esqueça que você sempre pode chamar um amigo para apoio.


Tradução e adaptação por Redação AME - Amigos Múltiplos pela Esclerose

Fonte: Redação AME - Amigos Múltiplos pela Esclerose

sexta-feira, 5 de maio de 2017

A vida com EM

Exemplos de superação e otimismo que precisamos ler e estar sempre buscando, pois assim somos arremessados para o alto e elevamos nossa auto estima para seguir nessa caminhada difícil. 



quinta-feira, 4 de maio de 2017

Dia Mundial da Esclerose Múltipla

Calendário  Dia Mundial da Esclerose Múltipla

Dia Mundial da Esclerose Múltipla
Próximo Dia Mundial da Esclerose Múltipla 31 de Maio de 2017 (Quarta-feira)
O Dia Mundial da Esclerose Múltipla é celebrado na última quarta-feira de maio.

Este dia começou a ser celebrado em 2009. Estima-se que existem 2,3 milhões de pessoas com esclerose múltipla em todo o mundo, entre as quais 5 mil portugueses.

O que é a esclerose múltipla?

A esclerose múltipla é uma doença auto-imune, degenerativa do sistema nervoso central, que afeta jovens adultos com idades entre os 20 e os 40 anos, mas sobretudo mulheres jovens. Afeta funções como a visão, a locomoção e o equilíbrio. A esclerose múltipla pode tornar-se incapacitante anos após o diagnóstico da doença.

Fatores de risco da esclerose múltipla

Os investigadores defendem que a doença é causada por uma combinação de fatores hereditários e ambientais:

tabaco;
fatores ambientais como a falta de exposição solar;
fatores genéticos.
Como identificar a esclerose múltipla

Os sintomas desta doença variam muito, e dependem da localização da inflamação e da desmielinização no sistema nervoso central.

Fadiga
Neurite ótica (inflamação do nervo ótico-nervo da visão)
Perda da força muscular nos braços e pernas
Alterações da sensibilidade
Dor
Alterações urinárias e intestinais
Problemas sexuais
Equilíbrio/coordenação
Alterações cognitivas
Alteração de humor e depressão
Sabia que?

A esclerose múltipla é a principal causa de incapacidade jovem, a seguir aos incidentes.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

VALE APENA VER VÍDEOS SÓ ESCLEROSE MÚLTIPLA


https://www.instagram.com/p/BfaMyH0Hfnn/


Portadores de esclerose múltipla superam seus próprios limites




Família e Esclerose Múltipla


O EMOCIONAL E A ESCLEROSE MÚLTIPLA


ESCLEROSE MÚLTIPLA E A TPM



Suelen Esclerose Múltipla




as mil faces da esclerose múltipla


ESCLEROSE MULTIPLA:FADIGA



ESCLEROSE MÚLTIPLA NA VIDA DE CLARA E RENATO.mpg
















Elisa 24 anos, com esclerose múltipla.mp4






Atriz Cláudia Rodrigues inicia tratamento experimental na luta contra doença grave







O que é e como tratar o lúpus

O lúpus eritematoso é uma doença autoimune que faz com que as células de defesa da pessoa ataque suas próprias células sadias provocando inflamação nas articulações, pele, olhos, rins, cérebro, coração ou pulmões, não sendo um tipo de câncer.

Geralmente, os sintomas do lúpus vão surgindo após o nascimento, mas, em alguns casos, pode surgir anos mais tarde devido a uma infecção, uso de alguns medicamentos ou, até mesmo devido à exposição exagerada ao sol, por exemplo.

Embora o lúpus não tenha cura, existem alguns tratamentos que ajudam a aliviar os sintomas e evitar que estes reapareçam por isso, é recomendado ser acompanhado pelo reumatologista.
Principais sintomas do lúpus

Os principais sintomas de lúpus incluem:

Febre acima de 38º C que pode se tornar constante;
Cansaço excessivo;
Dor, rigidez ou inchaço nas articulações;
Mancha vermelha no rosto, em forma de asas de borboleta;
Pequenas feridas na pele que pioram quando expostas ao sol;
Dedos azulados ou brancos quando expostos ao frio;
Sensação de falta de ar;
Dor de cabeça e perdas de memória.

Estes sintomas variam em cada caso, dependendo dos órgãos afetados pelo lúpus e, por isso, pode ser difícil diagnosticar a doença, especialmente porque apresenta sintomas que podem indicar outras doenças. Saiba mais sobre como é feito o diagnóstico da doença em: Como saber se é lúpus.

Os sintomas podem aparecer rapidamente ou ir se desenvolvendo ao longo do tempo, podendo-se tornar permanentes mas geralmente melhoram com o devido tratamento.
Como é feito o tratamento do lúpus

O tratamento para o lúpus varia de acordo com os sintomas manifestados pelo paciente e, por isso, é aconselhado consultar o médico especialista de acordo com o tipo de sintoma e o órgão afetado.

No entanto, os tratamentos mais utilizados em casos de lúpus são:

Remédios anti-inflamatórios, como Naproxeno ou Ibuprofeno: são usados principalmente quando o lúpus provoca sintomas como dor, inchaço ou febre;
Remédios antimaláricos, como a Cloroquina: ajudam a evitar o desenvolvimento dos sintomas da lúpus em alguns casos;
Remédios corticoides, como Prednisona ou Betametasona: reduzem a inflamação dos órgãos afetados;
Remédios imunossupressores: como Azatioprina ou Metotrexato, para diminuir a ação do sistema imune e aliviar os sintomas. Porém, este tipo de medicamentos apresenta efeitos secundários sérios como infecções recorrentes e aumento do risco de câncer e, por isso, só devem ser usados nos casos mais graves.

Alguns remédios podem ter efeitos colaterais que afetam os olhos causando dor, vermelhidão e inflamação e se isto acontecer o médico pode avaliar se existe a possibilidade de trocar o medicamento por outro semelhante que não este mesmo efeito colateral. Saiba mais em: 7 Doenças reumatológicas que podem afetar os olhos.


Alimentos mais indicados para Lúpus


Os alimentos adequados para quem possui lúpus são os alimentos anti-inflamatórios, como:

Salmão, atum, bacalhau, arenque, cavalinha, sardinha e truta pois são ricos em ômega 3
Chá verde, alho, aveia, cebola, brócolis, couve-flor e repolho, semente de linhaça, soja, tomate e uva, pois são antioxidantes
Abacate, laranja azeda, limão, tomate, cebola, cenoura, alface, pepino, nabo, couve, germinados, beterraba, lentilha, pois são alimentos alcalinizantes.

Além disso, é também recomendado que invista nos alimentos orgânicos e integrais e beber bastante água todos os dias. Veja um cardápio que ajuda a controlar os sintomas da doença.
O que causa lúpus

O lúpus é um doença autoimune que, normalmente, é causada por mutações genéticas que ocorrem durante o desenvolvimento do feto no útero e, por isso, é muito comum o surgimento de sintomas durante a infância.

No entanto, é possível nascer sem a doença e desenvolver os sintomas apenas durante a idade adulta, devido a fatores que podem provocar a doença como exposição ao sol, infecções ou uso de medicamentos, como antibióticos ou remédios para pressão alta.
Principais tipos de lúpus

O lúpus pode ser dividido em 3 categorias principais, incluindo:
1. Lúpus Sistêmico

O lúpus sistêmico provoca a inflamação em vários órgãos do corpo, especialmente coração, rins e pulmões, provocando diferentes sintomas de acordo com os locais afetados.
2. Lúpus Discoide

O lúpus discoide causa o surgimento de lesões apenas na pele, não afetando outros órgãos. Porém, alguns pacientes com lúpus discoide, podem apresentar evolução da doença para lúpus sistêmico.
3. Lúpus induzido por medicamentos

O lúpus induzido por drogas é uma inflamação temporária da pele que surge devido ao uso de determinados remédios. Embora apresente sintomas semelhante ao lúpus, este tipo de lúpus desaparece quando se deixa de utilizar o medicamento, deixando a pessoa curada.
Como proteger a pele

Quando o lúpus provoca feridas e manchas no corpo a pele fica mais sensível a queimaduras e lesões provocadas pele sol e raios UV, o que aumenta as chances de câncer de pele.

Veja como pode se proteger do câncer da pele em Lúpus aumenta o risco de câncer de pele.

Dr. Drauzio VarellaEntrevista sobre lúpus

Lúpus
Dr. Samuel Kopersztych é médico reumatologista e trabalha no Hospital das Clínicas da USP e no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.


Lúpus é uma doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres do que nos homens, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, exatamente aquele que deveria defender o organismo das agressões externas causadas por vírus, bactérias ou outros agentes patológicos.

O fato é que, no lúpus, a defesa imunológica se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico.
Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especialistas. Pessoas tratadas adequadamente têm condições de levar vida normal. As que não se tratam, acabam tendo complicações sérias, às vezes, incompatíveis com a vida.
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Lúpus eritematoso sistêmico
Lúpus eritematoso sistêmico

DOENÇA AUTOIMUNE

Drauzio – O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune. Quais as principais características dela?

Samuel Kopersztych – A doença autoimune é fundamentalmente caracterizada pela formação de autoanticorpos que agem contra os próprios tecidos do organismo. Por isso, o nome de autoagressão, às vezes, é mais feliz. O paciente, geralmente do sexo feminino, fabrica substâncias nocivas para seu organismo e o anticorpo, que é um mecanismo de defesa, passa a ser um mecanismo de autoagressão. Portanto, o que caracteriza a doença autoimune é a formação de anticorpos contra seus próprios constituintes.

Drauzio – Teoricamente, esses anticorpos podem agredir qualquer tipo de tecido e provocar as mais variadas doenças?

Samuel Kopersztych – Eles podem agredir qualquer tipo de território. De modo geral, a maior agressão ocorre no núcleo da célula, graças ao aparecimento de vários autoanticorpos contra substâncias presentes em seu interior.

Entretanto, o mais importante não é o anticorpo isoladamente. Do ponto de vista anatomopatológico, o que define a autoimunidade nos tecidos é a formação dos chamados complexos imunes.

COMPLEXOS IMUNES

Drauzio – O que se entende por complexo imune?

Samuel Kopersztych – A paciente que tenha a etnia lúpica, ou seja, formação genética constitucional que a predispõe a desenvolver lúpus, já possui autoanticorpos em grande quantidade. Quando uma substância vinda do exterior une-se a eles, forma-se o complexo antígeno-anticorpo. Isso ativa um sistema complexo de proteínas chamado de complemento e leva à formação dos complexos imunes, cuja concentração dita a gravidade e o prognóstico da doença, porque eles se depositam no cérebro e nos rins principalmente.
O complexo imune depositado no rim inflama esse órgão, produzindo a nefrite lúpica, importante para determinar se a doente vai viver muitos anos ou ter a sobrevida encurtada.

Drauzio – Qual é a substância exterior que mais agride essas pacientes?

Samuel Kopersztych – A radiação solar, em especial os raios ultravioleta prevalentes das dez às quinze horas, é a substância que mais agride as pessoas que nasceram geneticamente predispostas. Em estudos conduzidos no Hospital das Clínicas de São Paulo, foi possível detectar inúmeros casos de pacientes que tinham o primeiro surto logo após ter ido à praia e se exposto horas seguidas à radiação solar. Em geral, eram pacientes do sexo feminino, já que a incidência de lúpus atinge nove mulheres para cada homem. Nos Estados Unidos, há maior prevalência entre as mulheres negras; no Brasil, verifica-se equivalência de casos em brancas e negras.

CORRELAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE IMUNIDADE E ENDÓCRINO

Drauzio – Você disse que 90% dos casos de lúpus ocorrem em mulheres. Os hormônios sexuais desempenham algum papel nessa doença?

Samuel Kopersztych – É fundamental estabelecer uma correlação entre o sistema de imunidade, de defesa do organismo, com o sistema endócrino. O estrógeno (hormônio feminino) é autoformador de anticorpos; a testosterona (hormônio masculino) é baixo produtor. O estrógeno é sinérgico à produção de autoanticorpos e a testosterona, supressora. Na mulher lúpica, ocorre excesso de sinergismo, ou seja, excesso na produção de anticorpos, que se traduz pela taxa elevada da proteína gamaglobulina nos exames de laboratório.

Drauzio – Se suprimir a produção de estrógeno, a mulher melhora da doença?

Samuel Kopersztych – Infelizmente o que acontece com os animais de experimentação, cujos sintomas melhoram com a administração de hormônios masculinos, não se repete nas mulheres. Mulheres lúpicas que tomam hormônio masculino masculinizam-se nesse período, sem manifestar nenhum efeito terapêutico protetor importante.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO

Drauzio – Que indícios podem fazer uma pessoa desconfiar de que está com lúpus?

Samuel Kopersztych – Havia grande confusão diagnóstica em relação ao lúpus até a Sociedade Americana de Reumatologia enunciar onze critérios de diagnóstico, em 1971. A mulher que preencher quatro deles seguramente tem a doença.

Os dois primeiros referem-se à mucosa bucal. Entre outras lesões orais importantes, aparecem úlceras na boca que, na fase inicial, exigem diagnóstico diferencial com pênfigo, uma doença frequente em países tropicais. Pode ocorrer também mucosite, uma lesão inflamatória causada por fatores como a estomatite aftosa de repetição, por exemplo.

O terceiro critério envolve a chamada buttefly rash, ou asa de borboleta, que muitos admitem como o critério mais importante, mas não é. Trata-se de uma lesão que surge nas regiões laterais do nariz e prolonga-se horizontalmente pela região malar no formato da asa de uma borboleta. De cor avermelhada, é um eritema que geralmente apresenta um aspecto clínico descamativo, isto é, se a lesão for raspada, descama profusamente.

O quarto critério é a fotossensibilidade. Por isso, o médico deve sempre investigar se a paciente já apresentou problemas quando se expôs à luz do sol e provavelmente ficará sabendo que mínimas exposições provocaram queimaduras muito intensas na pele, especialmente na pele do rosto, do dorso e de outras partes do corpo mais expostas ao sol nas praias e piscinas.

O quinto critério é a dor articular, ou seja, a dor nas juntas, geralmente de caráter não inflamatório. É uma dor articular assimétrica e itinerante, que se manifesta preferentemente nos membros superiores e inferiores de um só lado do corpo e migra de uma articulação para outra. Geralmente, é uma dor sem calor nem rubor (vermelhidão) nem edema (inchaço), os três sinais da inflamação. Há casos, porém, em que esses três sintomas se fazem presentes, assim como podem ocorrer artrite e excepcionalmente inflamação no primeiro surto de 90% das pacientes

Drauzio – Quais as articulações mais atingidas?

Samuel Kopersztych – Preferentemente, as articulações dos membros superiores. A doença acomete punho, cotovelo, ombro e dedos das mãos, como se fosse um quadro de artrite reumatoide. Portanto, a artralgia (dor nas articulações) é um sintoma do lúpus que leva essas pacientes a procurar o reumatologista. Se não apresentarem dor articular, o diagnóstico clínico fica em suspenso.

Drauzio – São dores fortes que obedecem a um ritmo diário?

Samuel Kopersztych – Não há rigidez matutina como na artrite reumatoide. É uma dor migratória não muito intensa. Isso, muitas vezes, retarda o diagnóstico, porque a paciente entra em remissão e não procura o médico.

Drauzio – E o sexto critério, qual é?

Samuel Kopersztych – O sexto critério, e um dos mais importantes, é a lesão renal. Paciente com lesão renal acompanhada de hipertensão no primeiro surto tem prognóstico mais reservado. A hipertensão arterial denota que surgiu um processo inflamatório nas membranas das estruturas envolvidas no sistema de filtração do sangue que atravessa os rins e a paciente é acometida por glomerulonefrite.

Drauzio – Isso quer dizer que o rim começa a filtrar mal e deixa passar pelo poro renal substâncias que deveria reter?

Samuel Kopersztych – Se esse distúrbio não for tratado convenientemente, a paciente evolui para insuficiência renal rapidamente progressiva. Na verdade, é o rim que dita o prognóstico em 90% dos casos, que será pior ainda se for acompanhado do sétimo critério: a lesão cerebral. Seu primeiro sinal é uma convulsão, um ataque epilético comum que pode ser confundido como característico de doença exclusivamente convulsiva e relegar o diagnóstico e tratamento do lúpus para segundo plano.

Drauzio – Qual é a lesão cerebral mais frequente?

Samuel Kopersztych – A lesão cerebral mais frequente revelada pelo exame anatomopatológico é a tromboembolia, ou seja, a deposição de coágulos no cérebro sob a forma de trombos locais ou de um êmbolo originário de outra região do corpo que entope o vaso cerebral. Como consequência, o tecido que depende dessa irrigação entra em anóxia e morre por falta de oxigênio. Além disso, quadros neurológicos graves, como hemiplegia (paralisia de um lado do corpo), plegia (paralisia parcial de uma parte do corpo) e quadriplegia (paralisia dos membros superiores e inferiores) parece estarem ocorrendo com maior frequência nos dias de hoje em virtude do aumento da sobrevida das pacientes.

O comprometimento cerebral, em geral, não acontece no início da doença. No entanto, se estiver ligado à lesão renal, as dificuldades terapêuticas se agravam bastante.

INCIDÊNCIA DE PENIAS

Drauzio – E o oitavo critério?

Samuel Kopersztych – No território do sangue, o lúpus estabelece as chamadas penias. Em 20% dos casos, a anemia hemolítica coincide com a ruptura dos vasos sanguíneos e a fragilidade dos glóbulos vermelhos, levando à anemia hemolítica autoimune, uma manifestação da síndrome pré-lúpica. A paciente pode ir ao consultório do hematologista com esse problema e logo em seguida ou alguns anos depois manifestar o quadro clínico completo do lúpus eritematoso.

Outra manifestação de penia mais incidente é a leucopenia, ou seja, a diminuição de glóbulos brancos, dos leucócitos. Em 40% dos casos, a leucopenia é traduzida pela produção de anticorpos principalmente dirigidos contra os neutrófilos, um tipo específico de glóbulos brancos que hoje faz parte do diagnóstico laboratorial do lúpus.

Outra possibilidade é a ocorrência da plaquetopenia, ou púrpura trombocitopênica idiopática, uma lesão provocada por anticorpos contra as plaquetas que não tem etiologia definida e que pode preceder, em alguns anos, a instalação do lúpus.

Essas penias são importantes e, muitas vezes, levam a paciente lúpica à esplenectomia, ou seja, à retirada do baço, porque os clínicos já sabiam de longa data que sem ele melhora a produção de glóbulos vermelhos. O baço funcionaria como uma esponja que reteria os anticorpos contra substâncias do sangue, e isso acentuaria a diminuição dos glóbulos vermelhos, brancos e das plaquetas. Retirando-se o baço, esses elementos seriam redistribuídos na circulação.

Acontece que pacientes lúpicas infectam-se com muita facilidade. A experiência nas enfermarias mostra que a retirada do baço em pacientes que sofreram acidentes de automóvel ou em crianças com traumatismos abdominais coincide com grande número de infecções, principalmente por salmonelas, bactéria que antigamente causava o tifo. Por isso, a retirada do baço numa paciente lúpica deve ser bem analisada.

GRAVIDEZ NAS PACIENTES LÚPICAS E OUTROS CRITÉRIOS

Drauzio – E o nono critério?

Samuel Kopersztych –É o critério imunológico. Pacientes lúpicas apresentam uma reação falsamente positiva para sífilis e manifestam a síndrome anticoagulante lúpica que se caracteriza por trombose, embolias e abortos de repetição.

Drauzio – A gravidez é contraindicada para as pacientes lúpicas?

SamuelKopersztych – Há um conceito difundido inclusive entre alguns médicos de que pacientes lúpicas não devem, não podem e não engravidam em virtude de um problema imunológico. O argumento é que algumas dessas mulheres produzem anticorpos contra um constituinte especial chamado fosfolípedes, ou seja, substâncias com o radical fósforo do tipo gorduroso situadas na circulação. Esses anticorpos são responsáveis pela incidência de abortos recorrentes, aliás, outro sinal de pré-lúpus.

Drauzio – Isso quer dizer que elas engravidam e abortam repetidamente?

Samuel Kopersztych – Além de abortos de repetição, essas mulheres formam coágulos em várias partes do corpo. Formam trombos no cérebro e formam êmbolos. Paciente lúpica que não tenha esse componente talvez possa ter uma gravidez normal. No entanto, nas portadoras de lesão renal, aumenta muito a possibilidade de abortos ou de dar origem a um feto com pouca chance de sobrevivência. Na verdade, algumas não têm dificuldade para engravidar, mas a gravidez pode ser tempestuosa e difícil e exige segmento pré-natal feito por especialista.

Drauzio – Como você orienta uma mulher jovem com lúpus que quer ter filhos?

SamuelKopersztych– Acho que ela precisa ser informada do risco que correrá. Em 80% dos casos, pode haver uma piora da doença, exatamente o contrário do que ocorre com a artrite, que melhora durante a gravidez.

Drauzio – Você poderia citar o décimo e o décimo primeiro critério?

Samuel Kopersztych – A incidência de pericardites (inflamação do pericárdio, membrana que envolve externamente o coração) e de pleurites (inflamação da pleura, membrana que recobre o pulmão) também podem ocorrer em pacientes com lúpus. Em 70% dos casos, a pericardite é subclínica e diagnosticada apenas nas autópsias. Esse é o décimo critério; o décimo- primeiro é o fator antinúcleo.

EXAMES LABORATORIAIS

Drauzio – Além do quadro clínico, o diagnóstico de lúpus pode contar com um quadro laboratorial bastante característico, não é?

Samuel Kopersztych – O teste básico de laboratório é a pesquisa do fator antilúpus. O patologista vai avaliar o caso através de métodos de união antígeno-anticorpo com corante fluorescente. No exame de sangue comum, por meio dessa técnica, ele observa como cora o núcleo das células das pacientes lúpicas. Às vezes, cora difusamente; às vezes, em pontilhados pequenos e, às vezes, numa reação em anel. A resposta difusa indica lúpus benigno com lesão de pele e de articulações, mas sem comprometimento dos rins e do cérebro. Já, o achado em anel correlaciona-se com lesão renal e forte complexo autoimune circulante. Portanto, esse simples exame de sangue não invasivo dá ao clínico uma ideia do diagnóstico e do prognóstico. Se o fator antilúpus aparecer em alta concentração numa jovem, com quase toda a certeza, num futuro próximo, ela irá encaixar-se em todos os critérios de diagnóstico do lúpus.

EVOLUÇÃO DA DOENÇA

Drauzio – Você citou formas de evolução mais lenta e mais acelerada do lúpus. O que determina tal diferença?

Samuel Kopersztych – Quanto mais jovem for a mulher, pior será o diagnóstico. Lúpus dificilmente aparece em meninas que ainda não menstruaram. Em geral, o acometimento coincide com a época da menstruação e atinge mulheres na faixa entre 15 e 30 anos. Se não há lesão renal e cerebral no primeiro surto, trata-se de uma forma benigna de lúpus caracterizada por lesões de pele, asa de borboleta, dor nas juntas, sintomas facilmente controláveis com medicação. É também provável que a paciente não apresente os problemas correlacionados com o passar da idade e morra de outra causa que não o lúpus.

Se no primeiro surto, porém, ela manifestar lesão renal ou cerebral ou, o pior de tudo, as duas ao mesmo tempo, é sinal de mau prognóstico. Além disso, pesam fatores puramente imunológicos, por exemplo, a queda de algumas proteínas do sangue como complemento e o aparecimento de infecções. A evolução das pacientes no Hospital das Clínicas indica que o aparecimento de infecções é fator decisivo na evolução e prognóstico da doença.

Nos EUA, estatísticas mostram que a mulher negra tem evolução pior do que a branca. O que vimos no HC, entretanto, é que aqui há uma equivalência da doença entre mulheres brancas e negras.

TRATAMENTO

Drauzio – No passado, todos os casos de lúpus eram tratados com cortisona e seus derivados. Hoje, existem recursos mais eficazes?

Samuel Kopersztych – Temos recursos melhores, inclusive em relação à própria cortisona. Os corticoides modernos não são dotados de efeitos colaterais como aumento de pressão e grande retenção de sal e água. Outros podem ser injetados por via endovenosa. É o chamado pulso terapêutico que consiste em hospitalizar a paciente e infundir de uma só vez, numa única aplicação, grande quantidade de corticoide.

Drauzio – Os pacientes suportam bem essa técnica terapêutica?

Samuel Kopersztych – Suportam bem e a tendência à infecção é menor. O grande impulso, porém, foi conseguido com o advento de uma droga chamada ciclofosfomida, imunossupressor usado nos primórdios dos transplantes renais, e que pode ser aplicada nas pacientes com lúpus sob a forma de pulso terapêutico. Outras drogas usadas inicialmente nesse tipo de transplante foram aproveitadas pelos reumatologistas para controlar a formação dos complexos imunes.

Gostaria, ainda, de mencionar a plasmaférese, método terapêutico que pode ser aplicado quando a lesão renal está muito ativa. A doente é internada para retirar grande quantidade de plasma. Com isso, o hematologista elimina os complexos imunes circulantes em benefício da evolução benigna das lesões renais e cerebrais.

Drauzio – Contando com os recursos que temos atualmente, se for bem cuidada, uma mulher com lúpus têm condições de levar vida normal?

Samuel Kopersztych – Com segmento ambulatorial bem feito, tem condições de levar vida normal. Lúpus é uma doença grave, especialmente se houver lesão renal e lesão cerebral, mas hoje podemos contar com um contingente terapêutico importante e com antibióticos mais modernos que protegem contra infecções e garantem sobrevida maior para essas pacientes.

ORIENTAÇÕES ÀS PACIENTES

Drauzio – Sumariamente, que cuidados devem tomar as mulheres com lúpus?

Samuel Kopersztych– Ela deve proteger-se da radiação solar e usar fotoprotetor mesmo na cidade, porque não é só na praia e na piscina que o sol é intenso.
Deve procurar engravidar com parcimônia e sob grande supervisão. Deve tomar cuidado com a administração de pílulas anticoncepcionais, pois o aumento nos níveis de estrógeno pode desencadear novo surto da doença.

É importante, também, tomar cuidado para não contrair infecções. Evitar grandes conglomerados ou agrupamentos de pessoas e o contato com portadores de doenças infecciosas, que possam ser transmitidas, é uma precaução válida e indispensável.
Além disso, é preciso estar sempre atento ao psiquismo da paciente lúpica, que se altera muito com a doença. Às vezes, a primeira manifestação é um surto psicótico ou de ansiedade. Por isso, o equilíbrio emocional é meta importante na vida dessas mulheres.


Publicado em 12/09/2011.

Revisado em 13/10/2016.

O QUE É FIBROMIALGIA?

ABRAFIBRO    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FIBROMIÁLGICOS
O QUE É FIBROMIALGIA?

O termo "Fibromialgia" refere-se a uma condição dolorosa generalizada e crônica. É considerada uma síndrome porque engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono . No passado, pessoas que apresentavam dor generalizada e uma série de queixas mal definidas não eram levadas muito a sério. Por vezes problemas emocionais eram considerados como fator determinante desse quadro ou então um diagnóstico nebuloso de “fibrosite” era estabelecido. Isso porque acreditava-se que houvesse o envolvimento de um processo inflamatório muscular, daí a terminação “ite”.

Atualmente sabe-se que a fibromialgia é uma forma de reumatismo associada à da sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. O termo reumatismo pode ser justificado pelo fato de a fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos. O que não quer dizer que acarrete deformidade física ou outros tipos de seqüela. No entanto a fibromialgia pode prejudicar a qualidade de vida e o desempenho profissional, motivos que plenamente justificam que o paciente seja levado a sério em suas queixas. Como não existem exames complementares que por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional que avalia o paciente com fibromialgia é fundamental para o sucesso do tratamento.

A partir da década de 80 pesquisadores do mundo inteiro têm se interessado pela fibromialgia. Vários estudos foram publicados, inclusive critérios que auxiliam no diagnóstico dessa síndrome, diferenciando-a de outras condições que acarretem dor muscular ou óssea. Esses critérios valorizam a questão da dor generalizada por um período maior que três meses e a presença de pontos dolorosos padronizados.

Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer as manifestações da fibromialgia, dentre eles doenças graves, traumas emocionais ou físicos e mudanças hormonais. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro, podem estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas de fibromialgia podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor.

Pesquisas têm também procurado o papel de certos hormônios ou produtos químicos orgânicos que possam influenciar na manifestação da dor, no sono e no humor. Muito se tem estudado sobre o envolvimento na fibromialgia de hormônios e de substâncias que participam da transmissão da dor. Essas pesquisas podem resultar em um melhor entendimento dessa síndrome e portanto proporcionar um tratamento mais efetivo e até mesmo a sua prevenção.

Fonte: http://www.fibromialgia.com.br/novosite/index.php?modulo=pacientes_artigos&id_mat=4


segunda-feira, 1 de maio de 2017

469,286 semanas

 Hoje completo nove anos de tratamento para Esclerose Múltipla, data que carrego bem viva na memória? , até pq seria impossível esquecer de algo que mim fura toda semana e mim deixa um dia na cama de tantas reações. Quantas vezes pensei parar com essa tortura, mas, ao olhar para meus filhos, ainda pequenos e tão dependentes a dor se transformava em força , hoje entendoque por um filho a mãe dar a própria vida e vai além das fronteiras, por eles, suportei as 469.286 injeções e inevitáveis reações,  apesar das muitas limitações, faço o possível para não deixar parecer meus fracassos,  momentos que choro sorrindo na tentativa de ser forte, mas , não é fácil,  só com a força de Deus posso vencer todos esses obstáculos que essa doença trás. Dou graças a Deus por tudo e digo todos os dias até aqui mim ajudou o Senhor Jesus.