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terça-feira, 22 de março de 2016
A verdadeira História da Páscoa
A verdadeira História da Páscoa
Muito
antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa
anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera. A Páscoa sempre
representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto
muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade.
A palavra “páscoa” – do hebreu “peschad”, em grego “paskha” e latim
“pache” – significa “passagem”, uma transição anunciada pelo equinócio
de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de
março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.
A páscoa judaica (em hebraico פסח, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach
é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do
povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Êxodo.
A festa cristã da Páscoa tem origem na
festa judaica, mas tem um significado diferente. Enquanto para o
Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no
Cristianismo a Páscoa representa a morte e ressurreição de Jesus (que
supostamente aconteceu na Pessach) e de que a Páscoa Judaica é
considerada prefiguração, pois em ambos os casos se celebra uma
“libertação do povo de Deus”, a sua passagem da escravidão (do Egito/do
pecado) para a liberdade.
De fato, para entender o significado da
Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos
antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam
Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.
Ostera
(ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e
observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor
de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de
uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na
mitologia romana, é Ceres.
Estes antigos povos pagãos comemoravam a
chegada da primavera decorando ovos. O próprio costume de decorá-los
para dar de presente na Páscoa surgiu na Inglaterra, no século X,
durante o reinado de Eduardo I (900-924), o qual tinha o hábito de
banhar ovos em ouro e ofertá-los para os seus amigos e aliados.
Por que o ovo de Páscoa?
O
ovo é um destes símbolos que praticamente explica-se por si mesmo. Ele
contém o germe, o fruto da vida, que representa o nascimento, o
renascimento, a renovação e a criação cíclica. De um modo simples,
podemos dizer que é o símbolo da vida.
Os celtas, gregos, egípcios, fenícios,
chineses e muitas outras civilizações acreditavam que o mundo havia
nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este “ovo cósmico” aparece
depois de um período de caos.
Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa
(um espírito considerado o “Sopro divino”), chocou o ovo cósmico na
superfície de águas primordiais e, daí, dividido em duas partes, o ovo
deu origem ao Céu e a Terra – simbolicamente é possível ver o Céu como a
parte leve do ovo, a clara, e a Terra como outra mais densa, a gema.
O mito do ovo cósmico aparece também nas
tradições chinesas. Antes do surgimento do mundo, quando tudo ainda era
caos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus elementos
pesados, surgiu a Terra (Yin) e, de sua parte leve e pura, nasceu o céu
(Yang).
Para os celtas, o ovo cósmico é
assimilado a um ovo de serpente. Para eles, o ovo contém a representação
do Universo: a gema representa o globo terrestre, a clara o firmamento e
a atmosfera, a casca equivale à esfera celeste e aos astros.
Na tradição cristã, o ovo aparece como
uma renovação periódica da natureza. Trata-se do mito da criação
cíclica. Em muitos países europeus, ainda hoje há a crença de que comer
ovos no Domingo de Páscoa traz saúde e sorte durante todo o resto do
ano. E mais: um ovo posto na sexta-feira santa afasta as doenças.
Por que o Coelho de Páscoa?
Coelhos
não colocam ovos, isto é fato! A tradição do Coelho da Páscoa foi
trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho
visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de
encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher
pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus
filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho,
um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o
coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?
No antigo Egito, o coelho simbolizava o
nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o
símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal
devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é que a origem da
imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem.
Geram grandes ninhadas! Assim, os coelhos são vistos como símbolos de
renovação e início de uma nova vida. Em união com o mito dos Ovos de
Páscoa, o Coelho da Páscoa representa a renovação de uma vida que trará
boas novas e novos e melhores dias, segundo as tradições.
Outros símbolos da Páscoa
O
cordeiro é um dos principais símbolos de Jesus Cristo, já que é
considerado como tendo sido um sacrifício em favor do seu rebanho.
Segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo é “sacrificado” durante a Páscoa
(judaica, obviamente). Isso pode ser visto como uma profecia de João
Batista, no Evangelho segundo João no capítulo 1, versículo 29: “Eis o
Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo”.
Paulo de Tarso (na primeira epístola a Coríntio no capítulo 5, versículo 7) diz: “Purificai-vos
do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos,
porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.“
Jesus, desse modo, é tido pelos cristãos como o Cordeiro de Deus (em latim: Agnus Dei)
que supostamente fora imolado para salvação e libertação de todos do
pecado. Para isso, Deus teria designado sua morte exatamente no dia da
Páscoa judaica para criar o paralelo entre a aliança antiga, no sangue
do cordeiro imolado, e a nova aliança, no sangue do próprio Jesus
imolado. Assim, a partir daquela data, o Pecado Original tecnicamente
deixara de existir.
A
Cruz também é tida como um símbolo pascal. Ela mistifica todo o
significado da Páscoa, na ressurreição e também no sofrimento de Jesus.
No Concílio de Nicea em 325 d.C, Constantino decretou a cruz como
símbolo oficial do cristianismo. Então, ela não somente é um símbolo da
Páscoa, mas o símbolo primordial da fé católica.
O
pão e o vinho simbolizam a vida eterna, o corpo e o sangue de Jesus,
oferecido aos seus discípulos, conforme é dito no capítulo 26 do
Evangelho segundo Mateus, nos versículos 26 a 28: “Durante a
refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos,
dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu
graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o
sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos
pecados.“
Por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todos os anos?
O dia da Páscoa é o primeiro domingo
depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do
equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida
nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data
da Páscoa decidiu, no Concílio de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa
relacionada a uma Lua imaginária – conhecida como a “lua eclesiástica”).
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias
antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias
antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na
quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode
ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de
datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo
em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa “móvel”. De fato, a
seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em
5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.
No final das contas, a páscoa é mais um rito de povos antigos,
assimilado pela Igreja Cristã de modo a impor sua influência.
Substituindo venerações à natureza (como no caso da Lua ou do Equinócio,
tipicamente pagãs) por uma outra figura da mitologia, tomando os
significados do judaísmo, os símbolos celtas e fenícios, remodelando
mediante os Evangelhos e dando uma decoração final, criou-se um “ritual
colcha de retalhos”.
sábado, 5 de março de 2016
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
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