sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

vacinas contra a covid-19



De onde vêm e para onde vão as vacinas contra a covid-19?

Na luta contra a pandemia, várias fabricantes estão correndo para fornecer doses de vacinas contra o coronavírus mundo afora, de proveniências diversas e em diferentes fases de aprovação. A DW resumiu o cenário atual.

Ao menos 73 vacinas contra o coronavírus Sars-Cov-2, causador da covid-19, estão atualmente em desenvolvimento no mundo, segundo monitoramento feito por especialistas da Universidade McGill, nos EUA. Seis delas já superaram as barreiras para uso na população em ao menos um país, e outras estão em uso há meses mesmo sem ter passado por todos os obstáculos. Confira:

Moderna

A vacina contra a covid-19 produzida pela companhia americana de biotecnologia Moderna foi aprovada para uso público nos Estados Unidos em dezembro de 2020. A Comissão Europeia deu luz verde nesta quarta-feira (06/01) para o uso da vacina na União Europeia.

A Moderna declarou que produzirá a "vasta maioria" de seu imunizante em Cambridge, Massachusetts, onde tem sua sede. A empresa pretende produzir um mínimo de 600 milhões de doses neste ano, mas a meta de prover até 1 bilhão de doses em 2021.

A UE encomendou 80 milhões de doses, com a opção de comprar outros 80 milhões, enquanto os EUA reservaram 200 milhões de doses, com opção para mais 300 milhões, e o Canadá, onde também está aprovada, encomendou 40 milhões. O Reino Unido, Japão, Suíça e Coreia do Sul igualmente fizeram reservas.

Oxford-AstraZeneca

A substância fabricada pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford foi licenciada para uso no Reino Unido, Índia e Argentina. A meta é disponibilizar cerca de 3 bilhões de doses em 2021, como informou em novembro Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner de Oxford.

Produzir uma vacina global exigiu estabelecer "cadeias de fornecimento regionais com mais de 20 parceiros de 15 países", consta da declaração em vídeo do vice-presidente de Operações Biológicas Globais da AstraZeneca, Per Alfredsson, no site da companhia.

Os primeiros lotes da Europa virão da Alemanha e Bélgica, comentou à imprensa, em dezembro, Ian McCubbin, chefe de fabricação da Força-Tarefa de Vacinas britânica. As doses também serão fabricadas pelo Serum Institute of India, o maior fabricante de vacinas do mundo.

A vacina da Oxford e da AstraZeneca é a priorizada pelo governo brasileiro para a imunização contra a covid-19. Nesta terça-feira, o Itamaraty afirmou que está confirmada a importação pelo Brasil da carga de 2 milhões de doses da vacina produzidas na Índia, o que pode permitir iniciar a imunização dos brasileiros pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em janeiro. A importação excepcional dessas doses havia sido anunciada no sábado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo um acordo assinado entre Fiocruz e AstraZeneca/Oxford, 100 milhões de doses serão produzidas a partir do princípio ativo importado do parceiro da AstraZeneca na China, que então será preparado, envasado e rotulado no Brasil. Durante o segundo semestre de 2021, a Fiocruz terá o controle total da tecnologia e passará a produzir também o princípio ativo no país.

A Fiocruz afirma que pretende fazer o pedido para autorização de uso do imunizante no Brasil nos próximos dias.

BioNTech-Pfizer

Primeira vacina contra o coronavírus autorizada para uso na UE, a produzida pela firma alemã de biotecnologia Biontech e a gigante farmacêutica americana Pfizer foi também aprovada nos EUA, Reino Unido, Arábia Saudita e 19 outros países.

A droga foi produzida nas instalações de ambas as parceiras na Alemanha e Bélgica, entre outras locações, divulgou a Pfizer. Como parte de sua estratégia de vacinação, a UE fechou acordos com seis produtoras, mas até o momento as da Biontech e da Moderna são as únicas aprovadas para uso no bloco.

A companhia sediada em Mainz declarou que pretende começar a produção "muito antes do planejado" numa nova fábrica em Marburg, no centro da Alemanha. Com abertura prevista para fevereiro, a nova locação terá capacidade para 250 milhões de doses adicionais, totalizando assim 750 milhões de doses por ano.

Juntas, BioNTech e Pfizer pretendem fabricar 1,3 bilhão de doses para uso global em 2021, segundo comunicado da Pfizer. A UE encomendou 300 milhões, e os EUA, 200 milhões de doses.

Sputnik V

Peritos em saúde ficaram chocados quando, em agosto de 2020, meses antes do resto do mundo, a Rússia se tornou o primeiro país a aprovar uma vacina. Desde então, sua Sputnik V foi licenciada para uso em Belarus, Argentina e Guiné. Cientistas na Rússia e em outros países questionaram a decisão de aprovar a vacina antes da fase 3 de testes, que normalmente dura meses e envolve milhares de pessoas. 

Desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya e o Ministério da Saúde da Federação Russa, a droga tem produção financiada pelo Fundo Soberano da Rússia (RDIF). De acordo com este, a vacina será fabricada por firmas parceiras no Brasil, China, Índia, Coreia do Sul e outros. Mais de 50 países encomendaram mais de 1,2 bilhão de doses, segundo site do RDIF sobre a Sputnik 5.

Sinopharm

No início de janeiro de 2021, agências reguladoras concederam licença "condicional" para uma vacina desenvolvida na unidade de Pequim da China National Pharmaceutical Group Corporation, ou Sinopharm. Ela ainda está sendo submetida aos últimos estágios de testes clínicos.

Embora a China esteja atrasada em relação a outros países na aprovação formal de vacinas contra o novo coronavírus, milhões de cidadãos – sobretudo membros de setores-chave, como saúde, alimentação e assistência comunitária – já foram inoculados, no âmbito de um programa de emergência.

Agora a China está se concentrando em vacinar outros milhões de indivíduos, antecipando o feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, quando centenas de milhões viajam por todo o território nacional. Está em uso, ainda, e igualmente nas fases finais de testes, uma segunda substância candidata, desenvolvida pela unidade da Sinopharm na cidade de Wuhan.

Os Emirados Árabes Unidos aprovaram a vacina de Pequim em dezembro, já tendo recebido 3 milhões de doses, segundo o China National Biotec Group, uma subsidiária da Sinopharm. Segundo a agência de notícias Reuters, o Bahrein também já aprovou o imunizante, e o Paquistão pretende comprar 1,2 milhão de doses.

O jornal estatal China Daily estima em 1 bilhão de doses a capacidade anual total a ser alcançada pela Sinopharm até o fim de 2021.

Coronavac

Assim como a da Sinopharm, a Coronavac, vacina contra o vírus Sars-Cov-2 da Sinovac, sediada em Pequim, ainda está na fase final de testes, mas já sendo ministrada à população.

Uma unidade da firma biofarmacêutica recém-construída na capital chinesa pode produzir 300 milhões de doses por ano, como declarou seu presidente e diretor executivo, Yin Weidong, à emissora de TV estatal chinesa CGTN.

Chile, Cingapura e Turquia já encomendaram doses. A Indonésia já recebeu seu lote, em meio a preparativos para uma campanha de vacinação em massa.

No Brasil, o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, já importou doses da Coronavac. O governo paulista diz que seu estoque já chega a 10,8 milhões de doses, e as autoridades paulistas preveem que a imunização no estado comece em 25 de janeiro, mas ainda não solicitaram o registro à Anvisa.

A Coronavac está no centro de uma guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria. O governador paulista negociou a vacina diretamente com os chineses, diante da falta de ação do governo federal.

Covaxin

A indiana Bharat Biotech International Limited desenvolveu a Covaxin, aprovada em caráter de emergência na Índia em 3 de janeiro de 2021, juntamente com a vacina da Oxford-AstraZeneca.

Embora o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tenha classificado o produto de uma "virada no jogo", especialistas de saúde criticaram o fato de não terem sido concluídos nem os devidos testes, nem a revisão científica independente (peer review).

À imprensa, o presidente da Bharat Biotech, Krishna Ella, afirmou que a autorização emergencial é perfeitamente válida sob as atuais circunstâncias, e que 20 milhões de doses já estão disponíveis. Em 2021, a empresa planeja fabricar cerca de 700 milhões de doses, em quatro instalações no país, um dos mais atingidos pelo coronavírus.

Quais são os riscos e efeitos colaterais da vacina contra covid-19?

Velocidade com que imunizantes foram desenvolvidos leva muitos a questionarem se as reações adversas realmente foram medidas. Até agora, resultados são bastante positivos.

Centenas de milhões de pessoas no mundo esperam a vacina contra a covid-19. Muitas, porém, com um sentimento ambivalente: embora queiram se proteger contra a infecção, também temem possíveis efeitos 


A principal dúvida é se um imunizante desenvolvido tão rapidamente realmente seria seguro. Outra questão, associada à primeira, é se possíveis efeitos colaterais a longo prazo foram devidamente investigados pelas farmacêuticas.

Reações normais de vacinação

É normal ter certas reações após uma vacinação: vermelhidão, inchaço ou dor ao redor do local da injeção. Fadiga, febre, dor de cabeça e dores nos membros também não são incomuns nos primeiros três dias após a vacinação.

Estas reações normais são geralmente suaves e diminuem após alguns dias. Mostram, na verdade, que a vacina é eficaz, pois estimula o sistema imunológico, e o organismo produz anticorpos contra uma infecção "simulada" pela vacinação.

Essas reações, típicas de vacinação, foram relatadas após a aplicação dos imunizantes da BioNTech-PfizerModernaAstraZeneca (Oxford) e Sputnik V. Todas estas estão em uso em várias partes do mundo.

Reações graves: raridade

Além das reações típicas da vacinação, houve também casos individuais de efeitos colaterais às vezes graves após a vacinação. Entre eles estão choques alérgicos, que foram relatados em detalhes pelos desenvolvedores. Mas ainda se trata de casos isolados.

De modo geral, as vacinas aprovadas são seguras de acordo com a agência de medicamentos EMA, da União Europeia, a FDA, do governo americano, e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Caso contrário, não teriam aprovado as vacinas.

Algumas das novas vacinas - as chamadas vacinas de RNA - são fundamentalmente diferentes das vacinas conhecidas: elas não contêm carga de vírus, mas apenas uma instrução de construção para um componente do patógeno covid-19.

Outras são as chamadas vacinas vetoriais, que utilizam adenovírus inofensivos (como vírus frios que afetam apenas os chimpanzés) como transportadores para introduzir a proteína de superfície do Sars-CoV-2, e assim desencadear a resposta imunológica

As principais vacinas em uso

Durante a fase de aprovação da vacina da Biontech-Pfizer (Alemanhe e EUA) não ocorreram efeitos colaterais graves com a substância ativa BNT162b2. As reações típicas da vacinação, como fadiga e dor de cabeça, eram menos frequentes e fracas em pacientes mais velhos. 
 

Desde que esta vacina de RNA está em uso, alguns poucos pacientes entre centenas de milhares mostraram forte reação alérgica imediatamente após a injeção. Um paciente nos EUA e dois britânicos chegaram a sofrer o chamado choque anafilático, associado à vermelhidão da pele e à falta de ar. Como estes indivíduos não tinham nenhuma doença anterior nem alergias conhecidas, as autoridades britânicas advertiram pessoas alérgicas contra a vacinação.

A vacina mRNA-1273, da empresa americana Moderna, é uma vacina muito semelhante à da BioNTech/Pfizer.

Durante os ensaios clínicos, a vacina foi bem tolerada, de acordo com o fabricante e as autoridades responsáveis pelos testes. As reações habituais de vacinação foram apenas leves ou moderadas e de curta duração. Entretanto, de acordo com um relatório provisório de um painel de monitoramento independente, a fadiga ocorreu em até 9,7% dos vacinados.

Com a vacina da Moderna, houve também uma reação alérgica em poucos e paralisia do nervo facial em um número muito pequeno de vacinados. Entretanto, ainda não está claro se estas reações estão realmente relacionadas à vacinação. É possível que os efeitos colaterais não tenham sido desencadeados pelo imunizante, mas por nanopartículas lipídicas que servem de portadoras para o RNA e são então decompostas pelo corpo.

Na empresa britânico-sueca AstraZeneca, que desenvolveu sua vacina em parceria com a Universidade de Oxford, um incidente durante testes clínicos em setembro causou agitação: um paciente sofreu inflamação da medula espinhal após a vacinação.  O processo foi interrompido brevemente até que um painel independente de especialistas determinou que a inflamação não estava relacionada à vacinação. 

Com a vacina da AstraZeneca, também ocorreram apenas as típicas reações de vacinação, como dor no local da injeção, dor muscular e dor de cabeça, além de fadiga. As reações de vacinação foram menos frequentes e mais suaves em indivíduos mais velhos. 
 

Já em agosto de 2020, a vacina vetorial Gam-Ccovid-Vac (Sputnik V) foi aprovada na Rússia, mas sem esperar pelos ensaios da fase 3, feitos com dezenas de milhares de pessoas. A Sputnik V utiliza dois adenovírus modificados de forma diferente (rAd26-S e rAd5-S).

Houve reservas consideráveis em todo o mundo sobre a vacina desenvolvida pelo centro de pesquisa Gamaleya, de Moscou, pois no estudo de vacina apresentado houve dados suspeitos, que poderiam indicar manipulação.

Entretanto, a Sputnik V já está sendo usada em muitos países, não apenas na Rússia, mas também em Belarus, Emirados Árabes Unidos (EAU), Índia e Argentina.

Em 2 de janeiro de 2021, o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, disse aos jornalistas que mais de 1,5 milhão de doses foram entregues às regiões russas e um total de mais de 800 mil  pessoas foram vacinadas.

De acordo com o Ministério da Saúde russo, houve apenas as reações habituais de vacinação, como dores de cabeça ou febre. Na Argentina, reações típicas de vacinação ocorreram em 317 de um total de 32.013 pessoas vacinadas, segundo o governo.

Não há relatos de efeitos colaterais graves após uma vacinação Sputnik V. No entanto, as reservas aparentemente também são grandes na Rússia. De acordo coma a agência de notícias Reuters, 52% de 3.040 médicos e outros profissionais de saúde russos entrevistados declararam em pesquisas que não queriam ser vacinados com a Sputnik 5 devido à insuficiência de dados.

Vale o risco?

É uma questão que cada um deve decidir por si mesmo. É uma avaliação individual dos benefícios e riscos. É mais importante proteger a mim e aos outros através da vacinação e retornar a uma vida mais normal? Ou os riscos dessas ainda novas tecnologias de vacinas são grandes demais para mim?

Todos os riscos e efeitos colaterais registrados até agora são apenas recortes dos últimos meses - isso deve ser destacado apesar de toda a euforia sobre o rápido desenvolvimento da vacina. Ainda não se sabe nada sobre os possíveis efeitos a longo prazo das vacinas individuais. Somente os estudos de longo prazo que acompanham as vacinações em todo o mundo e que continuarão após a aprovação proporcionarão clareza.

Até o momento, falta informação sobre efeitos colaterais raros, possivelmente graves, por exemplo no caso de doenças raras pré-existentes ou em certos grupos de risco, como os que sofrem de alergia.

Tais efeitos colaterais só se tornam aparentes após muitas pessoas terem sido vacinadas e após um período de observação mais longo. "Há, portanto, um risco residual", diz Christian Bogdan, diretor do Instituto de Microbiologia Clínica, Imunologia e Higiene do Hospital Universitário de Erlangen, na Alemanha. "O quão alto ele é, terá que ser examinado nos próximos meses e anos".

Pesar os benefícios e riscos

Em princípio, a decisão é sempre baseada em uma avaliação de risco-benefício, afirma Bogdan, que também é membro da Comissão Permanente de Vacinação (STIKO) no Instituto Robert Koch (RKI), referência na Alemanha.

Em entrevista à imprensa alemã, ele deu um exemplo de cálculo: se uma pessoa idosa morre de uma infecção por coronavírus com uma probabilidade de 20%, e ao mesmo tempo o risco de obter um grave efeito colateral da vacinação é de 1 para 50 mil ou até menos, vale a pena correr o risco.

Bogdan diz, porém, que não vacinaria crianças, porque o risco de morte infantil por covid-19 é próximo de zero. De acordo com ele, mulheres grávidas ou amamentando também não devem ser vacinadas como medida de precaução com base nos dados atuais. 

Uma recomendação dos Centros de Controle de Doenças (CDC), dos EUA, entretanto, não exclui a vacinação de mães grávidas ou lactantes com vacinas de RNA após exame e consulta médica


 

Coronavírus e neurologia: o que temos até agora?

coronavírus em imagem digital

Surgirão sintomas neurológicos associados à recente epidemia de coronavírus (Covid-19)? É o que muitos se perguntam, lembrando de casos recentes, como a Zika, que esteve relacionada a quadros de Guillain-Barre, por exemplo. Dentre os sintomas mais frequentes, cefaleia, mialgia e fadiga já se estão descritos no quadro clínico típico do COVID-19, como descrito numa revisão do BMJ este mês. Agora, um grupo chinês acaba de publicar um primeiro artigo sobre este assunto, que resumimos abaixo.

Manifestações neurológicas no coronavírus

Reunindo dados de 214 pacientes internados em três hospitais na região de Wuhan (onde foi o início da epidemia) e revisando os prontuários, um time de neurologistas identificou que 78 pacientes (36,4%) tiveram manifestações neurológicas. Estes sintomas foram agrupados em três tipos:

  • Sistema nervoso central (53 pacientes): dor de cabeça, tontura, sonolência/diminuição do nível de consciência, ataxia, AVC/isquemia cerebral e crise convulsiva;
  • Sintomas do sistema nervoso periférico (19 pacientes): hipogeusia (alteração do paladar), hiposmia (alteração do olfato) e neuralgias (diversas dores de origem neurológica);
  • Sintomas musculares esqueléticos (23 pacientes): mialgia / dor muscular.

Como eram estes pacientes?

Neste estudo, todos tiveram diagnóstico de COVID-19 confirmados por PCR. Os pacientes graves – independente de haver sintomas neurológicos – eram mais idosos e possuíam mais comorbidades (principalmente hipertensão arterial). Também possuíam CK, LDH mais elevados que os pacientes não graves.

Esses quadros mais severos tendiam a apresentar menos os sintomas típicos (como febre e tosse), mas era este grupo que apresentou mais sintomas neurológicos (45.5% vs 30.2%), como AVC (5.7% vs 1 0.8%), consciência rebaixada (14.8% vs 2.4%) e sintomas musculares (19.3% vs 4.8%). Estes pacientes possuíam contagem linfocitária mais baixa e d-dímero mais alto.

Mecanismos de ação

Sobre o mecanismo de ação, pode haver meios diretos e indiretos, estando possivelmente relacionados à enzima conversora da angiotensina 2 (ACE-2), a qual está presente em diversos tecidos, incluindo o SNC. Pode haver penetração no SNC por via hematogênica ou por via neuronal retrógrada (por exemplo, via nervo olfatório, já que muitos pacientes possuem hiposmia).

A revisão atual lembrou ainda que foi confirmada lesão neurológica em infecções de outros tipos de coronavírus, como o SARS-CoV-1 e o MERS-CoV, sendo identificado seu DNA no líquor e na análise de tecido cerebral durante autópsias de pacientes dessas outras condições.

Discussão e recomendações finais

Dentre as limitações desta série de casos, destacamos o fato de haver relativamente poucos pacientes e todos serem provenientes de apenas uma determinada região. Por isso, precisa-se observar um número maior e de diferentes países. Outra observação é que pode haver mais pacientes que apresentem apenas sintomas neurológicos leves (como hipogeusia e hiposmia) e por isso não foram contabilizados neste estudo, já que não houve internação hospitalar nestes casos.

Além disso, necessita-se de mais dados sobre a evolução destes sintomas neurológicos, sobre informações avindas de exames complementares (como ressonância magnética de crânio) e a magnitude real da repercussão clínica.

Como conclusão, recomenda-se atentar para possíveis quadros neurológicos nos pacientes com suspeita de COVID-19, principalmente os quadros mais graves. Para casos duvidosos, pode ser interessante a avaliação de um neurologista para diagnósticos diferenciais. Afinal, como se sabe, numa epidemia pode haver o fenômeno do “overdiagnosis” e não podemos esquecer de outras causas que mais comumente podem gerar os quadros neurológicos mencionados acima.

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Covid-19 e esclerose múltipla: quais os principais posicionamentos e recomendações?

No momento atual tudo acaba gerando dúvidas. São várias as doenças que exigem um tratamento com imunossupressores ou imunomoduladores. Como agir? Manter? Ajustar dose? Espaçar a tomada da medicação?

Na neurologia, a esclerose múltipla é uma patologia que vem ganhado cada vez mais medicamentos para seu tratamento, porém tratam-se de drogas mais potentes, que interagem com o sistema imune.

Diante desta pandemia de coronavírus (vírus SARS-CoV2, causador da Covid-19), neurologistas e neurocientistas do mundo todo vem discutindo a dinâmica do uso destas medicações nestes pacientes.

Coronavírus e esclerose múltipla

Recentemente a Associação Britânica de Neurologia elaborou recomendações de duas formas, uma adequada para profissionais de saúde e outra adequada para pessoas com esclerose múltipla, levando em consideração também documentos emitidos pela Sociedade Italiana de Esclerose Múltipla.

Recomendações para profissionais de saúde

1. É necessário iniciar ou continuar o interferão beta1a, interferonbeta1b, glatiramer, teriflunomida e fumarato de dimetilo. Todos provavelmente conferem um risco muito pequeno de aumento de infecções virais, mas geralmente muito menos do que o retorno da atividade da doença. Enquanto alguns argumentam que o risco de infecções virais pode ser previsto pela contagem total de linfócitos, a literatura não é clara, portanto, não recomendamos nenhuma alteração nas atuais diretrizes de monitoramento desses medicamentos.

2. O risco de adquirir infecção pelo coronavírus provavelmente é aumentado moderadamente. Para quem já está tomando, o benefício de controle da doença provavelmente supera o risco de infecção. Para aqueles com avanço da doença em terapias de primeira linha, o fingolimod tem a vantagem sobre o ocrelizumab de poder ser interrompido no caso de uma infecção por coronavírus.

3. Atualmente, visualizamos o exame natural, como também a terapia de alta eficácia, porque o SARS-CoV2 não é um vírus neurotrópico. Estamos cientes do caso relatado de Covid-19 encontrado no CSF1, mas consideramos juntamente com Sociedade de Encefalites que o risco de encefalite, se confirmado, é muito pequeno. Pode ser apropriado considerar a administração de intervalos prolongados para mitigar até esse risco muito baixo.

4. O mesmo risco de adquirir infecção por coronavírus provavelmente aumenta moderadamente após o ocrelizumabe. Se um paciente precisar de um medicamento de alta eficácia e não for elegível para o natalizumab, é uma opção a considerar. Mas isso deixará um paciente com risco persistentemente maior de infecção durante o período previsto da epidemia de Covid-19. Para aqueles que já tomam ocrelizumab, recomendamos adiar mais infusões até que o risco de infecção por coronavírus seja esclarecido ou tenha passado. Fica claro pela experiência sueca usando o rituximabe que uma infusão de ocrelizumabe permanecerá eficaz no controle da EM por mais de seis meses.

5. O tratamento das infecções virais é significativamente maior nos três meses seguintes ao alemão e ao cladribina. Recomendamos que esses medicamentos não sejam iniciados durante a epidemia de coronavírus; natalizumab e ocrelizumab são opções mais seguras para a doença ativa. Para aqueles que já iniciaram o tratamento, recomendamos adiar a segunda rodada de ambos os tratamentos até que o risco de infecção por coronavírus tenha passado. É seguro aumentar o intervalo entre o primeiro e o segundo tratamentos com alemtuzumab para 18 meses, sem risco de retorno da atividade da EM.

Os dados são menos claros para o cladribine. Se uma terceira ou quarta rodada de tratamento de alemtuzumab ou cladribina estiver sendo considerada para novas atividades da doença, recomendamos o uso de outros DMTs ou o atraso até que a epidemia termine.

6. O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas autólogas é geralmente um procedimento semi-eletivo para a esclerose múltipla, e apresenta o maior risco de infecções oportunistas e, portanto, deve ser adiado até que a epidemia de Covid-19 retroceda.

7. Para os pacientes com infecção ativa, recomenda-se interromper todos os injetáveis ​​e medicamentos orais e retardar as infusões. O momento do recomeço do tratamento não é simples. A Sociedade Europeia de Transplante de Sangue e Medula Óssea recomenda que o transplante de medula óssea seja adiado por pelo menos três meses em pacientes com doença de baixo risco ou, em pacientes com doença de alto risco, até que o paciente seja assintomático e tenha três repetições negativas da PCR do vírus com pelo menos uma semana de intervalo.

Claramente, para os pacientes que usaram fingolimod e natalizumab, existe uma atividade da doença rebote 2-4 meses após a interrupção.

Outras recomendações para esclerose múltipla

Outro texto publicado no site multiple-sclerosis-research.org, traz a opinião de um grande nome da neurologia mundial, o Dr. Gavin Giovannoni.

No texto intitulado ‘O uso do DMT durante a epidemia de Covid-19 precisa ser mais pragmático’, o professor Giovanoni diz que de acordo com as recomendações da Sociedade Italiana de Neurologia (SIN) sobre o manejo de pacientes com EM durante a epidemia, devemos interromper a administração. No entanto, as diretrizes do SIN não abordam a sequência temporal da epidemia Covid-19 e como a epidemia pode evoluir. As diretrizes do SIN não aborda como administrar esses pacientes a médio ou longo prazo e, em particular, pacientes com MS altamente ativo.

Giovanonni comentou que outras especialidades não estão tomando nenhuma ação específica sobre os níveis de imunossupressão que estão fornecendo a seus pacientes durante a epidemia. Além de informar os pacientes transplantados a melhorar sua higiene das mãos e em casa, evitar viagens de alto risco e contatos desnecessários, isolar-se se necessário e reduzir o máximo possível o contato com o hospital e outras instituições médicas, porque são mais provavelmente fontes do novo coronavírus. Nem estão interrompendo o programa de transplantes.

Seu argumento é que os rins transplantados e outros órgãos transplantados são preciosos demais para não protegê-los com drogas imunossupressoras relevantes. Por que não teríamos a mesma atitude sobre o cérebro e a medula espinhal de nossos pacientes com esclerose múltipla ativa?

Ressalta que a maioria dos pacientes transplantados renais está em imunoterapia tripla, em comparação com os com EM em monoterapia e mesmo assim o nível de imunossupressão é geralmente baixo nos DMTs da EM. Portanto, o risco de mortalidade para um indivíduo em um DMT, infectado com SARS-CoV2, talvez seja realmente bastante baixo.

Outra hipótese em consideração é que a imunossupressão moderada pode prevenir complicações graves associadas à infecção pelo novo coronavírus. As graves complicações pulmonares da infecção por coronavírus parecem ser consistentes com a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) causada por uma resposta imune excessivamente exuberante ao vírus.

Mais do autor: Dez passos para o diagnóstico e tratamento da síndrome de Guillain-Barré

Como resultado disso, vários estudos exploratórios estão sendo realizados atualmente na China, usando imunossupressores para tentar atenuar a resposta imune ao vírus. Curiosamente, o fingolimod, o modulador S1P, está atualmente sendo testado como um tratamento para a SDRA associada ao Covid-19.

Depois, há a virologia a ser levada em consideração. O SARS-CoV2 é um novo patógeno humano que provavelmente cruzou espécies recentemente. A Covid-19 acabará se tornando endêmica e, portanto, representará um risco sazonal para os pacientes em terapia imunossupressora. Como é um pequeno vírus de RNA com baixa fidelidade, é provável que sofra uma mutação rápida, tornando uma vacina pontual apenas uma solução parcial. As vacinas levam tempo para serem desenvolvidas, testadas e introduzidas em nível populacional.

Atrasar o tratamento, diminuir a terapia alternando para DMT imunomodulatório ou interromper a administração de DMTs para aguardar uma vacina atrasará o tratamento adequado da EM. Portanto, é necessário um resposta pragmática à forma como gerenciamos a ameaça potencial da Covid-19 em indivíduos com EM. Se os pacientes têm EM ativa, eles precisam ser tratados e gerenciados com base nas evidências clínicas disponíveis e, portanto, podem precisar ser tratados com DMTs de maior eficácia. Isso precisará ser feito no contexto de modificações comportamentais apropriadas para impedir a exposição ao vírus.

Os riscos potenciais apresentados por cada DMT diferem e, em vez de impor uma regra geral, as decisões relacionadas ao tratamento devem ser individualizadas. Para alguns pacientes, com tratamento e controle da EM, pode ser mais importante do que o risco potencial de ser exposto e adquirir uma infecção grave por SARS-CoV2.

Relembra que com base nos princípios imunológicos de que as respostas antivirais são dirigidas principalmente por células T, em particular linfócitos T citotóxicos CD8 +, e células natural killer e menos, pelo menos inicialmente, por células B. Com base nesses princípios, existe uma hierarquia de imunossupressão dos DMTs. O risco mais alto serão as terapias de reconstituição imunológica durante a fase de esgotamento do tratamento, ou seja, TMO, alemtuzumabe (Lemtrada), mitoxantrona (Novantrona) e possivelmente cladribina (Mavenclad). Contudo, a reconstituição pós-imune, uma vez que a contagem total de linfócitos retorne ao normal, o risco de infecções virais graves provavelmente não é maior do que o que ocorreria.

No entanto, após a reconstituição pós-imune, uma vez que a contagem total de linfócitos retornou ao normal, o risco de infecções virais graves provavelmente não é maior do que o que ocorreria na população em segundo plano e estaria associado à idade e outras comorbidades.

Das IRTs, a cladribina (Mavenclad) deve ser classificada como de risco intermediário, porque é um agente depletor de células T relativamente pobre. As células T são apenas depletadas após a cladribina em uma média de 50%, com a população CD4 + sendo mais sensível que a população CD8 +. No estudo CLARITY de Fase 3, as infecções virais eram incomuns pós-cladribina e, além do herpes zoster, as infecções eram apenas um pouco mais comuns em indivíduos tratados com cladribina em comparação com indivíduos tratados com placebo. Quando ocorreram infecções virais pós-cladribina, elas tendem a ser leves ou moderadas em gravidade. Portanto, ele acredita que a cladribina deve\a ser classificado como DMT de risco relativamente baixo.

Da mesma forma, as terapias anti-CD20, como o ocrelizumabe, têm um impacto menor na contagem de células T e não estão associadas a infecções virais graves. Na fase 3, remissão recorrente e ensaios clínicos progressivos primários, as infecções foram mais levemente mais frequentes com ocrelizumabe em comparação com os braços de comparação (interferon-beta-1a ou placebo). A maioria dessas infecções foi leve e moderada, sendo as infecções graves de natureza bacteriana (pneumonia, infecções do trato urinário e celulite).

Semelhante ao cladribine, havia um pequeno risco de infecções herpéticas, que eram leves a moderadas e administráveis ​​com agentes antivirais. Portanto, parece que as terapias anti-CD20 são relativamente seguras com base em seus perfis definidos nos estudos de fase 3 e deve-se continuar a usá-las em pacientes que precisam delas.

Outra questão é a neutralização de anticorpos antidrogas. Se interromper a administração de ocrelizumabe, digamos, após o primeiro ciclo, poderá impedir que a tolerância à zona alta entre em ação, ou seja, o mecanismo imunológico que resulta no sistema imunológico se tolerando a proteínas estranhas. Isso significa que a não continuação da terapia com ocrelizumabe pode aumentar a chance de um paciente em particular desenvolver anticorpos neutralizantes e responder mal ao medicamento, quando recomendado

.Provavelmente, a doença pelo novo coronavírus terá vida curta e seria injusto que os pacientes tratados durante a epidemia fossem prejudicados a longo prazo em relação ao manejo de seus EM. Foi gasto uma quantidade extraordinária de tempo e esforço para ativar a comunidade de EM; atravessar o princípio de que “o tempo é cérebro”, tratar a EM de maneira proativa a um objetivo sem atividade evidente de doença (NEDA) e, mais recentemente, virar a pirâmide e usar tratamentos de maior eficácia em primeira linha.

Esses princípios de tratamento são baseados em evidências e não devem ser descartados no contexto de um risco potencial, mas ainda indefinido, para os pacientes que, na minha opinião, está sendo enfatizado demais; lembre-se de que não há, até o momento, dados sobre a infecção por SARS-CoV2 em pacientes com EM em DMTs.

Ele conclui que irá cautelosamente continuar com a dosagem de ocrelizumabe e cladribina, sendo necessária uma tomada de decisão personalizada e uma abordagem pragmática. O que é decidido para um paciente pode não ser necessariamente certo para outro paciente.

O BCTRIM também já se manifestou sobre o uso das drogas modificadoras de doença e os pacientes com EM, farei um novo texto exclusivo com as recomendações do grupo brasileiro.

Autor:

Bluna e esclerose múltipla

 

Esclerose múltipla aos 14: "Disseram que eu morreria jovem e não seria mãe"

Arquivo pessoal



Priscila Carvalho

DO UOL VivaBem, em São Paulo


Aos 14 anos, a gaúcha Bruna Rocha começou a sentir um forte formigamento no braço. Em princípio, ela e seus pais acharam que o problema era devido a muitas horas digitando no computador. Após consulta com um ortopedista, o médico descartou qualquer tipo de lesão e orientou a família a procurar um neurologista.

O primeiro passo foi fazer uma ressonância magnética, que não permitiu "fechar" qualquer diagnóstico. Foram semanas atrás de um resultado para tentar identificar o problema. Enquanto isso, Bruna foi piorando e perdeu os movimentos

Depois de seis meses, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla e chegou a ouvir dos médicos que nunca poderia ser mãe, que talvez precisasse interromper os estudos e que teria uma expectativa de vida baixa. "Antes de descobrirem o problema, um médico chegou a dizer para minha família que era frescura de adolescente", diz Bruna.

Esclerose 2 - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Quando tinha crises fortes, ela perdia o equilíbrio, sentia formigamentos por quase 24 horas e até perdia da visão por alguns dias. Só voltava a enxergar normalmente depois de vários dias usando corticoides. Nessa fase, chegou a entrar em depressão e dependia dos pais para fazer tudo. Foram meses no hospital sem saber o que a doença poderia ocasionar. "Pensava que nunca iria poder trabalhar. Que jamais faria uma faculdade ou terminaria meus estudos".

Mesmo tendo um prognóstico bem pessimista, ela não deixou de acreditar nos tratamentos e começou a usar os remédios específicos para o problema. Além disso, fez uso de pulsoterapia, tratamento com altíssimas doses de corticoide durante cinco dias para combater a inflamação no organismo.

Depois de um tempo, a gaúcha descobriu que sua esclerose múltipla era do tipo remitente recorrente. Nesses casos, normalmente, o paciente consegue recuperar os movimentos em até 100%. Isso começou a acontecer aos poucos e, em 2010, ela já estava andando de bengala. Depois, em 2015 estava praticamente livre de todos os sintomas e não apresentava mais nenhum tipo de crise.

Bruna se casou e conseguiu engravidar

Esclerose 3 - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Em 2009, Bruna resolveu fazer um blog sobre a doença, com objetivo de levar esperança às pessoas que recebem o diagnóstico de esclerose múltipla.

Depois de alguns anos escrevendo sobre o tema, conheceu seu atual marido, que também sofria com esclerose múltipla.

Na época, ele buscava mais informações sobre a condição, já que havia pouco conteúdo publicado na internet e grande parte mostrava histórias com finais sempre pessimistas. Além disso, os médicos também não se mostravam animados com a doença.

Esclerose 4 - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Ao receber uma mensagem dele, os dois começaram a conversar, namorar, casaram e, em 2016, tiveram seu primeiro filho. "Eu parei a pílula em março e em abril eu já havia engravidado. Ninguém acreditava, foi lindo", finaliza Bruna.


COVID-19 e pessoas com EM

 

Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla quer prioridade na vacina


Os doentes com esclerose múltipla querem ser incluídos nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid.

Alexandre Guedes da Silva, da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, defende que estes doentes devem ser considerados prioritários e acredita que ainda haja alterações na classificação dos grupo de risco.

Conselho COVID-19 global para pessoas com EM

COVID-19 é uma nova doença que pode afetar seus pulmões, vias respiratórias e
outros órgãos. É causada por um novo coronavírus (denominado SARS-CoV-2) que se
espalhou pelo mundo.
O conselho abaixo foi desenvolvido por neurologistas de MS * e especialistas em
pesquisa de organizações membros de MSIF **. É baseado nas evidências emergentes
de como o COVID-19 afeta as pessoas com esclerose múltipla (EM) e na opinião de
especialistas. Este conselho será revisado e atualizado à medida que mais evidências
sobre COVID-19 forem disponibilizadas.

 

Conselhos para pessoas com EM

As evidências atuais mostram que simplesmente ter EM não aumenta a probabilidade
de você desenvolver COVID-19 ou ficar gravemente doente ou morrer devido à
infecção do que a população em geral.
No entanto, os seguintes grupos de pessoas com EM são mais suscetíveis a um caso
grave de COVID-19:

●Pessoas com EM progressiva
● Pessoas com EM com mais de 60 anos
● Homens com EM
● Negros com esclerose múltipla e possivelmente pessoas do sul da Ásia com esclerose
múltipla
● Pessoas com níveis mais altos de deficiência (por exemplo, uma pontuação EDSS de
6 ou mais, que se refere à necessidade de usar uma bengala)
● Pessoas com EM e obesidade, diabetes ou doenças do coração ou pulmões
● Pessoas que fazem uso dos medicamentos para sua EM (veja abaixo)
Todas as pessoas com EM são aconselhadas a seguir as diretrizes da Organização
Mundial da Saúde para reduzir o risco de infecção com COVID-19. Pessoas nos grupos
de alto risco devem prestar atenção especial a essas medidas. Recomendamos:
● Praticar o distanciamento social mantendo uma distância de pelo menos 1,5 metro
(6 pés) entre você e outras pessoas, para reduzir o risco de infecção quando elas
tossem, espirram ou falam. Isso é particularmente importante em ambientes internos,
mas também se aplica a ambientes externos.
● Tornar o uso de máscara uma parte normal de estar perto de outras pessoas e
certifique-se de que está usando-a corretamente, seguindo estas instruções
● Evitar ir a lugares lotados, especialmente dentro de casa. Onde isso não for possível,
certifique-se de usar uma máscara e praticar o distanciamento social.
● Lavar as mãos com frequência com água e sabão ou um gel à base de álcool (teor de
álcool 70% é considerado o mais eficaz)
● Evitar tocar seus olhos, nariz e boca, a menos que suas mãos estejam limpas

● Ao tossir e espirrar, cubra a boca e o nariz com um cotovelo ou lenço de papel
flexionado
● Limpe e desinfete as superfícies com frequência, especialmente aquelas que são
tocadas regularmente
● Conversar com seu médico sobre os planos ideais de atendimento, por meio de
consultas por vídeo ou visitas pessoais, quando necessário. Visitas a clínicas de saúde e
hospitais não devem ser evitadas se forem recomendadas com base em suas
necessidades de saúde atuais.
● Mantenha-se ativo e tente participar de atividades que irão melhorar sua saúde
mental e bem-estar. São incentivados exercícios físicos e atividades sociais que podem
ocorrer fora e com distanciamento social.
Vacine-se contra a gripe sazonal onde estiver disponível e incentive sua família a fazer
o mesmo Cuidadores e familiares que vivem com, ou visitam regularmente, uma
pessoa com EM em um dos grupos de maior risco também devem seguir essas
recomendações para reduzir a chance de trazer a infecção COVID-19 para dentro de
casa.

Conselhos sobre Tratamentos para a Esclerose Múltipla
Muitos tratamentos para a Esclerose Múltipla atuam suprimindo ou modificando o
sistema imunológico. Alguns medicamentos para Esclerose Múltipla podem aumentar
a probabilidade de desenvolver complicações com um COVID-19, mas esse risco
precisa ser equilibrado com os riscos de interromper ou atrasar o tratamento.
Recomendamos que as pessoas com EM continuem com o tratamento, a menos que
aconselhado a interromper pelo médico responsável pelo tratamento.
Pessoas que desenvolverem sintomas de COVID-19 ou teste positivo para infecção
devem discutir suas terapias de EM com seu provedor de cuidados de EM ou outro
profissional de saúde que esteja familiarizado com seus cuidados.
Antes de iniciar qualquer novo tratamento, as pessoas com EM devem discutir com
seu medico, qual terapia é a melhor escolha para suas circunstâncias individuais.
Esta decisão deve levar em consideração as seguintes informações:
● Curso e atividade da doença de EM
● Os riscos e benefícios normalmente associados a diferentes opções de tratamento
● Riscos adicionais relacionados ao COVID-19, como:
– A presença de outros fatores para um caso mais grave de COVID-19, como
idade avançada, obesidade, doença pulmonar ou cardiovascular preexistente, EM
progressiva, raça / etnia de maior risco etc., conforme listado acima
– O risco COVID-19 atual e futuro previsto na área local o Risco de exposição
ao COVID-19 devido ao estilo de vida, por exemplo, se eles são capazes de se isolar ou
estão trabalhando em um ambiente de alto risco
– Evidências emergentes sobre a potencial interação entre alguns
tratamentos e a gravidade do COVID-19

Evidências sobre o impacto dos tratamentos na gravidade do COVID-19

 

É improvável que os interferons e o acetato de glatirâmero tenham um impacto
negativo na gravidade do COVID-19. Existem algumas evidências preliminares de que
os interferons podem reduzir a necessidade de hospitalização devido ao COVID-19.
A evidência disponível sugere que as pessoas com EM que tomam fumarato de
dimetila, teriflunomida, fingolimode, siponimode e natalizumabe não apresentam risco
aumentado de sintomas mais graves de COVID-19.
Há algumas evidências de que as terapias que têm como alvo o CD20 – ocrelizumabe e
rituximabe – podem estar associadas a uma chance aumentada de ter uma forma mais
grave de COVID-19. No entanto, essas terapias ainda devem ser consideradas como
uma opção para o tratamento da EM durante a pandemia. Pessoas com EM que os
estão tomando (ou ofatumumabe e ublituximabe que atuam da mesma forma) devem
estar particularmente vigilantes em relação ao conselho acima para reduzir o risco de
infecção.
Mais dados sobre o uso de alemtuzumab e cladribina durante a pandemia de COVID-
19 são necessários para fazer qualquer avaliação de sua segurança. Pessoas com EM
que estão atualmente tomando essas medicações e vivem em uma comunidade com
um surto de COVID-19 devem discutir suas contagens atuais de linfócitos com seu
médico. (Os linfócitos são um tipo de glóbulo branco que ajuda a proteger o corpo
contra infecções). Se a contagem for considerada baixa, eles devem isolar o máximo
possível para reduzir o risco.
As recomendações sobre o adiamento da segunda ou mais doses de alemtuzumabe,
cladribina, ocrelizumabe e rituximabe devido ao surto de COVID-19 diferem entre os
países. Pessoas que tomam esses medicamentos e estão com a próxima dose devem
consultar seu médico sobre os riscos e benefícios de adiar o tratamento. As pessoas
são fortemente encorajadas a não interromper o tratamento sem o conselho de seu
médico.

Buscar aconselhamento médico para recaídas e outros problemas de saúde

 

Pessoas com EM ainda devem procurar orientação médica se sentirem alterações em
sua saúde que possam sugerir uma recaída ou outro problema subjacente, como uma
infecção. Isso pode ser feito usando alternativas às visitas clínicas pessoais (como
consultas por telefone ou vídeo) se a opção estiver disponível. Em muitos casos, é
possível gerenciar as recaídas em casa.
O uso de esteróides para o tratamento de recaídas deve ser cuidadosamente
considerado e usado apenas para recaídas graves. Há algumas evidências de que o
recebimento de esteróides em altas doses no mês anterior à contratação de COVID-19
aumenta o risco de uma infecção mais grave que requer uma visita ao hospital.
Sempre que possível, a decisão deve ser tomada por um neurologista com experiência
no tratamento de EM. Pessoas que recebem tratamento com esteroides para uma
recaída devem ser extremamente vigilantes e podem considerar o auto-isolamento
por pelo menos um mês para reduzir o risco de COVID-19.
Pessoas com EM devem continuar participando das atividades de reabilitação e
permanecerem ativas tanto quanto possível durante a pandemia. Isso pode ser feito
por meio de sessões remotas, quando disponíveis, ou em clínicas, desde que as
instalações tomem precauções de segurança para limitar a disseminação do COVID-19.
Pessoas com preocupações sobre sua saúde mental devem procurar aconselhamento
de seu profissional de saúde.

 

Vacina da gripe

A vacina contra a gripe é segura e recomendada para pessoas com EM. Para os países
que estão entrando na temporada de gripe, recomendamos que as pessoas com EM
recebam a vacina contra a gripe sazonal, quando disponível.

Vacina SARS-CoV-2

No momento, não há informações suficientes disponíveis para comentar sobre como
as diferentes vacinas contra a SARS-CoV-2 em desenvolvimento interagiriam com a EM
ou com as terapias modificadoras da doença para a EM. Conselhos serão incluídos em
uma versão atualizada desta declaração assim que estiverem disponíveis.

Conselhos para crianças ou mulheres grávidas com EM

No momento, não há conselhos específicos para mulheres grávidas com EM. Há
informações gerais sobre COVID-19 e gravidez da Organização Mundial de Saúde. Não
há conselhos específicos para crianças com EM; eles devem seguir os conselhos acima
para pessoas com EM.

Esta declaração foi acordada pela primeira vez em 13 de março de 2020. As últimas
revisões foram acordadas em 21 de outubro de 2020
Os seguintes indivíduos foram consultados no desenvolvimento deste conselho:

 

*MS neurologists and specialists
Professor Brenda Banwell, Chair of MSIF’s International Medical and Scientific Advisory
Board (IMSB) – University of Pennsylvania, USA
Professor Simon Broadley – Griffith University and Gold Coast Hospital, Queensland,
Australia

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021



Oleaginosas: O que são, Benefícios e Lista completa de fontes
Veja a quantidade recomendada de consumo das oleaginosas, os tipos, as principais fontes e todos os benefícios que elas proporcionam para saúde.





Nossos alimentos são riquíssimos e se soubermos aproveita-los poderemos extrair o máximo de seus benefícios.

Contudo muitas informações ficam ocultas aos leitores e curiosos que buscam alternativas naturais para viver uma vida mais saudável e quem saber se livrar pelo menos um pouco dos medicamentos e drogas farmacêuticas.

Vamos saber mais sobre as oleaginosas e que benefícios podem nos trazer a curto e logo prazo?


O que é Oleaginosa?


As sementes oleaginosas são plantas cultivadas especificamente para suas sementes ou frutas com alto teor de gordura.



As sementes oleaginosas são frutas ricas em ácidos graxos e pobres em água, algumas das quais podem ser extraídas com óleo.

Não deve ser confundido com oleaginosas, como sementes de girassol ou linhaça. Na prática, os frutos oleaginosos são naturalmente frutos secos, incluem: amêndoas, nozes (castanha de caju, nozes, macadâmia…), avelãs, pinhões e pistácios.

Não é por acaso que a palavra “oleaginosa” vem do latim oleum, que significa “óleo”: as sementes oleaginosas são alimentos vegetais dos quais o óleo é extraído.

Isso é inegável: sementes oleaginosas são alimentos calóricos devido ao seu alto teor de gordura.

No entanto, considerar os alimentos do ponto de vista das calorias é simplista demais, mesmo quando se tenta perder peso.

O importante é manter uma visão global estudando também as densidades nutricionais e os índices de saciedade de cada alimento.
Melhores fontes de Oleaginosas

Frutas Oleaginosas
Nozes




As nozes são das oleaginosas que mais fornecem omega- 3 e omega-6! Além de ajudarem a diminuir o colesterol ruim, contribuem para o controle da pressão arterial.

Uma unidade de nozes possui em média 34 calorias e pode ser consumida ao longo do dia ou antes de dormir para quem visa hipertrofia.
A castanha de caju:



Este fruto do cajueiro é uma das melhores castanhas. É rico em vitaminas e minerais e tem vários efeitos benéficos na saúde (prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes…)
Pistache ou Pistácios:



O Pistache é rico em proteínas, e pode ter um efeito benéfico sobre os níveis de colesterol. Devemos comer cerca de 30 gramas diária dessa oleaginosas.
Amêndoas:


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Conhecidos por reduzir o colesterol ruim, amêndoas também contêm muitos minerais e pode, em particular, ser dividido em leite de amêndoa para substituir o leite de vaca.
Avelã:



A sua gordura monoinsaturada tem efeitos benéficos sobre o sistema cardiovascular. Além disso, as avelãs têm um forte antioxidante.
Noz pecã ou pecan:



Esta fruta também é cheia de benefícios, sendo um excelente antioxidante e contém uma boa quantidade de zinco, cobre e manganês.
Macadâmia:



Seus ácidos graxos monoinsaturados ajudam a combater o colesterol ruim.
Sementes Oleaginosas
A semente de papoila:

Elas contêm grande quantidade de proteína (cerca de 20 g por 100 g), estas pequenas sementes reduzir o risco de doença cardiovascular devido ao seu conteúdo de gorduras boas.

A semente de abóbora:


Utilizado especialmente para os seus efeitos benéficos contra os problemas da bexiga, sementes de abóbora é reconhecido pelos seus efeitos diuréticos. Conheça o suplemento de óleo de semente de abóbora, ótimo para incluir na dieta.
A semente de girassol:

Rico em vitamina E antioxidante, sementes de girassol também têm efeitos benéficos contra o colesterol.
A linhaça:

A linhaça tem muitos benefícios, incluindo contra a hipertensão e constipação. Veja todos os benefícios da linhaça e quantidade recomendada.
A semente de gergelim:

Para muitas propriedades alimentares, mas também terapêutico, especialmente ao nível cardiovascular.
Quais são os Benefícios?

1. As sementes oleaginosas são uma fonte de nutrientes

Sementes e nozes têm bom valor nutricional e completo de vitaminas B têm um papel essencial na conversão de hidratos de carbono, bem como as vitaminas E, que têm efeitos antioxidantes.

Além dessas vitaminas, as sementes oleaginosas contêm muitos minerais, como magnésio, ferro, potássio, fósforo e cálcio.

2. São Ricas em Fibras

As sementes oleaginosas, especialmente as sementes de chia (cerca de 34 g por 100 g) e o linho (cerca de 26 g por 100 g) são uma fonte muito boa de fibra .

A fibra é essencial para o trânsito intestinal adequado e boa digestão.

3. Ótima fonte de Proteína Vegetal

Sementes oleaginosas e oleaginosas são uma excelente fonte de proteína vegetal. O amendoim, por exemplo, contém cerca de 26 g de proteína por 100 g. Por isso também uma excelente fonte para estar presente na dieta.

As sementes de frutas e oleaginosas são, portanto, uma boa maneira de substituir a carne na dieta dos insumos proteicos.

4. Fonte de Gorduras Boas

Seus altos níveis de ácidos graxos monoinsaturados e ácidos graxos poli-insaturados os tornam aliados muito bons contra o colesterol, ajudando a manter um bom colesterol enquanto reduzem os níveis de colesterol ruim.

5. Aliada no emagrecimento e ganho de massa muscular

Por serem ricas e fibras como dissemos, e possuírem as famosas “gorduras boas”, as oleaginosas promovem saciedade, evitando que você coma besteiras entre as refeições e ainda mantem os hormônios “regulados”, além de auxiliar na hipertrofia, ajuda também a emagrecer.

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Qual o consumo recomendado por dia?

As sementes oleaginosas certamente têm muitos efeitos benéficos sobre a saúde, não abusam e uma mistura de cerca de 30 a 40 g por dia será suficiente para fornecer ao seu corpo o que ele precisa, sem excesso.

Para praticantes de musculação que visam hipertrofia ou até emagrecimento, o consumo pode chegar a 50g ou conforme orientação de um nutricionista.



Equipe Treino Mestre

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