Esclerose múltipla: fármaco aprovado nos Estados Unidos oferece nova perspectiva
Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina. Foto: FreepikNova droga aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), a agência americana de saúde, promete melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a esclerose múltipla. Conhecida como ocrelizumabe, a substância serve para tratar duas formas da doença: a remitente-recorrente e a primária progressiva. Para o segundo caso, esse é o primeiro medicamento a obter resultados positivos.“Ou seja, é uma medicação que vai tratar um grupo de pacientes que até então não tinha nenhum tratamento aprovado. Representa uma opção terapêutica de alta potência para controle de surtos da doença e eficaz no controle da progressão”, explica o neurologista Douglas Sato, que também é Superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro (InsCer).No Brasil, explica o neurologista, existe a expectativa de que a medicação seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as duas formas da doença. Atualmente, existem nove fármacos aprovados pelo órgão regulador para tratamento da esclerose múltipla, quatro deles disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).A professora aposentada Fabiana Dal Ri Barbosa sabe como esses avanços podem fazer a diferença. Desde 2007 diagnosticada com esclerose múltipla do tipo remitente-recorrente, hoje faz seu tratamento com o primeiro medicamento via oral disponível, o fingolimode, depois de sete anos de injeções diárias.
Entenda a esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença neurológica e degenerativa de causas desconhecidas, em que o sistema imunológico da própria pessoa ataca a bainha de mielina, um envoltório de proteínas que protege os prolongamentos nervosos (chamados de axônios), localizados no cérebro e na medula espinhal.Um dos desafios é o diagnóstico, que pode ser difícil nos estágios iniciais. No caso de Fabiana, os sintomas começaram em 2006, mas a definição do quadro só foi fechada em 2007, após acordar com a visão turva no olho esquerdo. Embora essa seja uma doença de diagnóstico clínico, o uso de exames de imagem e laboratório pode ser fundamental para identificá-la em sua fase inicial e reduzir os riscos de incapacidade permanente.“As principais mudanças que ocorreram depois da esclerose múltipla foram o tempo e a disposição para realizar qualquer tipo de atividade. Hoje sou muito mais lenta para tomar um banho e, dependendo da disposição naquele momento, não consigo nem lavar o cabelo”, relata ainda. Por conta das alterações trazidas pela doença, a carga horária de trabalho de 40 horas se tornou pesada demais e a professora precisou se aposentar de maneira precoce. Para ela, um dos grandes desafios é aprender não apenas a conviver com as limitações, mas também a respeitá-las.Mesmo que as causas exatas da esclerose ainda sejam desconhecidas, fatores genéticos (como histórico familiar) e ambientais (baixa exposição solar e tabagismo) têm sido apontados como facilitadores para o desenvolvimento da doença. A característica mais evidente, ressalta Sato, é a ocorrência do surto, que pode ter particularidades de acordo com a localização das lesões inflamatórias. Ele se expressa clinicamente através de sintomas como alterações motoras, sensitivas, na fala e na visão, além de vertigem e mesmo urgência ou incontinência fecal.“No mundo, estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas sejam afetadas, sendo em torno de 30 mil no Brasil. A esclerose múltipla é mais frequente em regiões com alta latitude e com população predominantemente caucasiana”, alerta o neurologista. Para aqueles que descobriram recentemente a doença, a dica de Fabiana é ter ao seu lado um médico que passe segurança e que seja, sobretudo, um parceiro de luta. É ele que vai ajudar a pensar as opções de tratamento e dar suporte para todas as dúvidas que podem vir com o diagnóstico.Próximos artigosEm assembleia, trabalhadores do GHC definem data de paralisaçãoSIMERS e GHC têm reunião sobre acordo coletivo