terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

OS DÉFICITS COGNITIVOS (DC ) NA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Cognição é o ato ou processo de conhecer e a psicologia cognitiva estuda os processos de aprendizagem e de aquisição do conhecimento.
A importância dos problemas, cognitivos e afetivo-emocionais na EM, são a possibilidade de apresentarem um impacto considerável sobre o bem estar da pessoa em várias áreas de sua vida: adaptação familiar, profissional, social e outros que são essenciais na qualidade de vida.
Os Déficits Cognitivos (DC) na EM podem mesmo anteceder o diagnóstico da doença, pois os DC em pacientes com EM está intimamente ligados à patologia da doença (processo inflamatório e degenerativos).
Alterações cognitivas são muito comuns na EM, estando presentes em 40% a 70% dos pacientes, já presentes em 25% dos casos em fase inicial da doença. Os problemas mais comuns são as dificuldades e deficiências da atenção e da memória e a redução da rapidez e eficiência do processamento de informações. Há também o déficit da atenção sustentada, ou seja, da capacidade de concentração em determinada atividade, especialmente naquelas que requerem também dividir a atenção com diferentes tarefas, ações ou informações simultâneas. De modo similar estão deficientes tanto a memória a curto-prazo (ou seja, memória operacional, que lida com informações simultâneas, na faixa de segundos), como também a memória a longo-prazo (aprendizado de informações e recordação de fatos ocorridos vários minutos, horas ou dias antes).
A redução da rapidez no processamento de informações é o déficit cognitivo mais comum na EM, tal como se verifica durante a execução do teste PASAT (que consiste em operar com números dados consecutivamente, somando o número dito a cada 3 segundos (pelo computador) com o último número apresentado, e não com a soma anterior). Os déficits de atenção mantida e dividida, da memória operacional e da rapidez de processamento de informações, prejudicam o funcionamento executivo do paciente, inclusive em tarefas cotidianas.
A Avaliação Neuropsicológica é um procedimento que tem por objetivo investigar as funções cognitivas de pacientes, buscando elucidar os distúrbios de atenção, memória e funções executivas, além de alterações cognitivas específicas como capacidade de raciocínio, cálculo, abstração, planejamento, e seus diagnósticos diferenciais.
Em atendimento a pacientes diagnosticados com EM, é comum observar as aflições, ansiedade e preocupações quando suas funções cognitivas começam a apresentar falhas, porém estudos recentes nos mostram o quanto uma Avaliação Neuropsicológica realizada nos primeiros sintomas se faz necessário para uma melhor recuperação das funções atingidas.
A Reabilitação Cognitiva é um processo terapêutico que visa recuperar ou estimular as habilidades funcionais e cognitivas do homem, ou seja, reconstruir seus instrumento cognitivos.
Assim como a visita periódica ao neurologista o atendimento multidisciplinar também tem grande importância para a reabilitação cognitiva. Profissionais como Neuropsicólogo, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta, Nutricionista e Terapeuta Ocupacionais voltados para um atendimento específico ao problema tem apresentado resultados positivos na reabilitação dos pacientes, melhorando sua saúde física e mental.
A EM é uma doença envolta em muitos aspectos neuroquímicos e imunológicos desconhecidos. Além disso torna-se necessário uma conscientização do paciente e de sua família em buscar uma superação das funções comprometidas, evitando o agravamento da doença.
Dicas para manter uma boa cognição:
- Alimentação saudável, evitar gorduras e açúcares;
- Dormir bem, o sono revigora as energias;

- Fazer palavras cruzadas, caça palavras, jogo dos sete erros, dama, xadrez e outros jogos para manter sempre uma boa memória;
- Ler livros, revistas, jornais. A leitura melhora o vocabulário aumentando as sinapses (comunicação entre um neurônio e outro);
- Usar sempre o computador para fazer pesquisas, jogar, conversar com amigos distantes;
- Praticar exercícios físicos como caminhada, natação, hidroginástica, respeitando sempre suas limitações. O exercício físico melhora a oxigenação cerebral, sendo bom para o coração e para o corpo.
- Evitar bebidas alcoólicas, cigarros e drogas, pois estes vícios proporcionam a morte neuronal prejudicando as cognições;
- Fazer novos amigos, conversar, divertir, passear;
- Procure sempre estar feliz, pois a felicidade  proporciona uma vida melhor;
Elizabeth Ferreira Guimarães Zenha (CRP: 09/2060). Especialista em Neuropsicologia pela PUC ( Pontifícia Universidade Católica de Goiás)
Trabalha como Neuropsicóloga em consultório particular e no CRIEM (Centro de Reabilitação Investigação e Pesquisa em Esclerose Múltipla), desde maio de 2008.


REFERÊNCIAS
1 – Diniz, D.S. Correlação Clínico-Laboratorial e de Imagem do Lúpus Eritematoso Sistêmico e da Esclerose Múltipla no HC/FM/UFG em Goiânia/Goiás de 2009 a 2010: Ênfase nas Manifestações Neurológicas. Dissertação (Doutorado), UFG, Goiânia, 2011.
2- O, Connor, P. Key issues in the diagnosis and treatment of multiple sclerosis: an overview. Neurology.59: S!-S33,2002..
3- McDonald, W.I., Ron, M. Multiple Sclerosis: the disease and its manifestations. Philosophical Transactions of theRoyal Society, London, 354: 1615-1622,1999.
4- Lima, E.P., Rodrigues, J.L., Vasconcelos, A.G., Peixoto, M.A.L., Haase, V.G. Heterogeneidade dos déficits cognitivo e motor na Esclerose Multipla: Um estudo com a MSFC. Psico.,39(3): 371-381,2008.
5- Callegaro,D. Epidemiologia da Esclerose Múltipla. Trabalho apresentado no BCTRIMS. First Annual Meeting, Brazilian Commitee for Treatmente and Research in Multiple Sclerosis, Salvador (BA). 2000.
26- Ferreira, F.O.,et al. Velocidade de processamento, sintomas depressivos e memória de trabalho: comparação entre idosos e portadores de esclerose múltipla.Psicol reflex crit., 24(2): 367-380,2011.

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