Esclerose Sistémica
A Esclerodermia ou Esclerose Sistémica é uma doença autoimune que pertence ao grupo das doenças raras. Sem causa conhecida, apresenta um quadro clínico muito variável, podendo atingir além da pele outros órgãos e sistemas. As alterações vasculares e o endurecimento da pele são os principais sintomas. Sílvia Teixeira foi diagnosticada aos 38 anos de idade. “As capacidades físicas já não são as mesmas, certos movimentos deixam de ser fáceis ou até impossíveis”, revela.
Trata-se de uma doença reumática crónica caracterizada por alterações vasculares, produção de anticorpos dirigidos ao próprio organismo e aumento da i de tecido fibroso quer na pele, quer em órgãos internos. Na Esclerose Sistémica “para além da pele, dos vasos periféricos e do tubo digestivo, os pulmões, o coração e os rins também são frequentemente envolvidos”, começa por explicar Isabel Almeida, especialista em Medicina Interna no Hospital de Santo António.
Embora as suas causas ainda sejam desconhecidas, “as alterações vasculares, a acumulação de colagénio e a ativação do sistema imune são consideradas as principais características da doença”. As infeções víricas ou bacterianas, irritantes do meio ambiente “como o tabaco” e a hiperlipidemia são alguns dos fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento.
Por outro lado, e à semelhança do que acontece com a maioria das doenças autoimunes, as Esclerose Sistémica atinge sobretudo o sexo feminino, pressupondo-se, deste modo, que o ambiente hormonal é um dos “fatores contributivos” ao seu desenvolvimento, “principalmente em mulheres após a menopausa”.
De acordo com a especialista, “as características clínicas são heterogéneas e a sua evolução é variável”.
“A esclerose, ou endurecimento, da pele é um sinal cardinal da doença, permitindo distinguir dois subtipos de acordo com a sua extensão: o limitado e o difuso”, esclarece.
O Fenómeno de Raynaud, que se caracteriza por uma descoloração das extremidades e, nos casos mais graves, por úlceras que demoram a sarar, “é observado em mais de 90% dos casos, sendo frequentemente o primeiro sinal da doença. As feridas nos dedos atingem cerca de metade do número total de casos.
“O atingimento gastrointestinal também afeta 90% dos doentes, sendo a sua extensão e gravidade variáveis. Apesar de todo o tubo digestivo poder estar envolvido, o esófago é o órgão mais atingido e associa-se à presença de pirose (azia) e alterações da deglutição”, acrescenta Isabel Almeida.
O diagnóstico é feito com base num exame físico rigoroso com “valorização dos sintomas e sinais referidos pelos doentes e no exame realizado pelo médico”.
Em fase muito precoce pode ser necessária a realização de exames auxiliares de diagnóstico para confirmar a suspeita da doença.
Tratamento alivia sintomas e evita progressão da doença
O tratamento para a Esclerose Sistémica baseia-se, essencialmente, “em medicamentos dirigidos aos vasos, como é o caso dos vasodilatores em doentes com Fenómeno de Raynaud; e às alterações imunológicas ou inflamatórias existentes nos diferentes órgãos, como os imunossupressores no caso de atingimento pulmonar intersticial”.
Por outro lado, a especialista adianta que os transplantes de medula óssea e pulmonar, indicados em casos muito específicos, têm vindo a ser cada vez mais utilizados.
Em fase de teste, os medicamentos usados para diminuir a fibrose (“por deposição excessiva de colagénio nos tecidos) apresentam-se como uma nova solução para alguns destes casos.
No que diz respeito à evolução da doença, esta depende essencialmente do subtipo acometido, sendo muito variável.
“As complicações mais frequentes relacionam-se com o atingimento vascular grave (aparecimento de úlceras nos dedos), gastrointestinal (azia, dificuldade em engolir) e pulmonar”, onde se destaca a dispneia ou falta de ar e o cansaço.
No entanto, o impacto desta doença vai para além das dificuldades físicas e dependem, claro está, do atingimento orgânico da patologia. “A existência de um Fenómeno de Raynaud grave, com úlceras digitais, pode impedir o doente de realizar tarefas tão simples como apertar um botão da camisa”, explica a especialista. Já um doente com dispneia (falta de ar) pode não conseguir ou ter bastante dificuldade em realizar tarefas da vida diária como vestir-se ou tomar banho.
“Para além da limitação física, a modificação da aparência pode alterar a autoestima dos doentes e condicionar a vida de relação a nível familiar, laboral ou social”,
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