A enxaqueca é uma doença neurológica que pode ter vários sintomas, incluindo:
Dor de cabeça latejante e unilateral
Sensibilidade a luz, cheiros e barulhos
Náuseas e vômitos
Mudanças emocionais, como irritabilidade
Tontura
Aumento da sede ou vontade de urinar
Fadiga
Vontade de comer alimentos açucarados
Exaustão após a crise
Dores no corpo após a crise
Além disso, cerca de 24 a 48 horas antes de uma crise de enxaqueca, podem ocorrer alterações de humor, inquietação e dificuldade para enxergar.
A enxaqueca é uma doença multifatorial e hereditária, e pode ocorrer em homens e mulheres de todas as idades. No entanto, é mais comum em mulheres em período reprodutivo.
A dor de cabeça por estresse, por sua vez, é causada pela tensão e dor na região da cabeça, resultante do estresse cotidiano. Ela se manifesta como uma pressão constante, e está frequentemente associada a preocupações e rotina agitada.
Enxaqueca: o que é,
Tudo que você precisa saber sobre a enxaqueca!
“E, em certos casos, toda a cabeça dói e a dor é às vezes à direita, outras vezes à esquerda, na testa ou na fontanela; e esses acessos mudam de lugar no decorrer do mesmo dia. Isso é chamado heterocrania, uma doença nada clemente. Provoca sintomas inconvenientes e aflitivos […] náusea, vômito de material bilioso, colapso do paciente, ocorre grande torpor, peso na cabeça, ansiedade e a vida torna-se um fardo. Pois eles fogem da luz; a escuridão atenua seu mal; tampouco suportam prontamente ver ou ouvir qualquer coisa agradável. Os pacientes ficam cansados da vida e anseiam por morrer.” (Areteu da Capadócia, médico da Grécia Antiga, século II; primeira descrição história associada à enxaqueca).
Quando falamos de enxaqueca, não nos referimos a uma simples “dor de cabeça”. Enxaqueca, ou migrânea, é uma doença neurológica que manifesta-se através de múltiplos sintomas.
Além disso, corresponde a uma doença multifatorial de tendência hereditária, ou seja, há genes que predispõem a ocorrência das crises de cefaleia associadas à enxaqueca.
Cerca de 30 milhões de brasileiros (15% da população) são acometidos pela doença, sendo mais comum na região sudeste do país. Ademais, pode ocorrer em homens e mulheres de todas as idades, mas mulheres em período reprodutivo apresentam maior prevalência.
Fisiopatologia da enxaqueca
O conhecimento atual sobre a enxaqueca indica que essa condição é causada por uma disfunção neuronal primária, que gera uma série de mudanças intracranianas e extracranianas responsáveis pelas quatro fases da enxaqueca: sintomas premonitórios, aura, cefaleia e pósdromo.
A depressão alastrante cortical é considerada uma característica que pode estar diretamente relacionada tanto à aura quanto à dor de cabeça na enxaqueca. Refere-se, portanto, a uma onda de despolarização neuronal e glial que se espalha pelo córtex cerebral de forma autopropagante.
Entre suas ações hipotetizadas estão:Causar a aura da enxaqueca;
Ativar as fibras do nervo trigêmeo;
Alterar a permeabilidade da barreira hematoencefálica, por meio da ativação e aumento das metaloproteinases da matriz.
Quando os aferentes trigêmeos são ativados, desencadeiam alterações inflamatórias nas meninges sensíveis à dor, levando à dor da enxaqueca por mecanismos reflexos centrais e periféricos.
A ativação do sistema trigeminovascular, por sua vez, também é central na fisiopatologia da enxaqueca. A ativação do gânglio trigeminal leva à liberação de neuropeptídeos vasoativos, como a substância P, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) e a neurocinina A. Esse processo está relacionado à inflamação neurogênica, que caracteriza-se principalmente pela vasodilatação e pelo extravasamento de proteínas plasmáticas.
Fatores desencadeantes e exacerbadores da enxaqueca
São vários os deflagradores da enxaqueca, ou seja, fatores que favorecem as crises de cefaleia nos indivíduos já predispostos:Alérgenos;
Odores intensos;
Elevadas altitudes;
Jejum prolongado;
Estresse emocional;
Privação do sono;
Período menstrual e alterações hormonais;
Ingesta excessiva de substâncias como cafeína, álcool e cigarro.
Além disso, fatores psíquicos e emocionais costumam ser os gatilhos mais importantes para o desenvolvimento das crises agudas de enxaqueca.
Quadro clínico da enxaqueca
A palavra “enxaqueca” deriva do árabe antigo “saqiqa”, que significa “cortado ao meio”. Na Antiguidade, descrevia um tipo de dor que afetava apenas metade da cabeça.
As crises de enxaqueca podem durar de 4 a 72 horas e, geralmente, caracterizam-se por cefaleia unilateral pulsátil de moderada a forte intensidade que piora aos esforços.
Os sintomas associados são fotofobia, fonofobia, osmofobia, tonturas, náuseas e vômitos, além de sintomas neurológicos, como a aura. Além disso, alguns pacientes queixam-se de aura típica, um distúrbio visual que cursa com a presença de pontos cintilantes, distorção ou perda temporária da visão, parcial ou total. Por outro lado, outros indivíduos apresentam aura sensitiva, que refere-se à hemiparesia.
Frequentemente, a crise de enxaqueca com cefaleia intensa é incapacitante, ocasionando um impacto social associado à perda de dias de trabalho e de produtividade pessoal e profissional. O impacto financeiro tem custos diretos, com assistência médica, e indiretos.
O estado migranoso, por sua vez, é uma complicação que se refere à cefaleia intensa que dura mais de 72 horas, sendo os intervalos livres de dor inferiores a 12 horas. Ocorrem náuseas e vômitos por várias horas seguidas, podendo causar desidratação e, até mesmo, internação hospitalar para manejo clínico adequado.
Enxaqueca crônica
A enxaqueca crônica caracteriza-se pelo aumento da frequência das crises, que se tornam diárias ou quase diárias. É definida, portanto, como mais de 15 crises de dor ao mês por mais de 3 meses. Além disso, fatores como stress emocional, doenças psiquiátricas e abuso de analgésicos predispõem a essa condição.
Diagnóstico de enxaqueca
O diagnóstico é clínico e, portanto, baseia-se em um histórico clínico e exame físico compatíveis e no cumprimento dos critérios descritos a seguir. Dessa forma, não existem testes específicos para confirmação da enxaqueca.
Apesar da sobreposição entre as características da enxaqueca e da cefaleia tensional, alguns sinais encontrados parecem ser mais indicativos de enxaqueca, como:Náusea;
Sensibilidade à luz (fotofobia);
Sensibilidade ao som (fonofobia);
Agravamento com atividades físicas.
Gatilhos alimentares também tendem a ser mais frequentes na enxaqueca do que na cefaleia tensional.
Critérios diagnósticos
A Classificação Internacional de Cefaleias, 3ª edição (ICHD-3), define critérios para diagnóstico de enxaqueca:
Para enxaqueca sem aura, os critérios da ICHD-3 são:Pelo menos cinco episódios que atendem aos critérios de B a D.
Cefaleias com duração de 4 a 72 horas (não tratadas ou sem sucesso no tratamento).
Cefaleias que apresentam pelo menos duas das seguintes características:Localização unilateral;
Qualidade pulsante;
Intensidade moderada a grave;
Agravamento ou prevenção de atividades físicas de rotina (como caminhar ou subir escadas).
Durante a cefaleia, ocorre pelo menos um dos sintomas a seguir:Náuseas e/ou vômitos;
Fotofobia e fonofobia.
Não há explicação melhor para outro diagnóstico do ICHD-3.
Para enxaqueca com aura, por sua vez, os critérios da ICHD-3 incluem:Pelo menos dois episódios que atendem aos critérios de B e C.
Um ou mais sintomas de aura completamente reversíveis:Visual;
Sensorial;
Fala e/ou linguagem;
Motor;
Tronco cerebral;
Retina.
Pelo menos três das seis características a seguir:Um sintoma de aura que se desenvolve gradualmente ao longo de ≥5 minutos;
Dois ou mais sintomas em sequência;
Cada sintoma de aura dura entre 5 e 60 minutos;
Pelo menos um sintoma de aura é unilateral;
Pelo menos um sintoma de aura é positivo;
A dor de cabeça começa com ou após a aura, em até 60 minutos.
Não há explicação melhor para outro diagnóstico do ICHD-3.
Exames diagnósticos
Neuroimagem geralmente não é necessária para a maioria dos pacientes com enxaqueca. No entanto, recomenda-se exames de imagem para pacientes que apresentem alguns dos seguintes fatores:Achado neurológico anormal inexplicado (como nova fraqueza fixa ou perda de visão);
Características atípicas da cefaleia (como início súbito ou dor postural);
Cefaleias que não enquadram-se à definição de enxaqueca ou outro tipo de cefaleia primária.
Fatores de risco para cefaleia secundária, como início após os 50 anos, gravidez ou imunodeficiência.
Além disso, outras condições que podem justificar a realização de exames de imagem incluem mudanças significativas recentes no padrão, frequência ou intensidade das cefaleias, bem como cefaleias resistentes ao tratamento.
Tratamento da enxaqueca
Não há cura para essa doença, mas existem dois tipos de tratamento: manejo dos sintomas nas crises agudas e tratamento preventivo.
Por fim, técnicas direcionadas de relaxamento, acupuntura, homeopatia, fisioterapia específica, psicoterapia e exercícios físicos são medidas auxiliares que podem estar associadas ao tratamento preventivo.
Mitos e verdades sobre a enxaqueca
Vamos a alguns mitos e verdades importantes sobre a enxaqueca.
Indivíduos com enxaqueca não podem praticar atividade física
Exercícios físicos moderados e praticados de forma regular auxiliam na redução da frequência das crises de cefaleia em pacientes com enxaqueca.
No entanto, atividades físicas extenuantes, exercícios associados à respiração ofegante e atividades relacionadas à exaustão física podem ser gatilhos para crises agudas de cefaleia.
Ademais, o mesmo princípio aplica-se quando o indivíduo não dorme o suficiente ou não apresenta sono reparador, o que pode causar graves crises de cefaleia.
Alimentos como chocolate, café e laticínios estão proibidos
Cada paciente apresenta uma sensibilidade individual a cada tipo de alimento e isso depende de suas
características próprias e de sua faixa etária.
Dessa forma, alimentos muito condimentados, comidas gordurosas, cebola, massas, carne de porco e frutas cítricas, além dos supracitados chocolate, café e laticínios, são alimentos que podem causar cefaleia devido a substâncias presentes em sua composição.
É importante observar que vários pacientes com enxaqueca apresentam, simultaneamente, elevada incidência de reações alérgicas. Assim, ao se identificar uma sensibilidade especial a um tipo de alimento, vale retirar a substância de seu hábito alimentar.
Enxaqueca é uma doença psicossomática
Nem sempre. Pacientes com crises muito frequentes de cefaleia merecem uma atenção especial às suas circunstâncias de vida, pois fatores fisiológicos ou patológicos, intrínsecos ou extrínsecos, devem ser identificados para que se proponha uma intervenção terapêutica adequada e eficaz.
Mas sim, é possível que as crises de cefaleia na enxaqueca ocorram para atender a necessidades emocionais, como uma reação a situações de vida cronicamente difíceis, estados de depressão ou ansiedade, negação da realidade, sentimentos de autopunição, raiva profunda, entre outros.
Apesar de todo o sofrimento associado, a enxaqueca é uma doença benigna e reversível, pois apresenta mecanismos que podem ser compreendidos, avaliados e, consideravelmente, modificados.
Autor: Viviane Ventura
Instagram: @viviane.crv
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