segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Nova descoberta é passo em frente para o tratamento da esclerose múltipla

 

Nova descoberta é passo em frente para o tratamento da esclerose múltipla


25 Setembro 2020 às 16:41


Em Portugal, estima-se que 60 em cada 100 mil pessoas sofram da doença.


A comunidade científica acredita estar mais perto de um tratamento para a esclerose múltipla, na sequência da descoberta de um medicamento que repara os revestimentos em torno dos nervos danificados pela doença.

Um ensaio clínico envolvendo o agente Bexaroteno, usado para combater o linfoma cutâneo de células T, mostrou ser capaz de reparar as bainhas de mielina protetoras (capas de tecido adiposo que protegem as células nervosas e que são responsáveis pela correta propagação dos impulsos nervosos pelos neurónios) que a esclerose múltipla destrói. A perda da mielina causa uma série de problemas neurológicos, incluindo distúrbios de equilíbrio, visão e musculares e, em última instância, deficiência.


O bexaroteno foi avaliado por uma equipa da Universidade de Cambridge, que usou imagens cerebrais (como tomografias computadorizadas) para monitorizar alterações em neurónios danificados em pacientes que se encontravam numa fase inicial da doença. O fármaco manifestou alguns efeitos colaterais graves, desde problemas da tiroide até níveis elevados de gordura no sangue, que podem levar a uma inflamação perigosa do pâncreas. Mas, por outro lado, as imagens revelaram que os neurónios tinham regenerado as bainhas de mielina - uma descoberta depois confirmada por testes que mostraram que sinais enviados da retina para o córtex visual, na parte de trás do cérebro, tinham acelerado. "Isto só pode ser alcançado por meio da 'remielinização'", disse o professor Alasdair Coles, que liderou a investigação, citado pelo jornal britânico "The Guardian".


Embora o bexaroteno não possa ser usado diretamente como tratamento da esclerose múltipla, o estudo mostrou que a "remielinização" é possível em humanos, sugerindo que outros medicamentos conseguirão interromper a doença. "É dececionante que não possamos usar este medicamento, mas é empolgante que o reparo seja possível e isso dá-nos grande esperança para outro ensaio, que esperamos iniciar este ano", acrescentou Coles.


60 em cada 100 mil portugueses


A esclerose múltipla surge quando o sistema imunológico ataca por engano a camada gordurosa de mielina que envolve os nervos no sistema nervoso central (cérebro e na espinal medula). Com a perda dessa substância, a informação passa a viajar mais lentamente ao longo dos nervos, é interrompida ou simplesmente não é transmitida. Em Portugal, estima-se que 60 em cada 100 mil pessoas sofram da doença.


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