segunda-feira, 25 de março de 2019


  • PEDIATRIA
CARDIOLOGIADOENÇAS AUTOIMUNES

DOENÇA DE KAWASAKI – CAUSAS, SINTOMAS E TRATAMENTO

Apesar auto-limitada, a doença de Kawasaki pode provocar graves complicações, como aneurismas, AVC ou infarto do miocárdio.

O que é a doença de Kawasaki

A doença de Kawasaki (DK), chamada inicialmente de síndrome dos nódulos linfáticos mucocutâneos, foi descrita no Japão, em 1967, pelo Dr. Tomisaku Kawasaki, que relatou 50 casos de crianças com quadro de febre, erupções a pele, conjuntivite, aumento dos linfonodos do pescoço, inflamação dos lábios e da língua e edema das mãos e dos pés.
A doença foi inicialmente considerada uma enfermidade benigna, pois ela curava-se espontaneamente após cerca de 12 dias, mesmo quando nenhum tratamento havia sido administrado. Porém, conforme novos casos foram sendo descritos, verificou-se que até 25% das crianças não tratadas desenvolviam sequelas cardíacas e cerca de 2% evoluíam para o óbito.
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A doença de Kawasaki é uma vasculite* que pode provocar lesão em veias e artérias de pequeno e médio calibres em qualquer parte do corpo, mas que atinge de forma mais pronunciada as artérias coronarianas (artérias que nutrem o músculo cardíaco).
* Se você quiser mais explicações sobre o que é uma vasculite, acesse o link: VASCULITE – Causas, Tipos, Sintomas e Tratamento.
A DK é uma doença que ocorre predominantemente em crianças até os 5 anos de idade (80 a 90% dos casos). Apesar de existirem casos em todos os países e em todas as etnias, essa forma de vasculite é muito mais comum nas crianças de origem asiática, principalmente nas japonesas.
Enquanto nos países ocidentais a incidência anual da doença de Kawasaki é baixa, com apenas 10 a 20 casos descritos por cada 100.000 crianças de até 5 anos, no Japão, a incidência é alta, chegando a 250 casos por ano para cada 100.000 crianças. Cerca de 1% das crianças japonesas desenvolvem a doença de Kawasaki ao longo dos primeiros 5 anos de vida.
A doença de Kawasaki no adulto é bastante rara, havendo apenas 100 casos publicados em todo mundo entre 2010 e 2017.

Causas da doença de Kawasaki

A origem da doença de Kawasaki ainda é desconhecida. Estudos epidemiológicos e imunológicos sugerem que o gatilho para a cascata de eventos que acaba por provocar o quadro de vasculite possa ter origem infecciosa. No entanto, a gênese da doença não parece ser assim tão simples e fatores auto-imunes e genéticos também parecem ser necessários para a doença surgir.
A hipótese mais aceita atualmente é a de que um agente infeccioso, seja um vírus ou uma bactéria, possa ativar o sistema imunológico de crianças geneticamente predispostas, provocando uma reação auto-imune contra os vasos sanguíneos (para entender o que é uma doença auto imune, leia: DOENÇAS AUTOIMUNES – Causas, Sintomas e Tratamento).
O mais provável é que esse germes que desencadeiam a doença de Kawasaki provoquem uma infecção assintomática ou pouco sintomática antes da vasculite surgir, motivo pelo qual é difícil estabelecer com certeza a relação da DK com uma infecção prévia.
Alguns dados epidemiológicos importantes dão suporte à teoria da origem infecciosa, entre eles:
  • A doença de Kawasaki é caracterizada por um exantema febril com inflamação dos gânglios linfáticos e da mucosa da boca, manifestações que são semelhantes às de várias doenças contagiosas infantis, tais como sarampo e escarlatina, por exemplo.
  • Existe um aumento sazonal na incidência de DK no inverno e no verão, comportamento que é semelhante ao de várias infecções virais.
  • A doença de Kawasaki ocorre frequentemente em surtos, acometendo uma determinada população em uma restrita área geográfica.
  • No Japão observou-se que os irmãos das crianças com DK apresentam maior risco de também desenvolver a doença, o que geralmente ocorre dentro de uma semana após o início dos sintomas na primeira criança.
  • A doença é comum em crianças menores de cinco anos, mas é rara naqueles menores de seis meses. Esse fato pode ser explicado pela presença de anticorpos maternos ainda circulantes no organismo do bebê nos primeiros meses de vida, o que impediria a sua contaminação pelos germes desencadeadores.
Entre os vírus e bactérias que podem desencadear a doença de Kawasaki, alguns agentes suspeitos são:
  • Parvovírus B19.
  • Meningococo.
  • Mycoplasma pneumoniae.
  • Klebsiella pneumoniae.
  • Adenovírus.
  • Citomegalovírus.
  • Vírus Parainfluenza.
  • Rotavírus.
  • Vírus do sarampo.
  • Vírus de Epstein Barr.
  • Vírus linfotrópico humano.
  • Rickettsias.

Sintomas da doença de Kawasaki

O quadro clínico da doença de Kawasaki é habitualmente dividido em 3 fases: aguda, subaguda e convalescência, conforme o gráfico abaixo ilustra.
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Sintomas da doença de Kawasaki
Fases da doença de Kawasaki

1. Fase aguda

Febre
Febre alta, acima de 38,5ºC, de início súbito e que responde mal aos antipiréticos, é o primeiro e o mais comum sinal da doença de Kawasaki. Se não for tratada, a febre costuma se prolongar por vários dias, às vezes até semanas.
Conjuntivite
Poucos dias após o surgimento da febre, 90% das crianças começam a apresentar conjuntivite bilateral, que costuma provocar vermelhidão mais intensa na parte lateral dos olhos, com pouca ou nenhuma secreção amarelada. 70% dos pacientes com acometimento ocular desenvolvem também uveíte anterior, que é a inflamação da íris ao redor da pupila.
Mucosite
Mais ou menos na mesma época em que surge a conjuntivite, o paciente também costuma desenvolver mucosite, que é a inflamação da mucosa da boca. Os lábios ficam avermelhados e rachados, enquanto a língua fica inflamada e com as papilas bem evidentes, adquirindo um aspecto típico chamado de “língua em morango”, conforme ilustrado na imagem que abre o texto.
Ao contrário da conjuntivite, que ocorre em praticamente todos os casos, a mucosite pode não estar presente em todos os pacientes ou pode ser muito branda, passando quase despercebida.
Rash
Também nos primeiros dias de febre, em cerca de 70% dos pacientes costuma surgir um rash de pele na região genital, perianal e no tronco.
Linfadenite cervical
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A linfadenite cervical (aumento dos linfonodos no pescoço) costuma estar presente em 25 a 50% dos casos. A maioria dos pacientes apresenta um único linfonodo aumentado na região anterior do pescoço.
Artrite
artrite costuma aparecer em apenas 10% dos pacientes. As articulações habitualmente mais acometidas são os tornozelos, joelhos e quadril.
Manifestações cardíacas
miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e a pericardite (inflamação do pericárdio) costumam ser a complicações que surgem na fase aguda da doença de Kawasaki. Arritmias e lesões nas válvulas cardíacas também podem surgir.
Ao ecocardiograma, alguns pacientes com miocardite já apresentam nos primeiros dias sinais iniciais de insuficiência cardíaca.
Mãos e pés
Vermelhidão e inchaço nas nas palmas das mãos e na planta dos pés costumam ser a última manifestação a surgir na fase aguda. A lesão nos pés pode fazer com que a criança tenha dificuldade para andar.
Outros sinais e sintomas
Nos primeiros 10 dias de doença, o paciente pode apresentar também:
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  • Diarreia, vômitos ou dor abdominal – 61%.
  • Irritabilidade – 50%.
  • Vômitos isoladamente – 44%.
  • Perda do apetite – 37%.
  • Tosse – 35%.
  • Dor nas articulações (sem sinais de artrite) – 15%.

2. Fase subaguda

A fase subaguda inicia-se quando a febre desaparece, fato que costuma ocorrer ao redor do 10º dia, e dura até a 4ª ou 6ª semana. O não desaparecimento da febre após 2 semanas costuma ser um sinal de mau prognóstico, pois está mais associado a complicações cardíacas.
A manifestação característica da fase subaguda é a descamação dos dedos, que habitualmente começa nas extremidades e vai se alastrando por todas as mãos e pés. Outro achado típico é o surgimento de aneurismas nas artérias coronarianas, provocados pela inflamação dos vasos sanguíneos.
Sinais e sintomas iniciados na fase aguda, tais como vômitos, diarreia, irritabilidade e dor articular, podem ainda estar presentes nessa fase seguinte da doença.
Laboratorialmente, o paciente apresenta uma grande elevação na contagem de plaquetas (trombocitose), que pode ultrapassar o valor de 1 milhão de células por microlitro, aumentando muito o risco de formação de trombos nos vasos sanguíneos (trombose).
Os valores de VHS e de proteína C reativa (PCR) também costumam estar bem elevados.

3. Fase de convalescência

A fase de convalescência é marcada pela resolução completa dos sintomas da doença, fato que geralmente acontece no prazo de 3 meses.
Durante este estágio, podem surgir sulcos transversais nas unhas, chamadas de linhas de Beau.
Na fase de convalescência, os pequenos aneurismas da artéria coronária tendem a se resolver espontaneamente. Já os aneurismas maiores, por sua vez, podem se expandir e provocar infarto do miocárdio.

Critérios diagnósticos

Não existe um exame laboratorial ou de imagem que sozinho consiga estabelecer o diagnóstico da doença de Kawasaki. Sendo assim, o diagnóstico, em geral, é feito através da avaliação conjunta da história epidemiológica, dos sintomas e dos resultados dos exames complementares.
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Os critérios diagnósticos estabelecidos pelo Dr. Tomisaku Kawasaki em 1967 ainda são utilizados hoje em dia.
Para que uma criança de até 5 anos tenha o diagnóstico da DK, ela precisa apresentar um quadro de febre por pelo menos 5 dias, associado a pelo menos quatro dos seguintes cinco achados físicos:
  • Conjuntivite bilateral.
  • Inflamação da mucosa oral.
  • Inflamação e edema de mãos e pés.
  • Rash característico.
  • Linfadenopatia cervical (pelo menos um linfonodo maior que 1,5 cm de diâmetro).
O ecocardiograma é um exame que não faz parte dos critérios diagnósticos, mas é útil para identificar precocemente as complicações cardíacas.

Tratamento da doença de Kawasaki

O tratamento precoce da doença de Kawasaki é essencial para reduzir o risco de complicações.
A administração de imunoglobulina intravenosa em dose única ainda nos primeiros 10 dias doença é a principal medida terapêutica.
Se o diagnóstico não tiver sido feito nos primeiros 10 dias, mas o paciente ainda apresentar sinais de inflamação sistêmica ativa, tais como febre alta e PCR elevada, a imunoglobulina ainda pode ser administrada, mesmo após o 10º dia de doença.
A aspirina em doses elevadas costuma ser utilizada na fase aguda, pois ela além de ter efeito anti-inflamatório e antipirético também inibe a ação das plaquetas, diminuindo o risco de trombose.
A taxa de mortalidade  dos pacientes tratados é baixa (0,1 a 0,3%). Os raros casos fatais ocorrem quando há envolvimento cardíaco grave, que geralmente resultam em infarto do miocárdio, arritmias ou ruptura de aneurisma. Esses casos geralmente ocorrem quando o diagnóstico não é feito precocemente e o tratamento não é administrado nos primeiros 10 dias de doença.

ESCLERODERMIA – CAUSAS, SINTOMAS E TRATAMENTO

A esclerodermia é uma doença autoimune e inflamatória da pele.

A esclerodermia, cujo nome é derivado das palavras gregas skleros (endurecido) e derma (pele), é um doença de pele de origem autoimune, caracterizada, como o próprio nome sugere, por um progressivo enrijecimento da pele.
Quando além das características lesões da pele, o paciente também envolvimento de vasos sanguíneos e órgãos internos, chamamos a doença de esclerose sistêmica. Muitos médicos, porém, utilizam os termos esclerodermia e esclerose sistêmica de forma intercambiável.
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O fato é que a esclerodermia pode ser considerada um conjunto de doenças que apresentam manifestações clínicas distintas, mas que estão ligadas pela presença do enrijecimento da pele.
Neste artigo vamos explicar o que é a esclerodermia, quais são os seus subtipos, os sintomas característicos e quais são as opções de tratamento.

O que é a esclerodermia

A esclerodermia é uma doença relativamente rara, que acomete cerca de 200 a 300 pessoas a cada 1 milhão de habitantes. Sua origem é autoimune, ou seja, é uma doença na qual o nosso sistema imunológico de forma inapropriada ataca as nossas próprias células (para saber mais sobre as doenças autoimunes, leia: DOENÇA AUTOIMUNE – Causas, Sintomas e Tratamento). O mecanismo exato de como a doença se desenvolve é bem complexo e ainda não está totalmente esclarecido. Sabemos, porém, que a doença é o resultado de três processos patológicos distintos:
1- Lesões inflamatórias das pequenas artérias e arteríolas.
2- Anormalidades na resposta imunológica frente a essas lesões vasculares.
3- Produção excessiva de colágeno, que se deposita na pele e nos órgãos internos, levando ao seu espessamento e enrijecimento.
Não sabemos ainda o motivo pelo qual a esclerodermia surge, mas a suscetibilidade genética parece desempenhar um papel relevante. O problema é que a genética sozinha não é suficiente para que a doença surja. A teoria atualmente mais aceita é a de que pessoas geneticamente susceptíveis, ou seja, pessoas que carregam determinados genes, quando são expostos a determinados fatores ambientais, sejam eles infecções ou substâncias químicas, ativam o gatilho que desencadeia os processos patológicos que levam, em última análise, à esclerose sistêmica.
Algumas bactérias e vírus podem apresentar proteínas que são semelhantes àquelas presentes no nosso corpo. Em pessoas susceptíveis, o sistema imunológico pode tentar criar anticorpos contra essas proteínas virais ou bacterianas, mas, de forma equivocada, acaba por criar anticorpos contra as nossas próprias proteínas. Infecções por citomegalovírus, parvovírus B19 e herpes vírus 5 são alguns dos gatilhos sugeridos.
O mesmo processo pode ser desencadeado pela exposição ocupacional a certas substâncias químicas, como a sílica ou produtos derivados do petróleo (cloreto de vinila, tricloroetileno, tolueno, resinas, benzeno ou tetracloreto de carbono). Também há relatos de desenvolvimento de esclerodermia em pacientes submetidos à quimioterapia com bleomicina.

Classificação da esclerodermia

A esclerodermia costuma ser dividida em duas formas, de acordo com o grau de acometimento dos órgãos internos:
1- ESCLERODERMIA LOCALIZADA
A esclerodermia localizada é uma doença que se restringe à pele, podendo em alguns casos se estender até músculos, articulações e ossos. A esclerodermia localizada não apresenta envolvimento de órgão internos nem lesões vasculares graves.
A esclerodermia localizada é subdividida em:
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a) Esclerodermia linear – é uma forma comum em crianças, caracterizada por lesões de espessamento da pele em bandas ou linhas, que são localizadas no tronco ou membros e costumam ficar restritas a apenas uma metade do corpo. Uma forma típica de esclerodermia linear é a chamada lesão em “golpe de sabre”, que é um espessamento da pele que costuma surgir na região do crânio e parece ter sido feito por um golpe de espada.
Esclerodermia localizada
Fonte: Scleroderma Foundation
b) Morféia – é a forma clínica mais comum e se apresenta como zonas de pele espessada, geralmente de forma oval, com centro mais esbranquiçado e bordas violáceas. Com o tempo, as lesões podem se tornar mais acastanhadas. Estas lesões surgem com mais frequência no tronco e nos membros.
A morféia generalizada é uma forma mais grave, com múltiplas placas espessadas que acometem extensas áreas da pele, que podem ter uma coloração mais esbranquiçada ou amarelada, sendo habitualmente mais claras que as áreas de pele saudável.
2- ESCLEROSE SISTÊMICA
A esclerose sistêmica é a forma mais grave da doença, havendo não só acometimento da pele, mas também de vasos sanguíneos e órgãos internos. A esclerose sistêmica pode ser subdividida em três formas:
a) Esclerose sistêmica cutânea difusa – Além do acometimento da pele, que costuma ser bastante difuso, porém restrito às regiões centrais do corpo, como tronco e início dos membros, essa forma de esclerodermia também pode afetar vários órgãos internos, como pulmões, coração, sistema gastrointestinal e rins. Este tipo de esclerodermia é bem grave e, se não for tratada, costuma ser fatal.
b) Esclerose sistêmica cutânea limitada – Nessa forma de esclerodermia, o acometimento da pele costuma ser mais periférico, ficando restrito a mãos, antebraços, pernas, face e pescoço. Partes centrais, como tronco, braços e coxas costumam ser poupados.
O atingimento dos órgãos internos costuma ser mais tardio e tende a ficar confinado, quase sempre, ao tubo digestivo e aos pulmões. A esclerose sistêmica cutânea limitada costuma causar a chamada síndrome CREST, que é um acrônimo em inglês para as seguintes complicações: Calcinose (depósitos de cálcio na pele); fenômeno de Raynaud (alterações vasculares que provocam isquemia e mudanças temporárias na cor dos dedos), Esôfago (alterações na motilidade do esôfago), eSclerodactilia (Sclerodactyly em inglês – espessamento e enrijecimento da pele dos dedos, como na foto que abre este artigo) e Telangiectasias (vasos capilares finos, vermelhos ou violáceos que se aglomeram na superfície da pele).
c) Esclerose sistêmica sine esclerodermia – É uma forma rara, na qual o paciente tem o quadro de esclerose sistêmica, mas sem o acometimento da pele.

Sintomas da esclerodermia

Os sintomas da esclerodermia dependem da forma de doença que o paciente tem.
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1- Sintomas da esclerodermia localizada
Na esclerodermia localizada, os sintomas praticamente se restringem à pele. A maioria dos pacientes com morfeia desenvolve apenas uma ou duas lesões, que consistem em espessamento, enrijecimento e mudanças de cor da pele. Essas alterações podem durar anos, mas tendem a melhorar. Essa forma de esclerodermia é branda e o prognóstico a longo prazo é muito bom, pois a doença torna-se inativa, ficando o paciente curado.
Na morféia generalizada, o número de lesões de pele é maior e elas tendem a se confluir, acometendo grandes áreas do corpo. Lesões que causam desfiguração podem ocorrer, e mesmo quando há melhora espontânea após alguns anos, as manchas tendem a ser persistentes.
A esclerodermia linear é mais comum em crianças e adolescentes. Cerca de 80% dos pacientes têm menos de 20 anos. A cada 5 pessoas acometidas, 4 são mulheres.
A esclerodermia linear tem um potencial de complicações maior que a morféia. O espessamento da pele pode ser profundo, o que em crianças pode comprometer o crescimento de ossos e articulações. A esclerodermia linear costuma permanecer ativa por dois a cinco anos, mas em alguns pacientes ela pode durar mais tempo. A esclerodermia em golpe de espada é a forma que tem maior potencial de provocar lesões desfigurantes, pois ela afeta preferencialmente a face e o crânio.
Ao contrário da morféia, a esclerodermia linear pode recorrer mesmo após um longo período de inatividade.
2- Sintomas da esclerose sistêmica
Também na esclerose sistêmica os sintomas cutâneos são os mais comuns. Entre eles, um que está presente em quase todos os casos é o chamado fenômeno de Raynaud.
O fenômeno de Raynaud é distúrbio vascular, definido como alterações sequenciais de cor que ocorrem geralmente nos dedos das mãos, precipitados por frio, estresse ou simplesmente mudanças de temperatura ambiente. As alterações de cor seguem a seguinte ordem:
1- Palidez: a mão fica mais branca por uma súbita vasoconstrição arterial, que diminui o aporte de sangue.
2- Acrocianose: a mão fica azulada ou arroxeada, conforme a falta de sangue vai se prolongando.
3- Hiperemia de reperfusão: a mão fica avermelhada e quente devido à súbita vasodilatação e restabelecimento da circulação normal de sangue.
O fenômeno de Raynaud pode surgir vários anos antes do início dos sintomas da esclerose sistêmica cutânea limitada. Já na esclerose sistêmica cutânea difusa, o seu surgimento costuma ocorrer junto com o restante do quadro clínico. Em alguns casos, a fase de isquemia pode ser grave e levar à necrose das pontas dos dedos.
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É importante destacar que o fenômeno de Raynaud também pode ocorrer em pessoas que não tenham esclerodermia.
Além do Raynaud, outras alterações de pele da esclerose sistêmica são:
  • Espessamento e enrijecimento da pele, criando um aspecto de pele lisa, brilhante e dura.
  • Coceira – mais comum nos estágios iniciais da doença.
  • Inchaços – também mais comum nos estágios iniciais da doença.
  • Hiperpigmentação ou despigmentação da pele ( pele em “sal e pimenta”).
  • Perda de cabelo.
  • Esclerodactilia.
  • Úlceras nos dedos.
  • Dor na ponta dos dedos.
  • Telangiectasias.
  • Calcinose cutânea.
Além da lesão de pele, que é praticamente universal a todos os tipos de esclerodermia, o paciente com esclerose sistêmica também costuma apresentar uma gama de outros sintomas. Entre os mais comuns, podemos citar:
  • Fadiga (76%).
  • Rigidez das articulações (74%).
  • Perda de força (68%).
  • Dor (67%).
  • Dificuldade para dormir (66%).
Em relação ao acometimento dos órgãos, os mais comuns são:
  • Alterações da motilidade do esôfago, com dificuldade para engolir.
  • Esofagite.
  • Refluxo gastroesofágico.
  • Diarreia.
  • Prisão de ventre.
  • Incontinência fecal.
  • Hemorragia digestiva.
  • Doença intersticial pulmonar.
  • Hipertensão pulmonar.
  • Câncer de pulmão.
  • Insuficiência renal aguda.
  • Hipertensão maligna.
  • Arritmias cardíacas.

Tratamento da esclerodermia

Não existe tratamento que leve à cura da esclerodermia. Como já referido as formas limitadas à pele podem ter regressão espontânea após alguns anos.
Já a esclerose sistêmica é uma doença de evolução lenta, mas permanente. O seu tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e reduzir a atividade da doença.
Os fármacos utilizados dependem dos sintomas que o paciente têm, por exemplo:
  • Vasodilatadores, como a nifedipina, costumam ser usados para tratar o fenômeno de Raynaud.
  • Inibidores da bomba de prótons, como o omeprazol, ajudam nos sintomas gástricos e do refluxo.
  • Anti-inflamatórios e corticoides em doses baixas ajudam na dor e na rigidez articular.
  • Imunossupressores, como metotrexate ou micofenolato mofetil, ajudam a reduzir os danos da pele e órgãos causados pelo sistema imunológico.
  • Anti-hipertensivos para tratar a hipertensão.
Não existe nenhum tratamento que seja universal para todos os tipos de esclerodermia. Cada tratamento deve ser instituído de forma individual, de acordo com os sintomas e o tipo de envolvimento de órgão existente em cada paciente.

ESCLEROSE MÚLTIPLA – CAUSAS, SINTOMAS E TRATAMENTO

A esclerose múltipla (EM) é uma doença de provável origem autoimune, na qual o nosso organismo produz inapropriadamente anticorpos contra estruturas dos nossos nervos, levando à inflamação e destruição dos mesmos (leia: O QUE É UMA DOENÇA AUTOIMUNE).
Neste artigo vamos abordar os seguintes pontos sobre a esclerose múltipla:
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  • O que é a esclerose múltipla.
  • Quais são as suas causas.
  • Quais são as diferenças entre a esclerose múltipla e a síndrome de Guillain-Barré.
  • Quais são os sintomas.
  • Como é feito o diagnóstico.
  • Quais são as opções de tratamento.
  • Tratamentos promissores que podem levar à cura da esclerose múltipla.

O que é esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença neurológica que ocorre pela destruição da bainha de mielina, substância que recobre os nervos. Portanto, para compreender a esclerose múltipla é preciso saber antes o que é a bainha de mielina.
Todo o nosso sistema nervoso se comunica através de impulsos elétricos. Por exemplo, quando mexemos a nossa mão, só conseguimos fazê-lo porque o nosso sistema nervoso é capaz de enviar um impulso elétrico, que sai do cérebro, caminha pela medula, passa para os nervos periféricos e chega até os músculos da mão, dando ordem para eles se mexerem. Os impulsos também podem seguir o caminho inverso. Todas as sensações que temos do ambientes (temperatura, tato, pressão, dor, etc.) só são percebidas porque as terminações nervosas da pele conseguem captar esses estímulos, enviando-os aos nervos periféricos, medula e, finalmente, cérebro, onde eles serão interpretados.
Esclerose múltipla
Impulsos elétricos viajando entre os neurônios
Esses estímulos elétricos que chegam e saem do cérebro precisam ser transportados entre um neurônio e outro. O fio condutor dos neurônios responsável por esta conexão é chamado de axônio, um prolongamento do próprio neurônio capaz de ligar uma célula nervosa à outra. Como qualquer fio elétrico, os axônios precisam de um isolamento, como se fosse um fio encapado. A substância que fornece esse isolamento e permite a transmissão dos impulsos elétricos é a bainha de mielina.
Na esclerose múltipla, as células nervosas do cérebro e da medula apresentam progressiva destruição de suas bainhas de mielina, fazendo com que os axônios percam a capacidade de transportar os impulsos elétricos. Os neurônios centrais deixam de enviar e de receber estímulos elétricos.

Causas da esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune causada pela destruição da bainha de mielina pelos nossos próprios anticorpos. Não sabemos bem o porquê, mas de uma hora para outra o nosso organismo passa a tratar a bainha de mielina presente nos axônios do sistema nervoso central como uma estrutura estranha, como se fosse um vírus ou bactéria. O sistema imune passa, então, a atacar a bainha de mielina destes neurônios, destruindo-a progressivamente. Imagina-se que a origem da esclerose múltipla possa estar relacionada a desarranjos do sistema imunológicos que surgem após algumas doenças virais, como, por exemplo, a mononucleose (leia: MONONUCLEOSE – DOENÇA DO BEIJO).

Diferenças entre esclerose múltipla e síndrome de Guillain-Barré

A esclerose múltipla e a síndrome de Guillain-Barré são doenças semelhantes na medida em que ambas tem origem autoimune e ocorrem por ataques à bainha de mielina dos nervos (leia: O QUE É A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ?). A diferença é que no Guillain-Barré os nervos acometidos são os do sistema nervoso periférico (nervos fora da medula), enquanto que na esclerose múltipla são os nervos do sistema nervoso central (medula e cérebro) que sofrem desmielinização. Essa pequena diferença é importantíssima no prognóstico final, uma vez que os nervos periféricos têm capacidade de se regenerar, enquanto que os neurônios e axônios do cérebro e da medula não.

Fatores de risco para esclerose múltipla

A esclerose múltipla normalmente se manifesta pela primeira vez entre os 20 e 40 anos de idade. É duas vezes mais comum em mulheres do que em homens, e três vezes mais comum em pessoas que tenham algum familiar acometido pela doença. A esclerose múltipla ocorre com mais frequência em caucasianos (brancos) do que em afrodescendentes ou asiáticos.
Aparentemente, um dos fatores de risco para o surgimento da esclerose múltipla é a infecção pelo vírus Epstein Barr, causador da mononucleose. Imagina-se que o vírus possa ter proteínas semelhantes às da bainha de mielina, fazendo com que os anticorpos tenham dificuldade de distingui-las. É importante frisar que a imensa maioria dos pacientes que tiveram contato com o vírus Epstein Barr não desenvolvem a esclerose múltipla, o que sugere que mais de um fator seja necessário para o surgimento da doença.
Pacientes portadores de outras doenças autoimunes, como tireoidite de Hashimoto (leia: HIPOTIREOIDISMO | TIREOIDITE DE HASHIMOTO), diabetes mellitus tipo 1 (leia: O QUE É DIABETES?) ou doença de Crohn (leia: DOENÇA DE CROHN | RETOCOLITE ULCERATIVA) também apresentam maior risco de desenvolverem esclerose múltipla.
Nos últimos anos tem-se dado muita atenção à relação entre níveis de vitamina D e a esclerose múltipla. Sabemos que a doença é menos comum em áreas tropicais, onde a incidência solar anual é maior e a produção de vitamina D pela pele é mais intensa. Estudos sugerem que níveis adequados de vitamina D podem ser um fator de proteção contra a esclerose múltipla (leia: VITAMINA D | Deficiência e suplementos).

Sintomas da esclerose múltipla

Os sinais e sintomas da esclerose múltipla dependem de quais pontos do sistema nervoso são afetados. Não existe um sintoma típico que feche o diagnóstico de esclerose múltipla, porém, alguns deles são muito sugestivos:
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– Neurite óptica: normalmente se apresenta como um dor aguda em um dos olhos, que piora com o movimento ocular. Esta dor costuma vir associada a graus variáveis de perda visual, geralmente no centro do campo visual. O paciente pode também apresentar visão dupla ou borrada. Nistagmo (discreto movimento involuntário dos olhos) é um achado comum.
O acometimento dos dois olhos ao mesmo tempo é incomum na esclerose múltipla e costuma indicar outra doença neurológica.
– Sintomas sensoriais: formigamento e dormências, principalmente nos membros, ocorrendo em um lado do corpo de cada vez, são sintomas muito comuns da esclerose múltipla e aparecem em quase 100% dos casos ao longo do curso da doença.
– Fenômeno de Lhermitte: sensação de choque elétrico que se irradia pela coluna vertebral, desencadeado por movimentos da cabeça e do pescoço é chamado de Fenômeno de Lhermitte. É um sintoma típico da esclerose múltipla, mas pode também ocorrer em outras doenças neurológicas.
– Tonturas e vertigens: até 50% dos pacientes com EM podem apresentar tonturas (leia: TONTURA E VERTIGEM | Causas e sintomas). Este sintoma geralmente surge em pacientes com acometimento da face pela doença, como dormências e alterações oculares e auditivas.
– Sintomas motores: tremores, alterações na marcha, diminuição de força muscular e paralisias dos membros ocorrem por lesão dos neurônios da medula. A perda de força é inicialmente unilateral, mas torna-se bilateral em fases avançadas. O acometimento dos membros inferiores é tipicamente mais intenso do que nos membros superiores.
Sintomas da esclerose múltipla
Sintomas da esclerose múltipla
– Incapacidade de controlar a bexiga e os intestinos: A lesão dos nervos da medula além de causar fraqueza muscular nos membros inferiores, também pode provocar uma perda do controle dos esfincteres anal e da bexiga, provocando incontinência fecal e urinária
A esclerose múltipla se manifesta alternando períodos de ataques com remissões. O doente apresenta sintomas agudos que duram dias a semanas, e depois somem, podendo deixar ou não sequelas. O paciente permanece assintomático até um segundo ataque, que também desaparece. Conforme os ataques vão se acumulando, eles ficam cada vez mais agressivos e as sequelas vão se somando, de modo que o paciente vai ficando progressivamente pior ao final de cada exacerbação.
A sobrevida dos pacientes com esclerose múltipla atualmente é de 30 a 40 anos. Pacientes que após 10 ou 15 anos de doença possuem pouca ou nenhuma sequela são aqueles com melhor prognóstico, apresentando maior tempo e qualidade de vida.

Evolução da esclerose múltipla

A esclerose múltipla pode ter apresentações distintas entre os paciente. Há alguns padrões de comportamento são bem conhecidos.
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1. Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) ou surto remissão.
Esta forma de esclerose múltipla é caracterizada por surtos de início súbito, mas de curta duração, seguidos por recuperação completa (ou parcial com sequelas mínimas). Não há progressão da doença fora dos períodos de surtos, e o paciente pode ficar  meses ou anos sem sinais da da esclerose múltipla. Este padrão de EM é responsável por 85 a 90% dos casos iniciais. No entanto, a maioria dos pacientes com EMRR irá eventualmente entrar numa fase progressiva da doença, chamada Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva (EMSP).
2. Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva (EMSP)
A esclerose múltipla secundária progressiva ocorre quando há agravamento da forma Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR), geralmente 15 a 20 anos após o início da doença. Nesta forma as crises se tornam mais frequentes e as sequelas começam a se acumular. O paciente agora pode evoluir com piora dos sintomas mesmo sem haver crises agudas.
3. Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP)
A esclerose múltipla progressiva primária é caracterizada pela progressão rápida da doença desde fases iniciais. O paciente pode não ter surtos, mas vai acumulando sintomas e sequelas progressivamente. Este tipo tem prognóstico pior e representa cerca de 10 por cento dos casos. Surge habitualmente em pacientes que desenvolvem EM após os 40 anos.

Diagnóstico da esclerose múltipla

Não existe um exame único que estabeleça o diagnóstico da esclerose múltipla. O diagnóstico é feito através da interpretação dos sintomas e de alguns exames completares. Os exames mais usados para a elucidação do quadro são a ressonância magnética nuclear do sistema nervoso central, a análise do líquido cefalorraquidiano, obtido através da punção lombar, e o teste de potencial evocado, que consiste na avaliação da resposta do organismo a pequenos choques elétricos, que estimulam nervos periféricos da visão ou dos músculos.

Tratamento da esclerose múltipla

Infelizmente, ainda não existe um tratamento amplamente disponível que seja capaz de curar a esclerose múltipla. Há tratamentos experimentais promissores, conforme veremos no tópico a seguir, mas estes ainda estão em fases de testes e não fazem parte, ainda, do tratamento habitual da esclerose múltipla.
Como trata-se de uma doença de origem imunológica, o tratamento da EM baseia-se em drogas que ajam no sistema imunológico. A terapia é divida em tratamento nas crises e tratamento durante a remissão.

Tratamento das crises de esclerose múltipla

Os corticoides são as drogas mais usadas durante os surtos (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | efeitos colaterais). O tratamento é chamado de pulsoterapia e consiste na administração de doses elevadas de corticoides (habitualmente metilprednisolona) por via venosa durante 5 dias.
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Nos casos de surto grave, com pouca resposta aos corticoides, indica-se a realização da plasmaferese, um procedimento parecido com a hemodiálise, que serve para limpar o sangue dos anticorpos danosos (leia: ENTENDA COMO FUNCIONA A PLASMAFÉRESE).

Tratamento da esclerose múltipla durante a remissão

Já existem drogas para tratar os pacientes fora das crises, visando reduzir as sequelas e a ocorrência de novos surtos. Este tratamento, chamado modificador de doença, é especialmente eficaz nos casos de Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR). Ele não cura a EM, mas melhora muito o seu prognóstico.
As drogas mais usadas atualmente são o interferon beta (Avonex, Rebif ou Betaseron) e o acetato de glatiramer (Copaxone). No Brasil estes medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo governo.
Nos casos graves, com pouca resposta ao interferon e ao glatiramer, ainda existe a opção pelo tratamento com natalizumabe (tysabri) ou pulsoterapia mensal com corticoides.
Pacientes com deficiência de vitamina D devem receber suplementos para normalizar seus níveis. Estudos sugerem que a vitamina D ajuda no controle das crises da esclerose múltipla.

Tratamentos promissores da esclerose múltipla

O transplante autólogo de medula óssea tem se mostrado em estudos preliminares uma opção muito promissora para que finalmente tenhamos uma cura da esclerose múltipla.
O tratamento é feito da seguinte forma: os médicos coletam e congelam as células-tronco da medula óssea, que estão em um estágio tão inicial de desenvolvimento, que ainda não adquiriram os defeitos que provocam a EM. A seguir, o sistema imunológico defeituoso do paciente é destruído com quimioterapia. O paciente fica completamente depletado das suas células de defesa. As células-tronco previamente coletadas são então re-infundidas no sangue de forma a repopular o sistema imunológico.
Apesar da agressividade do tratamento e dos riscos de morte durante a fase em que o paciente encontra-se com o sistema imunológico destruído, os resultados têm sido animadores. A grande maioria dos pacientes submetidos a esse tratamento estão livres da doença e muitos que tinham sequelas graves voltaram a ser indivíduos plenamente ativos. É importante destacar que os estudos foram feitos com poucos pacientes e houve casos de mortes por infecção após a fase da quimioterapia.
Que o tratamento funciona, parece não haver dúvidas, a questão agora é torná-lo mais seguro para que ele possa ser indicado para um número grande de pacientes.