quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


Pesquisa revela os sete alimentos que estão mais sujeitos a adulterações

Café, azeite, mel e leite estão na lista de produtos industrializados alterados

POR CAROLINA GONÇALVES - PUBLICADO EM 17/04/2012
Um estudo publicado na edição de abril do Journal of Food Sciences revelou os sete alimentos que estão mais suscetíveis a terem seus elementos adulterados - ou seja, que têm mais chances de serem misturados com outros ingredientes ou de que seus nutrientes essenciais sejam retirados total ou parcialmente. Os pesquisadores da Michigan State University (EUA) se basearam na revisão de 1.305 registros e publicações acadêmicas sobre fraude alimentar. Confira a lista de produtos industrializados e o veja o que pode estar adicionado aos seus alimentos favoritos:  
  • xícara de café - Foto Getty Images
  • pote com açafrão - Foto Getty Images
  • vidro com azeite - Foto Getty Images
  • pote de mel - Foto Getty Images
  • copo de leite - Foto Getty Images
  • copo de suco de maçã - Foto Getty Images
  • copo de suco de laranja - Foto Getty Images
 
 
DE 7
xícara de café - Foto Getty Images
Café
O pó de café pode vir misturado com milho, cevada e centeio em quantidades muito elevadas. Algumas marcas adicionam fubá e caramelo, com o intuito de atrair os consumidores que preferem sabores mais doces. Em alguns casos, pode conter até mesmo madeira e casca de árvores. A nutricionista funcional e ortomolecular Luciana Harfenist, do Rio de Janeiro, afirma que pessoas com doença celíaca são as mais prejudicadas nesse caso. "Pode haver uma reação alérgica ao glúten presente nesses cereais, que inicialmente não deveriam estar no café, alimento livre de glúten", diz.

Além disso, agregar esses cereais ao café pode fazer com que ele perca seu valor nutritivo, pois suas propriedades são alteradas. A presença de casca de árvore pode aumentar o risco de reações alérgicas, enquanto o caramelo é um perigo aos portadores de diabetes, pois os níveis de glicose podem subir sem que eles saibam a causa.  
pote com açafrão - Foto Getty Images
Açafrão
Esse, que é um dos temperos mais caros do mundo, pode conter amido e gelatina em sua composição. O primeiro pode prejudicar os celíacos, enquanto os corantes artificiais podem desencadear reações alérgicas. "O açafrão é rico em antioxidantes e ajuda nos processos inflamatórios do nosso organismo, mas com esses aditivos essa função pode ser perdida", afirma a nutricionista Luciana . Além disso, os corantes artificiais sobrecarregam o fígado, dificultando seu funcionamento. 
vidro com azeite - Foto Getty Images
Azeite
Segundo a pesquisa, o azeite pode ser adulterado com óleo de milho, óleo de avelã e óleo de palma. "O azeite é uma gordura monoinsaturada rica em ômega 3, e adulterá-la significa tirar o benefício do azeite de ser uma gordura neutra, rica em flavonoides que ajuda a prolongar a longevidade", diz Luciana Harfenist.

O óleo de milho e o óleo de avelã são usados na culinária, porém ricos em ômega 6, uma gordura que em excesso pode levar ao diabetes e outros prejuízos. "Essas duas gorduras tem que estar equilibradas no organismo", afirma a nutricionista. "Ao consumir o ômega 6 tanto no azeite como em outras preparações com óleo de milho, essa proporção fica desigual."

O óleo de palma é uma gordura saturada, que causa diversos malefícios ao organismo, como diabetes, obesidade e elevação da pressão arterial. A nutricionista Elisa Goulart, do Laboratório Sabin, afirma que essa alteração pode ser percebida ao provarmos o azeite. "O melhor é sempre provar o azeite antes de comprá-lo, pois é possível sentir o gosto dos outros óleos, portanto", diz.  
pote de mel - Foto Getty Images
Mel
Os registros da pesquisa afirmam que um terço do mel comercializado nos Estados Unidos está potencialmente contaminado com xarope de milho, glicose e frutose. "O mel é um alimento cheio de vitaminas, minerais e antioxidantes, que perde as duas propriedades com a adição dessas substâncias", conta a nutricionista Luciana. Além disso, os açúcares acrescentados ao produto não possuem valor nutricional, contribuindo apenas para a obesidade. "O xarope de milho, inclusive, pode trazer problemas para as crianças acima de um ano de idade, cujo organismo ainda não consegue digerir corretamente a substância", completa Elisa Goulart.  
copo de leite - Foto Getty Images
Leite
leite dos Estados Unidos pode estar contaminado com água oxigenada e soda cáustica, substâncias que mascaram um produto com falhas de origem. Essa adulteração torna o processo mais barato, mas pode causar oxidação das vitaminas A e E. "A contaminação do organismo por essas substancia causará prejuízos às funções orgânicas do indivíduo, que poderá desenvolver doenças gastrointestinais e até câncer", afirma a nutricionista Elisa.  
copo de suco de maçã - Foto Getty Images
Suco de maçã
A bebida pode ser contaminada com arsênio, xarope de milho e adoçante sintético. "O arsênio é uma substância tóxica, que em doses muito altas pode se transformar em veneno, causando intoxicações graves", diz a nutricionista Luciana. Já o xarope de milho vai alterar a glicemia, não sendo recomendado para pessoas com diabetes.  
copo de suco de laranja - Foto Getty Images
Suco de laranja
Neste ano, o órgão que administra o controle de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos (Food and Drug Administration) detectou a presença de fungicida nos sucos de laranja exportados pelo Brasil - ou seja, há grandes chances de o suco comercializado aqui também possuir esse aditivo. "Os fungicidas alteram a nossa flora intestinal e causam uma produção excessiva de enzimas hepáticas, prejudicando o funcionamento do fígado e intestino", diz a nutricionista Luciana.  
OCU

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


  Fonte: Dep Imprensa em 03/12/2012 (711 leituras)DESENVOLVIMENTO URBANO E HABITAÇÃO
Pessoas com deficiência ganham sede e ampliação na assistência

Na manhã desta terça-feira (4), pessoas com deficiência física e mental de Arapiraca foram beneficiados com a entrega da sede própria da entidade, que cuida das pessoas com necessidades especiais.
A sede da Associação dos Deficientes Físicos e Mentais de Arapiraca (ADFIMA) está localizada na Rua Camilo Collier, nº 388, no bairro Primavera, onde funcionava a sede da Pestalozzi e também do Moce (Movimento Cultural Estudantil).
A inauguração da sede da ADFIMA conta com o apoio da prefeitura e a parceria do vereador Daniel Rocha (PTB), que também conseguiu viabilizar a implantação dos serviços do Centro Especializado em Reabilitação do Agreste (Cera).
Na abertura da solenidade, o grupo de músicos da Associação dos Pensionistas e Aposentados de Arapiraca (AAPIAR) fez apresentação para o público e autoridades.
O cantor e diretor da Casa da Cultura, Manoel Tenório, abrilhantou o evento com o acompanhamento do Hino de Arapiraca.
A cerimônia de inauguração também contou com a presença da deputada federal e prefeita eleita de Arapiraca, Célia Rocha (PTB); vice-prefeito eleito Yale Fernandes; procurador de justiça Antônio Arecipo; secretários municipais de governo, presidenta da Associação das Pessoas com Deficiência Física e Mental de Arapiraca (Adefima), Josefa de Melo; ex-presidenta Anita Bonfim; empresários locais, a exemplo de Antônio Marinho, do Mascate; presidente da Câmara Municipal, Adalberto Saturnino, vereadora Graça Lisboa (PSD) e presidente da Facomar, Brás Farias. 
Ainda participaram da solenidade, os vereadores eleitos Márcio Marques e Aurélia Fernandes; diretor do Centro Especializado em Reabilitação do Agreste (Cera), Adriano Targino, entre outras lideranças e personalidades.
Na ocasião, a representante da diretoria da entidade, Keyla Nunes, fez uma apresentação da história da Adefima, que foi fundada no ano de 1989.
Em seguida, foram apresentados os membros da diretoria e do Conselho Fiscal da entidade, com o agradecimento aos parceiros e colaboradores da Adefima e do Cera, que contam com serviços de profissionais médicos, a exemplo de teraputa ocupacional, ortopedista, neurologista, fisiologista, psicólogo, nutricionista, fonoaudiólogo e assistente social.
"Hoje é um dia muito especial para todos nós. Queremos agradecer o apoio do prefeito Luciano Barbosa, parceiros e colaboradores, como o vereador Daniel Rocha, deputada Célia Rocha, secretário Moysés Montenegro e um grupo de empresários locais", afirmou a diretora.
Por sua vez, o vereador Daniel Rocha, bastante emocionado, falou das dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência em Arapiraca e no Brasil.
"Desde o primeiro dia de mandato, na Câmara de Vereadores, sempre procurei defender esta causa, para tornar a nossa cidade mais justa e acessível para todos", disse Daniel Rocha.
A deputada federal e prefeita eleita Célia Rocha destacou a importância da entidade para a melhoria da qualidade de vida dos portadores de deficiência física.
Ela enalteceu o trabalho do vereador Daniel Rocha e de todo o grupo de apoio à Adefima. "É motivo de satisfação e orgulho participarmos de um momento como este. "A acessibilidade é um desafio de todos nós. Célia lembrou do trabalho realizado pela ex-presidente Anita Bonfim, o apoio do preito Luciano Barbosa e equipe.
"Vamos continuar apoiando iniciativas como essa, como fruto de uma luta de muitos anos. Devemos ter um olhar atencioso e afetivo, sobretudo para as pessoas que mais necessitam de nosso apoio", completou.
Cera
O Centro é um serviço diferenciado que visa, além da reabilitação física e intelectual, promover a reintegração social, familiar e profissional de pessoas com deficiências. O público alvo será inicialmente jovens e adultos acometidos com patologias ortopédicas, neurológicas e intelectuais.
O espaço contará com uma equipe multidisciplinar especializada composta por médicos com especialidades em neurologia e ortopedia, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo e enfermeiro.
Também serão desenvolvidos atendimentos relacionados à promoção da saúde e prevenção de doenças.

 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Silas Malafaia: o caçador de pastores

Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo investiu R$ 4 milhões em curso para formar e capacitar líderes
11.jan.2013 por João Batista Jr.
Ele promete bancar cursos universitários para seus pastores em Harvard, já paga faculdade no Brasil para alguns deles e está em uma cruzada para formar mão de obra evangélica.
Em dezembro passado, Silas Malafaia investiu R$ 4 milhões para realizar a quarta edição da Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo (Eslavec). Trata-se de um curso para formar e capacitar pastores, para quem ele paga salários de até R$ 22.000.
Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que em 2012 recebeu R$ 40 milhões em ofertas, Malafaia tem hoje 120 templos no país e quer chegar a 1.000 unidades em até 10 anos. Leia a entrevista:
Quanto o senhor paga para seus pastores?
Pago entre R$ 4.000 e R$ 22.000 reais, e dou a casa, o colégio dos filhos, tudo. O camarada não precisa se preocupar se a criança se adaptou na escola, se vai encontrar uma casa para morar. Ajudo com tudo para o pastor se dedicar a igreja, focar no trabalho que precisa ser feito.
O senhor dá uma parcela do dízimo arrecadado como parte do pagamento de seus pastores?
Não. A Universal chegou a fazer isso no passado, mas agora não faz mais. Quando eu mando para uma cidade longe, eu banco gasolina, carro, casa, tudo e dou boa remuneração. Eu não dou mole para ninguém, não tem desculpa para não dar certo.
O senhor tem programas de TV em diversos canais, usa Rolex de ouro e fez implantes de cabelo. Beleza é um ponto valorizado na hora de contratar um pastor?
Não tenho esse tipo de preocupação. O cara pode ser feio, mas precisa ter dignidade. Aquela coisa “Eu sou pobre, mas sou limpinho”, sabe? O pastor é um exemplo, tem de estar bem alinhado e penteado. Não escolho pastor pela cara que ele tem.
Faltam pastores no Brasil?
Na verdade, pastores não faltam. Mas falta qualificação. A Bíblia é o melhor manual de comportamento do mundo, se o camarada não souber aplicar teologicamente um conselho para uma pessoa, a coisa complica. Para atender as demandas do mundo moderno, o cara precisa estar preparado. O pastor é, em potencial, um psicólogo. Ele precisa lidar com a vida das pessoas, saber o que dizer, o que aconselhar. Isso não se aprende de uma hora para outra.
É preciso ser casado para ser pastor?
Olha, na minha igreja só tem casados. Como dar conselhos e contar experiências se não passou por aquilo? Ser casado e ter filhos são condições importantes, quem fala o contrário está mentindo. Tem muita patrulha em cima disso, mas a Bíblia é clara que o pastor deve antes pastorear sua família. É profético.
Evangélico sofre preconceito?
A igreja evangélica é um extrato da sociedade. A maioria das pessoas que vai lá ganha cinco salários mínimos, como o resto do Brasil. Não tem essa coisa de ser lugar de gente não esclarecida. O mesmo público que vai ao restaurante vai à igreja. Os crentes são como todos os brasileiros.
O senhor bancou R$ 4 milhões para fazer o curso da Eslavec. Não pediu ofertas para cobrir esse investimento?
Antes de o curso começar, algums parceiros tinham dado R$ 1,3 milhão, mas daí pedi aos alunos ofertas também. No ano que vem, esse curso será realizado em Fortaleza e terá capacidade para 15.000 pessoas. Vai ser muito forte.
Quais são os gastos com esse curso?
Vários, como trazer preletores importantes. Eu trouxe o T. D. Jakes, um bispo importante dos Estados Unidos. Ele discursou no funeral da Whitney Houston e é conselheiro do Barack Obama. O cara pede US$ 300.000 por palestra, mas para mim ele fez por US$ 60.000 porque estava com vontade de conhecer o Brasil. Os palestrantes brasileiros receberam ofertas de R$ 20.000.
A sua igreja arrecadou R$ 40 milhões em 2012. Onde o senhor aplica esse dinheiro?
O dinheiro é investido em templos, na qualificação de pastores e em obras sociais. Tenho 120 igrejas hoje e quero chegar a 1.000 nos próximos dez anos.
Há um valor mínimo para dar ofertas para sua igreja?
Claro que não. Cada um dá quando pode e quanto quiser. Eu tenho empresário que me dá R$ 300.000 por mês. Há um ministro do Supremo Tribunal de Justiça que me manda por mês R$ 300,00, R$ 500,00. Outra coisa: 20% das ofertas que recebo não são de evangélicos, mas de pessoas que se identificam com minhas obras sociais e com minha conduta. É muito forte.
O senhor tem medo de um pastor deixar sua equipe para fundar uma igreja própria e, com o tempo, ela ficar maior do que a sua?
Se um cara me disser que quer voar, beleza. É impossível segurar uma águia. Mas um nunca vi um cara dar rasteira e conseguir sobreviver.

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RELIGIÃO

Acompanhamos um curso de formação de mão de obra evangélica

Em troca de dedicação integral, quem segue carreira pode ganhar um salário de até R$ 22.000 por mês
11.jan.2013 por João Batista Jr.
Era início de tarde de uma terça-feira de dezembro quando um ônibus saiu da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Bom Retiro, localizada na Barra Funda, rumo a Águas de Lindoia. “Que Deus abra o caminho contra as sílabas do maligno”, anunciou o guia da excursão, antes de o veículo dar a partida. Na cidade do interior do estado ocorreria a quarta edição da Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo (Eslavec), um dos maiores cursos nacionais para a formação de pastores. Durante quatro dias, cerca de 5.000 alunos, vindos da capital paulista, do interior e de várias regiões do país, compareceram ao intensivão gospel, incluindo o repórter de VEJA SÃO PAULO, que pagou R$ 700,00 pela inscrição e não se identificou como jornalista na ocasião.
O criador e principal instrutor do evento é o religioso Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que reúne 120 igrejas no Brasil. A entidade começou no Rio de Janeiro, onde mantém até hoje sua base. Está entre as prioridades atuais acelerar a expansão em São Paulo. Aqui, ele planeja abrir templo próprio em 2014 (por enquanto, Malafaia prega semanalmente na Assembleia de Deus do Bom Retiro, de Jabes Alencar) e mais de 250 outros endereços num prazo de dez anos.
No trajeto de 180 quilômetros até Águas de Lindoia, foi possível começar a conhecer melhor o público variado atraído pela Eslavec. Havia pastores formados que encaravam a oportunidade como uma espécie de pós-graduação na área, muitos fiéis interessados em transformar a vocação num trabalho remunerado (Malafaia chega a pagar salários mensais de até R$ 22.000 aos maiores talentos) e alguns curiosos. Quase todos carregavam uma Bíblia na mão durante a viagem. A maioria dos rapazes vestia calça de tergal e camisa social, enquanto as mulheres trajavam saia jeans até a altura do tornozelo. Destoavam apenas uma bolsa Louis Vuitton no braço de uma senhora e um reluzente relógio Gucci no pulso de uma dona de casa, moradora do bairro de Higienópolis.
              Wesley Rebustini, de 28 anos: cinco novas igrejas em 2013
Wesley Rebustini, de 28 anos: cinco novas igrejas em 2013 
(Foto: 
Mario Rodrigues
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No caminho, um grupo se reuniu no fundo do ônibus para discutir assuntos variados. Celebraram a maior presença evangélica na programação da Rede Globo, comentaram o movimento homossexual (“É uma tirania, esse povo quer ter mais direitos que o resto da população”, afirmou um homem) e esconjuraram o Carnaval (“Uma grande tentação para os jovens”, definiu um senhor, sob os olhares de aprovação dos demais). Uma mulher aparentando cerca de 40 anos contou que quase perdera a oportunidade de estar ali devido a um acidente no qual rompeu o ligamento do pé direito. “Entrei no Google para aprender alguns exercícios de fisioterapia, ungi a região e agora estou nova”, explicou. O percurso de quase três horas ocorreu num clima de tranquilidade, quebrado apenas numa ocasião pelo grito de uma passageira. “Onde está o repelente, Senhor?”, dizia ela, incomodada com os mosquitos zunindo sobre sua cabeça. “Misericórdia, meu Jesus!”, bufava, enquanto desferia golpes no ar com um travesseiro.
Em Águas de Lindoia, essa turma e as demais foram divididas em dezesseis hotéis do município reservados exclusivamente aos evangélicos. No Casablanca, que hospedou o repórter de VEJA SÃO PAULO, com diárias a partir de R$ 208,00 fora do período do evento, o quarto era partilhado com outros três participantes, todos eles pastores (um de Mato Grosso do Sul, outro do Maranhão e o último do Pará). No frigobar, havia apenas água mineral e refrigerantes. Por ordem dos responsáveis pela Eslavec, bebidas alcoólicas são proibidas durante os dias do curso. Os organizadores investiram R$ 4 milhões para realizar o evento e distribuíram, de graça, 3.000 matrículas num sorteio promovido pelo site da igreja de Malafaia. Uma das contempladas, a paulistana Sarah Leitão, de 21 anos, diz ter recebido um chamado de Deus para ser pastora. “Minha hora vai chegar”, confiava ela.
              Sarah Leitão, de 21 anos: “recebi um chamado de Deus para ser pastora”
Sarah Leitão, de 21 anos: “recebi um chamado de Deus para ser pastora” 
(Foto: 
Mario Rodrigues
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A apresentação de Malafaia abriu as atividades, realizadas num centro de convenções. Quando ele surgiu no palco, muitos levantaram seus smartphones e tablets para fazer fotos e vídeos. Malafaia concentrou sua fala nas qualidades essenciais a um bom líder. Entre elas, está a de sempre honrar o pacto de fidelidade à sua igreja de origem, numa alusão clara aos que deixam os templos levando junto parte do rebanho e do respectivo dízimo. “Temos de respeitar quem nos tirou a fralda no Evangelho”, afirmou, ganhando aplausos do público. Antes de cada palestra, uma espécie de supermercado da fé tomava conta do local, com anúncios de descontos em livros, DVDs e CDs evangélicos. “Você compra com cheques para trinta ou sessenta dias, revende ao pessoal da sua igreja e ainda ganha um cascalho”, sugeriu Malafaia.
Outros colegas deram prosseguimento aos trabalhos, enfatizando sempre as regras do ofício que consideram sagradas. Quando um pregador for designado para uma cidade distante da sua, por exemplo, deverá sempre comprar um imóvel para estabelecer raízes e não se sentir um exilado. “A população local vê essa atitude com bons olhos”, disse o pastor Silmar Coelho. Adultério e prática homossexual são pecados imperdoáveis. Para deixar claro quanto a família é importante, a mulher do religioso deve estar sempre presente nas atividades e orações. “Ajuda a não dar margem a fofocas”, justificou Coelho, usando em seguida um exemplo pessoal para reforçar esse ponto de vista. “Quando minha esposa estava grávida, chegou a acompanhar meu culto, mesmo sofrendo graves dores nas costas”, relatou. Mais aplausos da plateia.
Num cercadinho onde só entravam convidados da organização, havia uma área vip para alguns estudantes, ocupada por pessoas como Sarah Sheeva, uma das filhas do casal de cantores Baby do Brasil e Pepeu Gomes. “Fui ungida pastora adjunta da minha igreja no Rio, a Celular Internacional, então não ganho salário e vivo da venda dos meus livros”, afirmou. As obras em questão são de literatura gospel — Onde Foi que Eu Errei, sobre a aflição dos pais que se perguntam por que os filhos foram para o caminho errado, e Defraudação Emocional, título de autoajuda para evitar tropeços na vida sentimental.
              Sarah Sheeva: integrante da plateia vip
Sarah Sheeva: integrante da plateia vip 
(Foto: 
Mario Rodrigues
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Outra grande estrela da Eslavec foi o americano T.D. Jakes, da Potter’s House, de Dallas, uma das maiores igrejas evangélicas dos Estados Unidos. Em seu currículo, constam feitos como a realização do discurso de despedida no funeral da cantora Whitney Houston, em fevereiro de 2012. “Ele cobra US$ 300.000 por palestra, mas para mim fez por US$ 60.000”, contou Malafaia. A cada fala do americano, um negro forte e alto, o pastor Gidalti Alencar, baixo e mirrado, traduzia sua fala remedando seus gestos com as mãos. “Os jovens estão com a força e devem assumir a vocação que Deus lhes deu, conquistando fiéis com a palavra do Senhor”, pregou o bispo de Dallas. Numa de suas aulas, pediu aos alunos entre 18 e 25 anos que entoassem uma oração à meia-noite daquele dia. Aplicados, os aprendizes promoveram rezas, gritos e cantorias no horário combinado, fazendo com que os hotéis onde estavam hospedados tivessem um clima de rave de Jesus.
Nos últimos anos, os evangélicos vêm crescendo rapidamente no país. Só na cidade de São Paulo, os adeptos passaram de 1,6 milhão de pessoas, em 2000, para 2,5 milhões, em 2010, representando hoje 22% da população da metrópole. Com mais rebanho para cuidar, aumentou também a necessidade de acelerar a formação dos pastores. O evento da Eslavec é um exemplo do atual grau de profissionalização do negócio. “Temos muitos pastores em ação, mas poucos são verdadeiramente qualificados”, afirmou Malafaia.
Na capital, atuam aproximadamente 30.000 líderes da religião, segundo estimativa do Sindicato dos Ministros de Cultos Religiosos Evangélicos e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo. Criada em 1999, a entidade surgiu com o objetivo de garantir os direitos trabalhistas da categoria. “Para não aumentarem seus custos, alguns donos de igrejas não remuneravam de forma adequada, e a Justiça demorou a aceitar que essa era uma profissão como as outras, com direitos e deveres da parte do empregador e do empregado”, explica José Lauro Coutinho, pastor da Assembleia de Deus e fundador do sindicato. Segundo seus cálculos, cerca de cinquenta evangelizadores moveram ações nos últimos dez anos cobrando dívidas e pedindo indenizações.
              Valdemiro Santiago: parte do dízimo engorda a renda dos funcionários
Valdemiro Santiago: parte do dízimo engorda a renda dos funcionários 
(Foto: 
Hélio Hilarião/Folhapress
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Atualmente, de modo geral, a política das principais igrejas é valorizar a mão de obra, protegendo-a da cobiça das concorrentes. Comuns no meio corporativo, as estratégias para reter talentos e premiar funcionários que cumprem metas de lucros foram incorporadas ao mundo neopentecostal por Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. Nos anos 90, quando ela passava por um forte processo de expansão, Macedo criou um meio de supervisionar seus encarregados. Eles permaneciam, em média, de um a dois anos em um templo para evitar que saíssem para abrir a própria igreja, levando os fiéis.




 



Por Helmuth Matschulat
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"Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela" - Atos 2.22-24.
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Certa ocasião recebi o pedido de um ilustre desembargador, já aposentado, para conversar sobre o julgamento de Cristo. Ele admitia a inocência de Jesus, mas, como profundo conhecedor do direito romano, concluiu que o julgamento não estava bem contado. Segundo ele, não seria correto o justo sofrer pelo injusto. Cada um deve arcar com as consequências de seus próprios erros. Se Pilatos, representando o Império Romano, não achou culpa em Jesus, então não poderia ser condenado. O jurista concluiu que a narrativa do Novo Testamento não estava correta.
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Apresentei diversos livros sobre o assunto, mas com muita habilidade ele refutava os argumentos dos escritores, sempre defendendo que o registro bíblico não estava correto. Passaram-se meses. Um dia estudamos Romanos, carta na qual Paulo faz uma dissertação jurídica sobre a justificação e conclui que a lei não é suficiente para a salvação, mas sim a graça de Deus. Ao ler os versículos "Deus demonstra o seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores" (Romanos 5.8) e "o amor é o cumprimento da lei" (Romanos 13.10b), o desembargador disse que se rendia e aceitava o julgamento de Jesus. Depois foi mais fácil entender e aceitar o que o apóstolo Pedro registrou: "Cristo sofreu pelos pecados de uma vez por todas, o justo pelos injustos" (1 Pedro 3.18a).
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Recordei, então, a palavra que Deus fala pelo profeta Jeremias (23.29b): "Não é a minha palavra ... como um martelo que despedaça a rocha?" e também através de Paulo a Timóteo: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça" (2 Timóteo 3.16). Quando há dúvidas, procure na Palavra de Deus as respostas!
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Toda a justiça de Deus cabe dentro da sua graça, e ainda sob